Pela segunda vez em toda a história, um filme que não foi produzido em Hollywood e que se fala originalmente em mandarim figura na lista das 10 maiores bilheterias internacionais do ano. A produção que conseguiu esse feito em 2019 foi o desenho “Ne Zha”, rodado na China, que faturou US$ 700,5 milhões (R$ 2,84 bilhões) com a venda de ingressos desde seu lançamento, em julho, e com isso conseguiu entrar no ranking dos “mais mais”, ainda que na lanterninha, na décima posição.
Antes disso, apenas outro longa não-americano – “Lobo Guerreiro 2”, também chinês – havia chegado lá, com seus US$ US$ 870,3 milhões (R$ 3,53 bilhões) faturados mundo afora em 2017, ano em que foi o sétimo filme mais assistido em todo o planeta. Mas há um porém. No caso da ação “Lobo…”, tanto o elenco quanto a equipe de produção não são cem por cento compostos por profissionais chineses, como é o caso de “Ne Zha”, que tem cara e personagens feitos sob medida para seu país de origem.
O fato chama atenção por alguns motivos. Um deles é que a indústria cinematográfica chinesa, que desde 2016 é a maior do mundo em número de produções lançadas e de ingressos vendidos, também está ameaçando cada vez mais a americana naquilo que realmente preocupa os hollywoodianos: o bolso. Em 2018, por exemplo, os filmes americanos faturaram US$ 11,08 bilhões (R$ 45 bilhões) nas bilheterias internacionais, cuja vice-liderança ficou com os chineses, com US$ 9,15 bilhões (R$ 37,1 bilhões).
A previsão é que a inevitável dança das cadeiras nesse sentido – em razão de suas diferentes populações, a China em um momento ou outro iria ultrapassar os EUA – aconteça só de 2020 pra frente. Mas há quem acredite que depois do fim desse ano, quando as contas em ambos os países forem fechadas, os conterrâneos de Xi Jinping poderão olhar os de Donald Trump pelo retrovisor, o que certamente será visto como uma humilhação pela turma desse último.
Trump nunca foi fã de Hollywood, onde sempre foi visto como piada (e continua sendo). Mas o republicano é um nacionalista nato e preza pelo domínio americano em todos os setores, ainda mais agora que já está em pré-campanha pela reeleição e em pé de guerra com seu inimigo número um: justamente a China. E ver um filme chinês fazendo tanto sucesso, inclusive cultural, já que “Ne Zha” agradou não somente o público mas também a crítica e tem chances de ser indicado ao Oscar, definitivamente é algo que não o agrada.
O próximo capítulo nessa disputa entre as duas maiores potências econômicas do mundo deverá ser emocionante e, quem sabe, um dia até renda um longa. Enquanto isso não acontece, Glamurama lista abaixo os 10 campeões das bilheterias em 2019 e suas respectivas rendas globais… (Por Anderson Antunes)
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#1 “Vingadores: Ultimato” – US$ 2,8 bilhões (R$ 11,4 bilhões)
#2 “O Rei Leão” – US$ 1,66 bilhão (R$ 6,74 bilhões)
#3 “Homem-Aranha: Longe de Casa” – US$ 1,131 bilhão (R$ 4,59 bilhões)
#4 “Capitã Marvel” – US$ 1,128 bilhão (R$ 4,58 bilhões)
#5 “Toy Story 4” – US$ 1,07 bilhão (R$ 4,34 bilhões)
#6 “Coringa” – US$ 1,06 bilhão (R$ 4,30 bilhões)
#7 “Aladdin” – US$ 1,05 bilhão (R$ 4,26 bilhões)
#8 “Frozen II” – US$ 1,04 bilhão (R$ 4,22 bilhões)
#9 “Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw” – US$ 758,9 milhões (R$ 3,08 bilhões)
#10 “Ne Zha” – US$ 700,5 milhões (R$ 2,84 bilhões)
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