De volta à TV como uma policial que luta MMA e em breve no cinema interpretando a icônica Elke Maravilha, Paolla Oliveira está escolhendo papéis que só reforçam o que a gente já sabe sobre ela: a gata é puro poder
Por Thayana Nunes para Revista J.P de abril de 2017
Fotos: Aninha Monteiro e Yuri Sardenberg
Gente linda não sabe receber elogio, já reparou? A resposta é sempre uma desculpa do tipo: “imagina, linda é você” ou “jura? Estou tão cansada…”. Mudar de assunto ou falar algo negativo também é bem comum nessas horas. Mas, definitivamente, essa não é a fase da atriz Paolla Oliveira. No mês em que completa 35 anos, Paolla, sem medo de ser feliz, soltou um: “Quer saber, quando me olho no espelho me acho linda sim”. Ouvir isso dela, assim, sem contexto, pode até parecer que é metida, meio nariz em pé, sabe? Nada disso. Paolla é gente como a gente: já se sentiu insegura diversas vezes, mas hoje, prestes a fazer aniversário, pode dizer com todas as letras: “Tô gata!”. “Ah, as pessoas falam: você tá bonita, linda. Só eu que vou falar que não? Tô sim. Tô me sentindo ótima. Muitas vezes não me achei, talvez até por influência das pessoas. Hoje em dia sou mais segura. ”
Ainda bem, né? Esse clima de falsa modéstia não combina nada com Paolla. No dia do ensaio da J.P, ela acordou cedo no Rio e partiu rumo a São Paulo. Detalhe: depois de uma semana intensa de treinos e gravações para seu novo papel na TV, a Jeiza, uma das protagonistas-promessas de A Força do Querer – nova novela das 9 da Globo. Chegou ao estúdio pontualmente, vestindo calça pantalona, camiseta e o cabelão loiro preso em um rabo de cavalo. E, sem estrelismos, entrou no clima das fotos: a ideia era mostrá-la poderosa e cheia de personalidade como sua nova personagem, uma policial que vai contra todos para se dedicar a seu hobby, lutar MMA. Na trama escrita por Glória Perez, ela é uma mulher que pode tudo, empoderada mesmo – daquelas que terminam um namoro porque o cara não gosta da sua profissão. Ah, e tudo a ver com seu próximo papel no cinema: a polêmica e icônica Elke Maravilha no filme Chacrinha, que será lançado no segundo semestre. Se ela também se sente assim na vida real? “Eu acho que posso tudo. Posso ser quem eu quiser, ter as minhas opiniões. Acho que só de a mulher ter essa coragem, ela já está cheia de poder.”
Foi impossível não entrar nesse papo de empoderamento feminino com a atriz. Além de suas novas personagens, o assunto do momento era o pronunciamento do presidente Michel Temer no Dia Internacional da Mulher, que havia acontecido no dia anterior. Paolla, que tinha acabado de assistir a um documentário sobre feminismo, estava superengajada no tema. “O que ele falou só veio reforçar o que tem no inconsciente coletivo de alguma maneira. A gente está cutucando algo que está muito internalizado, que é o machismo, a posição da mulher. No fim das contas, ele falou o que muita gente pensa ainda. É um retrocesso, sem dúvida”, disse. E olha que Paolla cresceu cercada de homens: o pai, policial militar e super-rigoroso, segundo ela, mais dois irmãos e um primo. No entanto, nada de ser tratada como a “mulherzinha” da casa. Muito pelo contrário. Estar no meio deles a deixou mais equilibrada e consciente da igualdade de gêneros. “A gente era tratado tudo igual. Eu até falava às vezes: ‘Pô, mas eu sou menina’”, lembra rindo. Sua educação deu mais do que certo. Paolla, querendo ou não, levanta a bandeira do feminismo. “A mulher veio de uma batalha muito severa, não podia conhecer seu próprio corpo, seu emprego mais bacana era ser secretária de um homem bonito e talvez casar com ele um dia. A gente ganhou muito.” Palmas para a nossa girl power.
Bicho do mato
Quando está longe da TV, o lugar da Paolla é na natureza. Nos fins de semana, se divide entre sua casa no Rio, o sítio no interior do estado e destinos pelo mundo que tenham cachoeiras e trilhas – as últimas viagens foram para a Patagônia e o México. Até comprou um apartamento em Portugal “porque lá tem mato e tem praia, tem de tudo e é lindo”. Para ela, a natureza coloca “a gente no nosso lugar”. “Sempre volto pronta para encarar a loucura que é o dia a dia.” Essa loucura que ela cita, além dos compromissos de publicidade, como eventos e fotos de campanhas, é a pressão da mídia, tanto das redes sociais quanto das notícias que circulam. “Se você não ‘postou’ dois dias, você está devendo. É Instagram, Facebook. E a cada hora é uma bomba nova. Uma mentira, algo estranho sobre mim. Eu já peguei um alerta do Google assim: ‘Paolla Oliveira morreu’”, diz. Nem para quem quase “quebrou” a internet há dois anos, quando surgiu de fio dental na série Felizes para Sempre, isso é normal. Recentemente, ela também ficou noiva sem saber, com direito a anel e tudo. “Não sei de onde as pessoas tiram essas coisas… vira um enigma”, desabafa ela, que está namorando, desde 2015, o diretor da Globo Rogério Gomes, conhecido como Papinha. Aliás, é ele quem dirige a novela A Força do Querer e a namorada em cena. Superdiscreta, sobre o romance a atriz se limita a dizer que está passando por um momento relax no relacionamento e que está “muito feliz”. “Meu coração está ótimo. Eu digo sempre que minha vida é tão chata, que, se conhecessem de perto, não iam querer saber.” Será? Modéstia à parte, a gente não acredita, viu Paolla?
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