Ao construir uma pequena cabana no terreno de sua família no interior, sem pretensão alguma, René Fernandes não imaginava que aquilo viraria seu esconderijo particular – hoje, mais do que necessário
Por Thayana Nunes para a Revista J.P
fotos Jade Gadotti
Nascido em São Paulo, René Fernandes sempre teve um pé na roça. Em suas melhores lembranças da infância estão os dias nas fazendas dos avós, tempo em que a única preocupação era andar a cavalo, passar a tarde nadando no rio ou inventando brincadeiras com os irmãos nos gramados e pomares. Mais tarde, quando descobriu sua vocação, foi também em meio à natureza que fez um de seus primeiros trabalhos como arquiteto: construir uma cabana no sítio da família no interior de São Paulo. O que ele não imaginava é que, anos depois, aquela mesma cabana que construiu recém-formado se tornaria seu refúgio pessoal, um oásis em meio ao verde e bem pertinho da capital, onde a cada fim de semana ele recarrega as energias.
Depois da morte do pai, René e seus irmãos herdaram o terreno do sítio da família. Na divisão, ficou para ele justo a parte que compreendia a cabana. E é ali, naquele canto, superpequenino comparado ao seu chalé vizinho, que ele se sente em casa. “Aqui tenho uma sensação de aconchego, de colo. Mesmo se estou sozinho, me sinto confortável. É clichê, mas é tão verdadeiro: venho aproveitar meu dolce far niente.”
Mas transformar o seu quinhão em seu universo particular de descanso e introspecção foi um longo processo. René se lembra do período em que ia todos os fins de semana para lá conversar com pedreiros e levar materiais de sobras de construções até tudo ficar do jeito que planejou para poder receber seus queridos.
Além da cabana, que fica perto de um lago, ele aproveitou para reformar o que havia ao redor. Construiu um caminho entre as árvores até a antiga cocheira, que passou a abrigar a cozinha e a sala de jantar. Ao lado, integrado por uma passagem supercharmosa, fica o chalé principal com dois quartos de hóspedes, um living e a vista bucólica para o sítio.
Na decoração, em todos os cantos estão móveis de família, como a cama de madeira que pertencia aos avós, e várias peças de antiquários e feirinhas – outra paixão de René é viajar o mundo buscando objetos para compor suas criações. “Aqui também é meu grande laboratório. Sempre estou dando um jeito de mudar as coisas de lugar”, conta.
Mas é do lado de fora que tudo acontece. Várias redes, que recebem a brisa calorosa do campo, e mesas, sempre palco de encontros que duram o dia todo, transformaram naturalmente o espaço em um centro de convivência. O clima rústico é completado pelas deliciosas comidas que saem do fogão a lenha. “Nossa cozinheira é maravilhosa”, brinca, quando perguntamos se é ele quem prepara os quitutes para seus convidados.
A piscina com pastilhas verdes e deque de madeira – cujos detalhes denunciam todo o esmero e expertise de seu dono e idealizador – foi a mais recente conquista do local – até então, natação, para ele, era ali no lago, como em seus tempos de infância… “Venho para cá relaxar, andar de bike, caminhar. E, mais importante, curtir o silêncio.” O silêncio e esse doce sabor, clima e atmosfera familiar.
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