Por Michelle Licory
Alexandre Nero é o protagonista da próxima novela das nove da Globo. De novo. Virou o rei do horário nobre? Amora Mautner, uma espécie de it diretora da emissora, “apenas” ajoelhou para o ex-Comendador [seu personagem em “Império”, de Aguinaldo Silva] na frente dos fotógrafos, nesta terça-feira, no Projac, onde rolava a coletiva de imprensa de “A Regra do Jogo”, nome da trama de João Emanuel Carneiro que vai substituir “Babilônia”. Não satisfeita, ela o chamou de Neymar. Estamos falando de uma profissional zero puxa-saco e sem modéstia, com a certeza de seu próprio talento. Ou seja: Nero está mesmo com a bola toda. Ele? Sabe bem disso, e deixa claro.
“Sou apaixonado pela provocação. Depois de um sucesso, fazer um outro protagonista na sequência? Não pode… Não pode? Pode, sim. Tenho sangue no olho. Provocação me move. E eu sou trabalhador. Não ia estar de férias nas ilhas gregas. Ia estar trabalhando de qualquer forma, então que seja com algo que me motive. É muito difícil falar ‘não’ para um grande personagem, e a Amora me convenceu”, nos disse o intérprete de Romero Rômulo, de acordo com a sinopse da novela um “homem de muitos rostos, que se confronta com o bem e o mal, visto como um herói do povo, defensor dos direitos dos presidiários” – mas com um quê de controverso.
“Coragem é primordial para um ator. A gente trabalha em cima do erro. Erra muito para poder acertar. É normal, para o artista, tomar porrada. Se eu errar, tudo bem. Não quero ficar no Olimpo, não faz parte da minha personalidade. Se hoje estou nesse patamar, não tenho medo de perde-lo, voltar para o segundo, terceiro lugar. Isso faz parte da minha profissão. Ninguém gosta de fracassar, mas em algum momento vou fracassar. É inevitável, e não me prendo a isso. Me sinto um craque, sim. Ela falou Neymar porque sou o protagonista, mas o protagonista de um time.”
” Eu era um cara em quem ninguém apostava”
“Não tenho relação com o João Emanuel Carneiro. Não o conheço. Sinto orgulho de ter crescido aqui na Globo. Tudo que fiz na emissora foi bacana, as pessoas gostaram. Mas talvez o João nunca me enxergasse como protagonista se não fosse o Aguinaldo Silva ter me escalado para o papel principal antes. Eu era um cara em quem ninguém apostava para um protagonista, e foi um sucesso.”
Virar papai no meio de um furacão, no lugar do Murilo Benício
“Eu já tinha aceitado o papel quando descobri a gravidez da minha mulher. Avisei pra Karen [Brusttolin] que eu iria estar no meio do furacão na hora do bebê nascer. Ela disse que segura a onda. Por enquanto, eu sou coadjuvante, quase um figurante na gestação. Quando nascer é que vem a sensação de pai, eu acho. Não é segredo pra ninguém que o Murilo [Benício] que ia fazer esse personagem. Mas não me sinto substituto de nada porque ele não chegou a gravar nenhuma cena. E da mesma forma que o Comendador só existiu daquele jeito graças a mim, o Romero também só vai existir graças a mim.”
“Então perdi 10 quilos”
“O Comendador era um personagem muito distante da minha realidade, um nordestino, mais velho. Nem eu achava que poderia convencer como pai do Caio Blat e da Leandra Leal. Engordei para o papel… Foi um verdadeiro trabalho de ator. Eu sabia que ia praticamente emendar uma novela na outra e que tinha que voltar um outro Nero. Não queria que o telespectador pensasse: ‘ah, la vem ele de novo’. Então perdi 10 quilos, porque quis, pra ter essa mudança visual.”
“Não quer dizer que eu não minta”
Fazendo uma comparação com o caráter possivelmente duvidoso de seu novo personagem, Nero disse: “Não sei ser uma mentira. O que não quer dizer que eu não minta. Todo mundo mente. Mas isso me faz mal, principalmente no quesito falsidade. Evito ser sociável com pessoas assim. Não sou nada político.”
Em tempo: tanto sucesso na TV, depois de uma carreira dedicada ao teatro… E agora emendando novelas: não dá saudade dos palcos? “Falta dos palcos? Demorei 27 anos pra sair deles! Brincadeira…”
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