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Cássia Kis Magro gosta muito de ser atriz – mas não pretende se aposentar no palco. Viaja a Londres todo ano para se reciclar, sempre de primeira classe ou de executiva, e garante que vai fazer faculdade de história até os 70 anos

por Márcia Rocha   fotos André Brandão

“A Cássia é complexa, plural – não é uma pessoa singular. Tudo está dentro dela…” Foi com essas palavras que o diretor paulistano Ulysses Cruz definiu a atriz Cássia Kis Magro no “Arquivo Confidencial”, quadro do programa de Fausto Silva em que parentes e amigos do convidado dão depoimentos – geralmente emocionantes – sobre ele. O diretor captou com precisão e delicadeza a essência dessa atriz paulista de São Caetano do Sul que, virou, mexeu, aumenta a idade e diz que tem 60 anos – ela tem 56. “Em ‘O Rebu’ fiz um personagem que achei que nunca mais fosse fazer. Achei que nunca mais fosse dar beijo na boca em cena”, exagera ela, se referindo à advogada Gilda Rezende da novela da Rede Globo exibida de julho a setembro deste ano, que tinha cenas quentes com o personagem Bruno, vivido pelo ator Daniel de Oliveira. “Eu dizia para o Daniel: ‘Ó, vou fazer a Gilda e a Gilda vai te pegar!’”, lembra.

Cássia se orgulha do fato de não ter ficado presa a apenas um tipo de personagem. “Sou uma atriz de recursos, que consegue ir de norte a sul, disponível para fazer vários universos”, diz ela, que já conta 37 anos de carreira. Atualmente, Cássia está envolvida na composição da fotógrafa Olga, sua personagem na minissérie “Felizes para Sempre”, releitura de “Quem Ama Não Mata”, que tem estreia prevista para janeiro de 2015.

Curioso é pensar que, embora tenha nascido para o palco, ela nunca planejou seguir a carreira artística. “Nunca disse: ‘Vou ser atriz’. Tinha uma professora de literatura no colégio que era formada em artes dramáticas. Ela dava aula em cima da mesa. Era bárbaro!”, conta. Daí para o curso de teatro na Fundação das Artes, em São Caetano, foi um pulo. Nessa época Ulysses Cruz e ela se conheceram. “Quando vi, estava no Rio em um grupo de teatro e ganhando dinheiro”, conta.

Cássia revela também que não escolhe os personagens que interpreta. “Nunca escolhi. Aceitei todos os convites que me fizeram. O que tem de fantástico nisso é a preparação. Assim que me convidam, começo a pesquisar e faço isso 24 horas por dia”, fala. Dedicada, diz que sempre pensa no público e, mesmo que a cena seja péssima, mal escrita, a transforma para passar alguma mensagem. “Preciso chegar a algum lugar, não faço nada por acaso.” Cássia leva a carreira tão a sério que, uma vez por ano, vai a Londres, a meca mundial do teatro – “eles têm Shakespeare!” – para se reciclar. “Lá, meu marido e eu vamos ao teatro todo dia. Uma vez, o Jeremy Irons se sentou ao nosso lado.”

Desde que se casou com o psicanalista João Baptista Magro Filho, em 2009, Cássia mudou o sobrenome. Na época, aproveitou para voltar ao Kis da certidão de nascimento. “Sou a única da família que tem o Kis escrito com um s só”, revela.

Mesmo gostando muito do que faz, a atriz garante que sua vida não é o trabalho. “Tem gente que não tem planos de parar, que quer morrer no palco. Eu, não”, conta. De uns anos para cá, ela se permite um luxo toda vez que viaja: só vai de primeira classe ou de executiva. “Considero que estou viajando assim que coloco o pé fora de casa e conforto faz parte dessa experiência.” Prometeu para si mesma que vai fazer faculdade de história até os 70 anos. Se não fosse atriz, gostaria de ter sido cantora – “a Maria Callas” – ou professora, porque adora aprender e ensinar.

Quando tinha 18 anos, ganhou um cartão-postal de Ulysses Cruz. Nele, estava escrito: “Cássia, um dia você vai ser grande. Grande como Cacilda Becker, como Glauce Rocha, como Fernanda Montenegro”. Sábias palavras.

styling Luna Nigro
beleza Jô Castro (CapaMGT)

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