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Carmo Dalla Vecchia e Caco Ciocler em cena de "Caesar"
Carmo Dalla Vecchia e Caco Ciocler em cena de “Caesar” || Créditos: Lee Kyung Kim/ Divulgação
Carmo Dalla Vecchia e Caco Ciocler em cena de "Caesar" || Créditos: Lee Kyung Kim/ Divulgação
Carmo Dalla Vecchia e Caco Ciocler em cena de “Caesar” || Créditos: Lee Kyung Kim/ Divulgação

Caco Ciocer divide a cena com Carmo Dalla Vecchia em “Caesar”, de William Shakespeare, em cartaz no Espaço Sesc – Arena, em Copacabana, no Rio. Glamurama foi bater um papo com o ator sobre a relevância de montar a peça no momento político que vivemos no Brasil hoje. À entrevista! (por Michelle Licory)

“Dizendo hoje o oposto do que diziam ontem”

“Eu acredito que toda manifestação artística, por si só, já tenha uma grande importância dentro de qualquer realidade. Nesse caso particular, soma-se o fato da peça falar de política, do poder da palavra na política, de como os discursos podem ser flutuantes na política. Foi assistindo aos debates nas últimas eleições presidenciais, nos quais tivemos uma grande polarização social, e, principalmente, observando como diante do mesmo debate cada grupo enxergava seu candidato como vencedor óbvio que nosso diretor e adaptador Roberto Alvim teve a ideia de montar ‘Caesar’. Como era possível que diante do mesmo evento político as pessoas tivessem percepções tão opostas? Eram percepções reais ou torcidas disfarçadas em ideias? Como é possível que uma grande massa possa ser convencida com um discurso que não tem absolutamente nada de real? Existe o real em política? Como é possível que esses discursos políticos sejam tão flutuantes a ponto de a gente não saber mais quem disse o que e não estranharmos o fato de estarem dizendo hoje o oposto do que diziam ontem?”

“… podendo desembocar em movimentos históricos trágicos”

Na peça, Caco e Carmo se revezam nos papeis de Caesar, Marco Antonio, Brutus… Cada um dos dois interpreta todos eles, alternadamente. “O revezamento de personagens contribui para essa sensação de que na política pouco importa quem esteja falando, mas sim como cada um desses discursos reverbera e transforma-se em movimento político-social concreto. Na política, existe um revezamento de personagens que cumprem papeis nos movimentos e forças de transformação. Mas não se trata do drama pessoal de cada um desses personagens e sim de sua função no jogo político. A ideia é essa. A peça não trata do poder em si e nem de como ele pode corromper, mas sim do jogo político e suas regras. Não é um drama individual, não é sobre como determinado líder foi corrompido pelo poder, mas sim como diferentes percepções sobre um mesmo ato político podem ser usadas para convencer a opinião pública em benefício próprio, podendo desembocar em movimentos históricos trágicos”.

“Enterrado com seus ossos”

Perguntamos qual a frase preferida do ator no texto de Shakespeare. “‘O mal que os homens fazem vive depois deles. O bem é quase sempre enterrado com seus ossos. Seja assim com Caesar’. Frase dita por Marco Antonio em seu discurso diante do corpo de Caesar assassinado”.

* Em tempo: a gente aproveitou para saber os próximos passos profissionais de Caco. “Dia 9 de março estreio em São Paulo a peça ‘A Tragédia Latinoamericana e a Comédia Latinoamericana’, dentro da Mostra Internacional de Teatro, e depois ficamos em cartaz até abril. Em abril, começo a filmar ‘O Banquete’, novo filme de Daniela Thomas. No segundo semestre, estreiam três longas que fiz no ano passado e mais a série ‘Unidade Básica’ que protagonizei no canal Universal”. Nada mal…

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