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Por Verrô Campos

Cauã Reymond estreia nas telonas em março com o filme “Alemão”, como Playboy, personagem fictício que é traficante do Complexo do Alemão na trama. Enquanto gravava no Projac “O Caçador”, nova série da Globo, na qual vive um policial expulso da corporação por um crime que não cometeu, o ator conversou com Glamurama por telefone para falar do novo filme. Na entrevista: violência no Rio de Janeiro, tráfico e até uma crítica à falta de estofo da juventude e o culto às celebridades.

Você lembra o que estava fazendo no dia 26 de novembro de 2010, quando aconteceu a invasão pela polícia do Complexo do Alemão? Eu fui a uma entrevista no estúdio do RJ TV, na Globo, e foi uma coincidência, porque na entrevista anterior ao jornal, quando cheguei lá, tinha caído o avião da Air France. Depois, naquele dia, invadiram o Complexo do Alemão. Agora, quando fui por conta de “Amores Roubados”,  já cheguei dizendo: “Espero que não aconteça nada hoje”. E não aconteceu.

E qual foi a sua reação? Eu achei bom, fiquei por ali, vendo tudo acontecendo, estava curioso. O tráfico não acabou, mas houve uma mudança de conduta, pela mudança de conduta da própria polícia e da Secretaria de Segurança Púbica, com as UPPs. Tanto que foi tranquilo filmar “Alemão”, não houve qualquer tipo de conflito. A coisa não está mais tão à vista.

Depois disso, como foi receber o roteiro do filme “Alemão”? Eu me lembro que estava acabando “Avenida Brasil” e não estava conseguindo fazer cinema. Fiquei muito feliz. No primeiro momento, me convidaram para ser um dos policiais, mas como eu já ia ser um policial na série “O Caçador”, que estou gravando agora no Projac, sugeri que eu fizesse o bandido e eles toparam.

Você prefere ser o bandido ou o mocinho? Fiz alguns personagens ambíguos e outros mocinhos. O Playboy de “Alemão” foi o meu primeiro antagonista da história, gostei de fazer.

Alguns dos traficantes célebres lhe inspiraram para o papel? Li o  “Abusado” ( livro de Caco Barcellos), que conta a história de Marcinho VP, mas gostei muito da história do Nem, da Rocinha. Ele e o Pezão, que  cuidava do tráfico no Alemão, me inspiraram bastante. Li muito sobre os traficantes, o que me trouxe um lado mais humano deles. Isso sempre acontece, quando fiz um gay mudei muito a minha postura em relação ao assunto – e olha que já convivi muito com gays no mundo da moda e também na casa de minha mãe, com os amigos dela. A história do Nem me impactou muito, ele era um contador que pediu dinheiro ao tráfico para pagar a operação de sua filha, que tinha um problema de saúde. Aí o tráfico disse que dava o dinheiro, contanto que ele cuidasse de toda a operação contábil do crime. Junto com todas essas histórias construí essa estrutura do personagem, tenho um caderninho desse cara e até ensaiamos cenas que não entrariam no filme para montar essa estrutura.

Você assistiu aos filmes que concorrem ao Oscar? Tem alguma aposta? Não consegui assistir ainda. O último filme que vi foi o “Bling Ring”, da Sofia Coppola. Não gostei tanto do filme, mas gostei do assunto, essa história da juventude apaixonada por marcas e do culto às celebridades, sem qualquer estofo. Acho que as redes sociais têm muito a ver com isso, e me preocupa essa situação da juventude hoje.

Está dado o recado, glamurette?

 

 

 

 

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