Por Manuela Almeida
Em seu showroom na Vila Olímpia, em São Paulo, Cris Barros apresentou nessa quarta-feira para um grupo pequeno de convidados a sua coleção inverno 2014. Inspiradas na Bauhaus – escola de artes alemã dos anos 20 e 30 –, no cabaret da Alemanha e no Dadaísmo, as novas peças misturam design geométrico com a sensualidade dos figurinos de Anita Berber e outras personagens das casas de dança da época. Glamurama marcou presença na apresentação e aproveitou para fazer uma entrevista com a estilista sobre suas apostas para a próxima estação e o que precisa ser mudado para a moda brasileira ganhar mais visibilidade internacional, entre outros assuntos fashion. Confira:
Quais são as apostas da sua coleção de inverno?
Jaquetas bombers, saias mídi, fenda e transparência, peças bicolores nos tons vermelho e vinho e tricolores com diferentes tonalidades de azul, bodies, alfaiataria clean e bem cortada, mas com pegada masculina, cintos e pulseiras de marfim, tartaruga e acrílico com design geométrico.
Você pratica moda sustentável?
Procuramos trabalhar com algodão e couro ecológico, mas a moda ainda não oferece tanta opção. No Brasil, chega tudo muito caro e em quantidade pequena.
E moda tecnológica? As marcas internacionais estão cada vez mais apostando em tecidos inovadores, inclusive, roupas com luzes de LED.
Eu acho que qualquer inovação em relação a técnicas de criar novas roupas é muito bem-vinda. Especialmente no Brasil, onde temos muita dificuldade de importação e as tecelagens brasileiras estão diminuindo em número. Mas eu aposto em inovações tecnológicas sempre respeitando a estética da minha marca. Então eu não vou criar nada que esquente uma luz, ou que brilhe quando você chega numa boate (risos). Os tecidos tecnológicos que eu uso são devorê, jacquard e os cortados a laser.
Qual tendência de 2013 você quer ver sumir este ano?
A moda é meio esquisita. Eu não gosto de dizer que não sou a favor de um look porque tudo depende da forma em que ele é apresentado. O top cropped, por exemplo, pode aparecer de uma maneira diferente; antes ele era colado e agora pode surgir mais larguinho e estruturado. Portanto, eu acho que na moda vale tudo – desde que tenha a ver com a sua identidade.
Pensa em fazer mais uma parceria com fast-fashion?
Eu fiz uma parceria maravilhosa com a Riachuelo em 2010, mas é um processo longo e trabalhoso, então resolvemos dar uma parada. Até porque é difícil conciliar duas coleções ao mesmo tempo – a minha e a coleção-cápsula para a marca de fast-fashion.
O que falta para a moda brasileira ganhar mais visibilidade internacional?
Nós temos muita dificuldade tecnológica. Importar tecido é algo muito caro. Lá fora eles conseguem o mesmo tecido por um terço do preço. A parte de mão de obra também é complicada, porque não temos a tecnologia e a qualidade que vemos em outros países. Além disso, para você se destacar mundialmente, é necessário estar em Paris, Londres, Nova York… Mas, por outro lado, a moda brasileira tem uma identidade muito forte. Temos uma sensibilidade que as marcas do exterior não têm, não adianta. Tanto é que muita gente vem fazer pesquisa no Brasil. Os gringos entram nas lojas e reviram as roupas. Ou seja, aqui no Brasil não falta talento.
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