Depois de ganhar o Brasil com o primeiro CD, “Vai Passar Mal”, Pabllo Vittar acaba de dar um passo adiante na consolidação de sua carreira com o lançamento de “Não Para Não”. O álbum reúne 10 músicas num total de 27 minutos de duração e foi pensando para todo mundo se jogar na pista, com direito à “música para chorar pelo boy lixo”. Mesclando ritmos como afrobeat, forró e eletropagode baiano, Pabllo quer ferver com a canção “Buzina” e mexer com os apaixonados em “Disk Me”, música que teve 23 arranjos diferentes em letra que mostra certa indignação com o affair: “Que coragem você tem de me ligar às 4 da manhã pra me falar de amor… o que você tomou?” O hit acaba de ganhar clipe e já ultrapassou a marca de 7 milhões de views contra 65 mil deslikes em um movimento contrário ao seu posicionamento ideológico e político. Ah! E tem até tiração de sarro com quem acha que aprendeu espanhol assistindo a série “Rebelde”com a música “No hablo español”.
Em plena segunda-feira, Glamurama bateu um papo com ela. O corpão, que segue em forma, não entrou em pauta dessa vez, mas a busca de Pabllo por um tom mais grave da voz, nítido em “Seu Crime”, assim como o motivo dela não levar temas políticos às suas músicas e como lida com os ataques que tem sido vítima com mais frequência nos últimos tempos.
Glamurama: Você aposta muito nas misturas de ritmos brasileiros e latinos neste novo disco. Como tem sido a repercussão?
Pabllo Vittar: “Estou muito feliz com a repercussão, não tinha imaginado que o público curtiria tanto assim. Trabalhamos durante um ano nesse disco e quando a gente faz algo com tanto amor, não tem como ser diferente. Só tenho a agradecer.”
Glamurama: Essa mistura de ritmos está ligada a um investimento na carreira internacional?
Pabllo Vittar: “Não está! Nesse álbum eu quis trazer toda essa exaltação da música brasileira que ficou um tempo esquecida. Com ‘Passa Mal’, meus fãs lembraram de vários ritmos incríveis, por isso que no disco recuperei o que ouço desde pequenininha, da época em que morava no Pará e no Maranhão, com uma pitada pop.”
Glamurama: Em “Seu crime” você revela um timbre mais grave, ainda desconhecido do grande público. Por que decidiu apresentar essa variação vocal?
Pabllo Vittar: “No primeiro álbum estou com uma voz mais aguda, tom mais estridente que amo também. Agora quisemos trabalhar essa região mais grave da minha voz. Tenho trabalhado muito meu timbre, descoberto facetas que não sabia que tinha.”
Glamurama: Além da música, sua imagem também levantou uma bandeira muito importante contra a homofobia e trouxe representatividade, mas suas letras não são de protesto. Tem a intenção de escrever algo político?
Pabllo Vittar: “Tenho muita vontade de falar sobre tudo o que eu penso na música, mas a minha imagem já é tão política: uma Drag Queen no palco em um país que está vivendo esse retrocesso medonho, em tempos tão escuros para a comunidade LGBT. Quando a gente se coloca ali já é uma forma de mostrar resistência e quando estou no show não quero saber a orientação sexual do fulano, quero curtir e acho que o ‘rolê’ da música é esse, unir as pessoas.”
Glamurama: Você foi alvo de ataque de eleitores de alguns candidatos à presidência, que se mostraram contra o clipe de “Disk Me”. O que tem a dizer para eles?
Pabllo Vittar: “Nem sei o que dizer porque só estou o meu trabalho. Essas pessoas precisam ter mais amor no coração, refletirem, pararem de falar e escutarem para verem o mal que estão plantando. Não quero nada de ruim para nenhuma delas, só tenho coisas boas para desejar, mas fico muito triste.”
Glamurama: Esses ataques cresceram nos últimos tempos? Como combatê-los?
Pabllo Vittar: “Sim, por conta das eleições. As pessoas atacam muito a gente, mas não bloqueio porque estou mais preocupada em fazer o meu rolê. Estou cercada por quem me ama. Tive que trabalhar isso na minha cabeça porque já sofri muito com comentários na internet. Hoje em dia não ligo mesmo, recebo várias mensagens de amor o dia inteiro, e o que mais me deixa feliz é deixar os outros alegres e ajudar com que sejam o que são de verdade. Não tem porque ir na página de alguém que não goste para fazer um comentário de ódio. Foco na minha vida.”
Glamurama: Quais as suas perspectivas para o Brasil diante deste cenário político?
Pabllo Vittar: “Sou uma pessoa muito positiva, sempre vou pensar o melhor, ainda temos uma chance de virar esse jogo. Tenho falado para os meus fãs: ‘Se nós, que acreditamos em um ideal para o país melhorar, sem transfobia, racismo, feminicídio, nos juntarmos e votarmos certo, podemos fazer a diferença.’ Essa onda de ódio tem que parar, e o que penso é que o amor sempre vai vencê-lo. O que nós artistas podemos fazer, é usar nossa visibilidade para deixar as situações mais claras para a população e para quem nos segue.”
Glamurama: Você tem muitas conquistas, como ter emplacado o hit “Sua Cara” entre os top 100 globais e ter sido a primeira Drag Queen indicada ao Grammy. O que mais quer conquistar?
Pabllo Vittar: “Estou muito feliz com o lançamento do meu álbum e a intenção hoje é viver. Me realizo em todos os momentos, só de estar no palco sendo Pabllo Vittar já me realizo.”
Glamurama: Quais são seus projetos futuros?
Pabllo Vittar: “Vou trabalhar no segundo single, ‘Disk Me’, que já está com mais de 7 milhões de views, e vou começar, em novembro, minha nova turnê. Vou rodar pelo Brasil inteiro. A demanda é grande, mas vou me preparar.”
Glamurama: O que podemos esperar da nova turnê?
Pabllo Vittar: “Uma Pabllo Vittar que vocês nunca viram, com efeitos especiais. Vamos levar a magia dos clipes para o palco. As pessoas vão gostar muito. Flavio Verne está fazendo as coreografias e Victor Miranda o figurino, que vai contar com looks que vão se transformar durante o show.” (Por Julia Moura)
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