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Alexandre Nero || Créditos: Juliana Rezende
Alexandre Nero || Créditos: Juliana Rezende

“Todo mundo pode se tornar corrupto”. A frase é de Alexandre Nero, que vive Geraldo, um funcionário público do Paço Imperial que era supercorreto, mas passa a receber propina e acaba sendo promovido por conta disso em “Filhos da Pátria”, nova série da Globo, ambientada em 1822, que estreia em setembro. Até a mulher de Geraldo, inspirada em Claudia Cruz, parece ama-lo mais e acha-lo mais viril por conta disso – como nos contou sua intérprete, Fernanda Torres. Mas o que você pensa, glamurette: todos nós temos um preço? “O grande barato do personagem é isso: ele é um corrupto que virou corrupto. Era um cara honesto. Todo mundo pode ser corrupto ou qualquer coisa. Todos nós podemos nos tornar assassinos. O que faz uma pessoa ser assassina é só matar alguém. Índole? Nem sempre. Se alguém tocar no meu filho, sou capaz de fazer isso. Ah, mas se for assim tudo bem? Não, me torno um assassino”, nos disse Nero. Vem ler a entrevista completa! (por Michelle Licory)

“Nem eu sei responder por mim”

“Por que o Geraldo se corrompeu? Porque é fácil. Porque o dinheiro estava na frente dele. Não tem ninguém olhando, fiscalizando, ninguém vai prender ele. Então é isso: muito fácil falar não estando na pele desse cara. Será que a gente, não tendo ninguém olhando, uma mala de dinheiro, a gente pega ou não? Nem eu sei responder por mim. Qualquer pessoa corrupta não é inocente, não é isso. Ela quis fazer parte. Fez porque quis. Todos os políticos envolvidos em esquemas quiseram. Isso não há dúvida. Agora, que é um jogo, é. Que o buraco é muito mais embaixo também não há dúvida. Mas não dá pra ficar divagando sobre isso”, opinou o ator.

“E tudo bem ninguém fazer nada. Dar risada e vida que segue”

Perguntamos qual é a visão de Nero sobre a crise política do Brasil de hoje. “Absoluta desesperança. Não tenho esperança nenhuma no país. Só tende a piorar cada vez mais. Passaram a mão na nossa bunda, né? E a gente riu. Foi isso. E acho que nunca, apesar da corrupção existir há 500 anos, desde que o Brasil é Brasil, os portugueses roubando o pau-brasil, explorando índios, nunca foi tão descarado. Na minha geração não existiu e não sei se na história do país já existiu tanto descaramento de passar a mão na bunda do povo e tudo bem, ninguém fazer nada. Dar risada e vida que segue. Eu não lembro disso”.

“Não podemos acreditar em imprensa, em artista, em ninguém”

Será que as coisas vão melhorar? “Não tenho esperança hoje, nem pra 2018. 2018… Você está brincando, né? Piada. Nenhuma esperança. O que a gente faz como cidadão? Estuda profundamente os candidatos. Não podemos acreditar em imprensa, em artista, em ninguém. É estudar propostas, quem são e de onde vieram. Única saída”.

“O que ainda estou fazendo aqui?”

“O tempo todo penso em ir embora. Não tem um brasileiro que não pense. Com isso que está acontecendo aí, sinceramente… Não sei… Virou tão óbvio, está tão claro que virou clichê. Qualquer coisa que eu fale todo mundo já falou. Não tem ninguém hoje que não pense: o que ainda estou fazendo aqui? Vamos embora desse lugar”.

 

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