Por Raul Duarte para a revista PODER de junho
A artista brasileira viva com a obra mais cara vendida em um leilão. Estamos falando de Beatriz Milhazes e de seu quadro Meu Limão, arrematado por US$ 2,1 milhões em um leilão, em 2012. “O grande prazer disso tudo é que me dedico 100% ao trabalho, e é claro que quero ser reconhecida e estar nos melhores lugares do mundo”, diz a carioca de 56 anos.
O sucesso sempre fez parte da trajetória da artista, uma das expoentes da Geração 80, grupo de 123 jovens pintores que se reuniram no Parque Lage para uma exposição histórica. “A mostra foi montada pelos críticos que julgaram o Salão Nacional de Arte Plásticas da Funarte, de 1983, no MAM do Rio. Eles viram um monte de pintores jovens trabalhando, um grupo efervescente, com coisas novas. Aí, resolveram organizar tudo, mas ninguém tinha ideia da proporção que isso ia tomar.” Futuramente, esse grupo iria ditar os rumos das artes plásticas brasileiras. “Após a exposição comecei a dar aulas no Parque Lage (de 1983 a 1996) e decidi, definitivamente, que queria viver de pintar e que nada poderia atrapalhar isso.”
Beatriz, então, ensinava de manhã e se dedicava disciplinadamente a pintar todas as tardes. Foi assim que amadureceu seu estilo, mistura de colagem, de pintura, de materiais da cultura popular e do artesanato brasileiro, o que os críticos chamam de brasilidade. “Meus pais sempre tiveram orgulho de ser brasileiros, o que não é tão comum para a minha geração, e acho que é daí que tirei essa verve. A pintura é complicada. Ela carrega toda a história da arte atrás dela. Você está sempre tendo de colocar novidade num assunto que já foi hiperdesenvolvido. E esse foi o jeito que encontrei de me expressar”, explica. Aos poucos, Beatriz entrou no circuito das galerias e no mercado internacional. Até que, em 2003, participou da Bienal de Veneza e saiu consagrada pela opulência das cores e composição de sua obra.
Hoje, internacionalmente reconhecida, continua se dedicando totalmente a sua arte. “Trabalho todos os dias. Gosto de ordem, de rotina, isso me dá liberdade. Determino horários para trabalhar que mudam conforme o que está acontecendo. A parte criativa é sempre à tarde, das 13 até 18, 19. As manhãs são para coisas mais pessoais, como ginástica. A pintura exige muita energia.”
As escolhas de Beatriz Milhazes:
CIDADE: Rio de Janeiro
PAÍS: Não troco o Brasil por nada
LUGAR: O ateliê
COR: As misturas
MESTRE: Charles Watson, professor escocês do Parque Lage
REFERÊNCIA: Tarsila do Amaral
MATERIAL: Essencial
INSPIRAÇÃO: Liberdade
MUSEU: MoMA
FAMA: Reconhecimento
DINHEIRO: Oportunidade de fazer arte
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