Os recentes escândalos sexuais envolvendo figurões do showbiz como Harvey Weinstein e Kevin Spacey forçaram alguns dos maiores escritórios de advocacia que prestam serviços para a turma de Hollywood a ressuscitarem certas cláusulas morais super rígidas que há anos não apareciam nos contratos firmados por lá, ao menos não com o afinco em que agora são vistas.
O objetivo é proteger os estúdios e distribuidores de eventuais polêmicas envolvendo seus artistas, que coloquem na berlinda os projetos nos quais eles trabalham. Traduzindo: quem pisar na bola a partir de agora não somente corre o risco de entrar na geladeira para sempre como ainda será obrigado a colocar a mão no bolso para indenizar os ex-patrões por eventuais constrangimentos.
Uma das empresas mais ativas dentro dessa mudança legal é a Netflix, que se viu obrigada a romper grandes parcerias com Spacey e com o comediante Louis C.K., entre outros, por causa de acusações de assédio. No caso do astro de “House of Cards”, o problema foi justamente que o contrato dele não incluía as tais cláusulas, enquanto C.K. gastou milhões para produzir especiais de stand-up que no fim acabaram sendo cancelados. O prejuízo da gigante do streaming chegou a US$ 39 milhões (R$ 127,8 milhões) no ano passado, de acordo com seu diretor financeiro, David Wells.
Bastante comuns no mundo esportivo, as cláusulas morais começaram a ser usadas na terra do cinema depois que uma mulher morreu em circunstâncias misteriosas na casa do ator Fatty Arbuckle, o “Tom Hanks da era dos filmes mudos”, em 1921. Nunca foi provado que Arbuckle teve culpa na tragédia, mas a Universal, que o empregava, não gostou de ver um de seus maiores nomes citado nas páginas policiais e decidiu fazer algo para evitar novos episódios desse tipo, ordenando uma revisão total do acordo multimilionário que mantinha com o artista para mantê-lo na linha em tempo integral. (Por Anderson Antunes)
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