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Christiane Torloni na peça “Master Class” || Créditos: Marcos Mesquita

Christiane Torloni é dessas atrizes raras que dançam, cantam e atuam com uma desenvoltura ímpar. Não a toa, integra o seleto time de atores que mantém não só contrato, como um legado na Rede Globo, onde está há mais de 40 anos. Aos 60 anos, Christiane segue ritmo de maratonista na carreira e visivelmente encontra tempo para se cuidar, já que está mais linda do que nunca. Pula de papel em papel, e com disciplina e profissionalismo de uma estrela fiel à sua arte, até interrompe algum trabalho em prol de mais trabalho se preciso for, como aconteceu com a peça “Master Class”, em que faz papel de Maria Calas.

A primeira temporada do espetáculo escrito pelo premiado americano Terrence McNally estreou em 2015 em São Paulo sob direção de José Possi Neto e, após uma temporada curta para uma peça desse porte, com passagens apenas por São Paulo, Rio, Campinas e São José dos Campos, precisou ser interrompida por contra das gravações da novela das nove “Velho Chico”, da Globo.

O hiato foi esticado por conta da crise enfrentada pelo país, mas “Master Class” está de volta. Às vésperas da estreia da nova temporada, que passará por 12 cidades brasileiras, Glamurama conversou com a atriz, que lançará também neste ano o documentário “O Despertar da Florestania” e dá início em maio às gravações da novela das sete que vai substituir “Deus Salve o Rei” na Globo.

Julianne Daud e Christiane Torloni em “Master Class”. O figurino da peça é assinado por Fábio Namatame || Créditos: Marcos Mesquita

Glamurama: Qual foi sua reação quando soube que a peça ganharia nova temporada?
Christiane Torloni: “O Brasil está passando por uma crise e quando nosso patrocinador chamou a gente de volta, fiquei muito feliz. Ainda estava muito insatisfeita com a montagem, sabia que não tinha chegado ‘lá’. Foi uma temporada muito curta da primeira vez, era uma coisa que ficou no meio do caminho pra mim. Um processo que ainda não tinha sido concluído.”

Glamurama: Aos seus olhos, qual é o grande trunfo do espetáculo? 
Christiane Torloni: “A peça tem um texto lindo e sempre digo que esse espetáculo é uma sessão de auto-ajuda disfarçado”(risos). “Ele fala muito em superação e as pessoas saem muito motivadas a se apaixonar, acreditar nos seus sonhos. Ele também tem um humor muito refinado que provoca as pessoas na plateia.”

Glamurama: Qual é a importância da peça em sua carreira? 
Christiane Torloni: “Ela consagra a minha parceria de 30 ano com José Possi Neto. Em todas as montagens que fazemos, desde ‘A Loba de Ray-Ban’, a gente vem fidelizando o público pelo Brasil. Uma coisa interessante também é que esse espetáculo está trazendo um publico diferenciado. Além do público que sempre vai me ver, que me acompanha há quatro décadas já que já sou avó de fã” (risos) “vem um público que é apaixonado por ópera e isso deu uma química maravilhosa de plateia. Essa é a grande novidade desse espetáculo pra mim. Tem gente que nunca tinha me visto no teatro e foi pela Maria Callas.”

Glamurama: O que é mais desafiador em viver Maria Callas no teatro?
Christiane Torloni: “Como a história mostra as aulas que a Maria [Callas] deu na Juilliard School, em Nova York, tenho duas sopranos e um tenor comigo – é uma maravilha! Agora estamos com um novo elenco, do antigo só mantemos o maestro e a atriz Julianne Daud. No palco são todos protagonistas, o que pra mim é uma benção estar tão bem acompanhada. É um espetáculo já premiado, de quatro prêmios a que fui indicada levei três, e no Rio a gente estourou a boca do balão. Desta vez pretendo fazer além da temporada normal, algumas sessões populares.”

Glamurama: Você já tinha contato com a arte de Maria Callas e com o universo da ópera em geral? 
Christiane Torloni: “Sou conectada com a arte dela há tempos. Tenho uma coleção de vinis que recuperei. E a ópera é uma arte que está se reinventando. Hoje você tem montagens inacreditavelmente modernas com a música atravessando o tempo e novas concepções.”

