Imagine um emprego no qual você precisa bater ponto por apenas alguns meses e, no fim desse período, ainda vai ter a chance de levar para casa um pagamento final de centenas de milhões de dólares? Pois esse “job” dos sonhos existe, ao menos para o bilionário Jan Koum, um dos fundadores do WhatsApp. No fim de abril, ele anunciou sua decisão de vender todas as ações que tem do Facebook – que comprou o aplicativo de mensagens em 2014 por US$ 19 bilhões (R$ 77,2 bilhões) – mas só poderá se desligar de vez da empresa depois de novembro, quando vence uma cláusula do contrato de venda registrado há quatro anos.
Pelo que foi combinado na época, Koum terá que continuar marcando presença nas reuniões de conselho do Face até o penúltimo mês desse ano, para garantir o recebimento de um último pacote de ações avaliado em US$ 450 milhões (R$ 1,83 bilhão). Caso descumpra isso, o membro do clube dos dez dígitos nascido em Kiev, na Ucrânia, perde a bolada.
Para não sair no prejuízo, Koum adotou uma prática que é conhecida como “resting and vesting” no Vale do Silício. Em tradução livre, significa basicamente ir trabalhar e ficar sem fazer nada até a hora de voltar pra casa em um “esforço” que geralmente envolve dinheiro.
No último dia 30, ele participou em silêncio de uma reunião no quartel-general do Facebook em Palo Alto, apenas para “ser visto” e ter seu nome registrado em ata. Koum, de 42 anos, brigou com o CEO Mark Zuckerberg quando este resolveu mudar o algoritmo da gigante das redes sociais para dar mais ênfase aos dados pessoais de usuários e atrair mais anunciantes, o que considerou como uma “invasão de privacidade” e razão pela qual optou por deixá-la. E ele fará isso com muito dinheiro na conta – US$ 9,1 bilhões (R$ 37 bilhões), pra ser exato – não incluídos aí os US$ 450 milhões que deverá embolsar em breve. (Por Anderson Antunes)