A ameaça feita por Anish Kapoor no início de setembro de que se retiraria da primeira edição da Bienal de Yinchuan, na China, caso seus organizadores mantivessem a decisão de negar a presença do artista plástico Ai Weiwei por motivos não muito claros, não foi sustentada. O evento de arte começou no dia 9 com a participação de Kapoor.
“Depois que excluíram Weiwei, e da forma como tudo foi feito, eu acho bastante problemático”, havia dito Kapoor em entrevista coletiva a jornalistas durante um almoço na Kukje Gallery, em Seul, onde foi inaugurada no início deste mês a exposição “Gathering Clouds”, com trabalhos inéditos de Kapoor, que fica em cartaz até o dia 30 de outubro. “Para ser honesto, eu ainda não sei se vou participar. Acho que precisamos ficar contra a censura e, mesmo que o trabalho esteja quase pronto, eu não tenho certeza se quero expor nestas condições”, completou na ocasião. “Se decidir participar, isso significa que estou do lado das autoridades e conspirando a favor deles, e eu não tenho certeza se concordo com isso.”
Apesar do apoio prestado ao chinês, dias depois do depoimento Kapoor optou por participar sim da bienal chinesa, decisão que pode ter tido a ver com a estreia de sua exposição na galeria Gagosian de Hong Kong, que abriu há uma semana.
A exclusão de Ai Weiwei deixou boa parte da turma da arte desolada. Sua participação se daria com uma escultura feita com barras de aço tiradas dos escombros do terremoto de Sichuan de 2008, que deixou 80 mil pessoas mortas, e foi cancelada um mês antes da abertura da bienal. Dias depois, o chinês publicou em seu twitter: “Acabo de saber que meu trabalho artístico foi excluído devido a minha ‘sensibilidade política'”.
No artist has reacted to the political victimization of a fellow artist. Unsurprising for the Chinese art market. https://t.co/nVbE9bq5Do
— 艾未未 Ai Weiwei (@aiww) 12 de setembro de 2016