Um dos maiores acionistas da Apple e autoridade máxima quando o assunto é bolsa de valores, Warren Buffett quer que a fabricante do iPhone use os US$ 267 bilhões (R$ 959,9 bilhões) que tem em dinheiro vivo – soma recorde em todo o mundo – para comprar ações de seu próprio capital pulverizadas no mercado. A ideia é mantê-las em tesouraria, ao invés de sair às compras em busca de outras empresas de tecnologia com capital aberto que poderiam lhe agregar valor – a Netflix e a montadora de carros elétricos Tesla seriam duas boas opções, já que têm capitalizações de “apenas” US$ 142 bilhões (R$ 510,5 bilhões) e US$ 51 bilhões (R$ 183,3 bilhões), respectivamente.
Buffett, que atualmente é o terceiro homem mais rico do planeta – atrás apenas de Bill Gates e de Jeff Bezos – sugeriu isso durante o encontro anual com ares de “fanfest” que promove anualmente com acionistas minoritários de sua holding de investimentos, a Berkshire Hathaway. Apelidado de “Woodstock para capitalistas”, a edição deste ano
do evento acabou de acontecer em Omaha, a cidade de pouco de 400 mil habitantes no estado americano do Nebraska onde o bilionário mora e dá expediente diariamente em um escritório simplório.
Conhecido como o “Oráculo de Omaha”, ele disse durante o evento que a maior desvantagem em comprar novas empresas é que no momento existem pouquíssimas delas no mundo com capacidade de se tornar uma gigante como a Apple, que está se aproximando da marca inédita de US$ 1 trilhão (R$ 3,6 trilhões) em valor de mercado. Nesse caso, o melhor é usar as centenas de bilhões do caixa para reinvestir no próprio negócio. Coincidência ou não, a empresa fundada por Steve Jobs e chefiada por Tim Cook tem cada vez mais feito exatamente isso, numa indicação de que está em sincronia com o pensamento de Buffett.
Dono de fatias graúdas na The Coca-Cola Company, American Express, Kraft Hein Company e muitas outras, Buffett nem sequer usa celular, mas recentemente aumentou sua participação na Apple para 75 milhões de ações. Traduzindo em cifras, o montante equivale a algo em torno de US$ 14 bilhões (R$ 50,3 bilhões). Há cerca de um ano e meio ele tinha 57 milhões de ações, a maioria adquiridas em maio de 2016, quando as vendas de iPhones registraram a primeira queda desde 2003, e investidores acharam que isso seria “o começo do fim” de um dos maiores cases de sucesso da história. O Oráculo apostou que estavam todos enganados e se deu bem: de lá pra cá a ação da Apple na bolsa eletrônica Nasdaq disparou mais de 40%. (Por Anderson Antunes)
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