Glamurama: Como é sua preparação fisica para um papel como esse?
Christiane Torloni: “É um trabalho que exige uma precisão danada, que vai além da dança. Tenho uma preparadora física, assim como os outros cantores. Para mim São Paulo não fica atrás de nenhum polo cultural do mundo então me preparo com muito rigor e concentração.”

Glamurama: Você se identifica com Maria Callas em algum aspecto? 
Christiane Torloni: “Primeiro pelo gênero, somos mulheres, românticas, mas já passamos para o seculo XXI, então hoje temos mais possibilidades que ela não viveu.”

Glamurama: O musical pode virar um filme?
Christiane Torloni: “Não, mas temos uma temporada em Portugal encaminhada pra 2019.”

Glamurama: Como um ícone de beleza há tanto anos, o que faz pra cuidar da beleza, pele, cabelo e forma física?
Christiane Torloni: “Eu  acho que a gente tem que meditar, cuidar da saúde interna e mental, porque não adianta investir milhões em creminhos e potinhos, e por dentro estar podre. Acho que tem um investimento que tem que ser feito e a meditação nos dá os caminhos pra manter o equilibro. Medito algumas vezes por semana desde os 16 e também faço ioga.”

Glamurama: Como é seu contrato atual com a Globo?
Christiane Torloni: “Estou lá há 42 anos, já tive vários tipos de contratos. Faço parte dessa historia.”

Glamurama: Como está a vida amorosa?
Christiane Torloni: “Muito bem, obrigada. Secretamente muito bem.”

Glamurama: O que você acha da nova geração de atores?
Christiane Torloni: “Acho ótima! Uma vez fui nova geração e fui muito bem recebida. Para ser avó tem que ter as “crianças”, os novos atores. Essa oxigenação é muito bem-vinda.”

Glamurama: Você é das poucas atrizes que não se rendeu as redes sociais…
Christiane Torloni: “Não tenho nem tempo. Essa virtualidade ocupa um tempo real, então acho que deve ser usada para coisas bem especificas. É uma plataforma maravilhosa para disseminar seus projetos e ideias quando já estão em fase de conclusão. Essa é a forma que prefiro usá-las. Tenho um trabalho mais concentrado e até solitário, mas cada um tem seu estilo e se algumas pessoas conseguem conciliar, tudo bem.”

Glamurama: Você já está escalada para uma nova novela? 
Christiane Torloni: “Em maio vou dar início às gravações de ‘Rio Noventa Graus’, novela das sete da Globo de Jorginho Fernando que vai substituir ‘Deus Salve o Rei’. A trama se passa nos anos 1980 e vou viver Mercedes, uma adorável vilã que é dona de uma gravadora e está totalmente conectada com o mundo da música. A novela tem uma pesquisa muito boa sobre todos esses fatos que aconteceram entre os anos 1980 e 90, um momento de ouro no Rio de Janeiro, e tem como protagonistas Claudia Raia e Dira Paes. Vou fazer par romântico com Alexandre Borges. Vai ser uma novela solar, com muita referência musical.”

Glamurama: Além da peça e da novela, algum outro projeto à vista?
Christiane Torloni: “Em abril acontece o lançamento do documentário ‘O Despertar da Florestania’, que eu produzi em parceria com a Globo Filmes. Cinema é um processo ‘incrível’. O documentário é resultado de uma experiência que tive quando fiz abaixo assinado pela preservação da Amazônia, em 2008. Ele traz encontros incríveis que tive durante o abaixo assinado, quando conseguimos mais de um milhão e 200 mil assinaturas – um recorde no Brasil -, e depois quado a gente fez o processo da Renca pra impedir o Temer de vender metade da Amazônia.” (Por Julia Moura)

“Master Class”
Local: Teatro Sérgio Cardoso
Endereço: Rua Rui Barbosa, nº 153, Bela Vista, São Paulo, SP
Dias e horários: 11 e 12 de janeiro, quinta e sexta-feira, às 20h30
13 de janeiro, sábado, às 21h e 14 de janeiro, domingo, as 18h (únicas apresentações)
Ingresso: R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada)
Classificação etária: 12 anos
Duração: 90 m
+www.ingressorapido.com.br

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