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Caio Blat está no elenco de “Alemão” como um policial infiltrado, que tem sua identidade descoberta e fica em um porão acuado, com mais quatro parceiros  “xis noves”, cercado por bandidos dentro do complexo, momentos antes da invasão para a pacificação da área, no Rio. “Foi muito desagradável filmar. O espaço era pequeno e fedia. Mas tenho muito orgulho de ter participado.” Na vida real, ele é professor do projeto Nós do Morro, responsável pela formação de atores na favela do Vidigal. De lá saíram Thiago Martins, Babu Santana, Roberta Rodrigues… Aproveitamos o gancho para perguntar se  Caio, que tem a prova de que existem outros caminhos bem-sucedidos para jovens de comunidades, concorda com o argumento de que muitos entram para o tráfico por falta de opção. Conhecido por suas opiniões fortes e sem meias palavras, ele não fugiu da polêmica:

* “Não justifico as ações dos traficantes, mas não julgo. Passar uma infância inteira sofrendo exclusão causa um nível de revolta muito grande, que relativiza tudo. E por que droga é proibido? Quem é mais traficante: o dono da farmácia ou o garoto que vende maconha? Aprendi no Capão Redondo que cada um faz o que pode. O sistema é tão violento e corrupto quanto os bandidos”, disse o ator, que morou no Vidigal entre 2000 e 2001, época em que fez um espetáculo por lá, mas teve que sair porque a favela estava em guerra com a Rocinha. “Tinha muito tiroteio.”

* “O cinema do Alemão é o mais cheio do Brasil. Se você dá oportunidade pra essas pessoas… O Babu é um gênio. E me lembro dele, há alguns anos, me pedindo um troco emprestado para tirar seu DRT de ator. Na última vez que fui ao Festival de Berlim, ele estava com três filmes. Eu achava que a pacificação deveria ser primeiro social: saneamento, depois educação e arte. Quando pensavam que estava tudo maquiado e o governo reeleito, quiseram tirar ele à força.”  (Por Michelle Licory)

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