Aos 27 anos, Bianca Barroca compartilha em seu perfil pessoal do Instagram seus aprendizados sobre seu corpo e sua relação com a própria imagem.
“Minha imagem reflete muito do que estou vivendo e sentindo naquele momento, é muito mais sobre quem eu estou, do que sobre quem eu sou.”
Sem conseguir se definir em uma só palavra, a caiçara de Peruíbe, litoral paulista, reforça que todos nós somos fluidos: “Minha imagem vai mudar porque eu estou em constante mudança também, é fato.”
Hoje em dia, a influencer em ascensão diz que se enxerga com muito mais gentileza e consegue aceitar-se como de fato é, e não deixa de compartilhar com seus seguidores que esta foi a maneira mais fácil que encontrou para seguir em frente e mirar em seus sonhos e objetivos.
Relação com o corpo
Bianca é vaidosa e conta que isso começou muito cedo por influencia de sua mãe. Além de brincar com maquiagem, a pequena Bianca participava de competições de dança nas quais maquiava as colegas.
“Maquiagem de palco tem que ser colorida, mais extravagante e expressiva, então eu me acostumei com esse tipo de maquiagem.” Confessa que no dia a dia usa pouquíssima maquiagem, um hidratante, um protetor solar e basta.
“Eu acho muito bom conseguir ver a maquiagem dessa forma, como uma forma de me expressar, como uma diversão e não como uma obrigação ou algo usado para corrigir alguma falha em meu rosto. A maquiagem, para mim, é uma aliada.”
Durante a pandemia, Bianca mudou o estilo do cabelo diversas vezes e conta que esta foi uma uma das formas que encontrou para lidar com o isolamento social. “Hoje em dia não faço mais tantas mudanças radicais, mas sou uma pessoa completamente desapegada com cabelo, não tenho medo de pintar e cortar”, diz ao GLMRM.
O primeiro passo para desapegar do cabelo foi justamente raspar a cabeça. Apesar do choque, afinal o cabelo era uma das coisas que mais achava bonita nela, ela resolveu abrir mão disso e lidar com a sua imagem.
“Foi um processo muito importante, hoje eu sei que minha beleza não está nisso, ela vai muito além. A principal função da minha existência não é procurar uma beleza ou agradar todo mundo, até porque isso é impossível.”
O início
Barroca começou a produzir conteúdo para o Instagram em 2018. O intuito era dividir o que tinha aprendido sobre seu corpo e sua relação com a sua imagem e saúde.
Com um objetivo muito bem definido desde o início, Bianca se preparou antes. “Fiz cursos, estudei sobre o mercado, defini como queria me apresentar e criar meu conteúdo e, com base nisso, comecei a fazer minhas postagens, a me expressar e a aprender a falar com a câmera.”
Hoje em dia, a blogueira tem o Instagram como plataforma aliada para falar com seu público e compartilhar opiniões.
Apesar de nadar contra a maré dos corpos e vidas perfeitas da redes sociais, Bianca faz questão de viver e mostrar quem ela é, de verdade: ” Modificar quem eu sou ou tentar ser outra pessoa é algo que não consigo fazer. Não só porque seria infiel a quem me segue, mas porque seria danoso para mim mesma.”
Por mais que tudo o que ela mostre no Instagram seja real, ressalta que faz questão de não mostrar toda sua realidade no Instagram: “Tento manter minha vida privada a mais discreta possível, escolhi não mostrar minha família, por exemplo. Tento manter algumas coisas só para mim, até porque são coisas sobre as quais não quero ouvir opinião e nem ser julgada.”
Luta antigordofobia
Muitas pautas têm evoluído por conta da facilidade ao acesso do público à informação e esse é um processo importante para que a sociedade avance em alguns assuntos e eles finalmente saiam das redes sociais para nossas vidas práticas.
Bianca relembra ao GLMRM de um vídeo que fez no começo da pandemia sobre um caso de gordofobia e que acabou viralizando. “Eu fiquei muito feliz, porque sinto que através desse vídeo consegui expressar o que eu realmente achava da situação e consegui passar a informação correta. E o resultado foi ver a luta antigordofobia chegar a lugares que eu não imaginava, estourou várias bolhas e muita gente percebeu que esse é um assunto urgente, que precisa ser discutido e falado, que não pode ser tratado como um tabu”.
Como nem tudo são flores, conforme se rompe uma bolha, você atinge um público distinto e se torna mais vulnerável ao ódio gratuito. Apesar de enfrentar momentos difíceis como criadora de conteúdo, Barroca fala que não aceita mais o abuso e o hater como se fosse algo natural.
“Não é normal uma pessoa pegar o celular dela e falar a bobagem que for sobre outro ser humano. Eu não sou obrigada a passar por esse tipo de situação abusiva e agir como se aquilo não me afetasse, sendo que me afeta e tem consequências.”
Essas situações serviram para que a produtora de conteúdo repensasse seu modo de se comunicar nas redes e até mesmo desenvolvesse barreiras para se proteger dos ataques que eventualmente recebe.
“Parte do meu trabalho é sim me comunicar com meu corpo, então mostrar que eu consigo ter uma vida plena vivendo com o meu corpo é parte da minha militância. E ao mesmo tempo, mostrar meu corpo é uma forma que as pessoas têm de me atacar. Esse foi um dilema muito forte que passei, mas que hoje em dia tenho lidado com muito mais leveza e calma – a maturidade uma hora vem e nos ajuda.”
Aprendizado
Sobre todo processo de aceitação e amor próprio, Bianca tira uma lição valiosa:
“Seja gentil com você mesma, tenha paciência. O processo de aceitação e amor próprio não é uma coisa que acontece de repente, não é uma evolução linear – isso não existe.”
Para ela, o amor próprio é algo que você faz todo dia por você mesma. Mais do que se olhar no espelho e conseguir dizer que você é maravilhosa, gostosa e perfeita, é se cuidar, fazer escolhas por você, pensar em si e colocar seus objetivos na frente de opressões, de pressão estética e, principalmente, na frente do que as pessoas imaginam que seria melhor para você.
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