A pandemia mundial não impediu que a 19ª edição do Nuit Blanche, parecida com a nossa Virada Cultural, acontecesse em Paris, que volta nesta segunda à zona de alerta máxima com bares e academias fechados. Longe dos um milhão e meio de parisienses e moradores da Ile-de-France que curtiram o tradicional evento na edição anterior, a capacidade limitada a mil pessoas deu à festa um clima totalmente diferente, mais sóbrio, sem multidões, com horário reduzido até às 2h e adaptada às atuais condições de segurança para oferecer uma saída noturna segura e de qualidade. A cidade foi dividida em dois percursos, um na Rive Gauche (Margem Esquerda) e outro na Rive Droite (Margem Direita) do rio Sena, onde foram expostos os projetos artísticos selecionados para participar do evento conto aqui para vocês os endereços por onde passei.
Meu roteiro começou pelo MAM de Paris que homenageou cinco artistas das suas coleções. Sheila Hicks e Ian Kiaer ocuparam, por meio de instalações móveis, o terraço entre o museu e o Palais de Tokyo, confrontando o maciço ambiente arquitetônico de suas colunas. Ao lado das esculturas animais de Jimmie Durham, também foi possível ver, de forma excepcional, uma das obras emblemáticas de Louise Bourgeois, a Spider. Uma enorme aranha presa à imagem de uma figura materna protetora, que já fez parte do acervo do MAM de São Paulo e agora pertence ao museu parisiense. Gaëlle Choisne apresentou uma instalação com som, dança, esculturas e plantas. Temple of Love é uma reflexão sobre o amor, as culturas e as comunidades e oferece sua visão para uma renovação da convivência.
Atravessando a rua, o Palais Galliera estava enfeitado com um vestido bem diferente de suas habituais exibições de moda. Orquestrado pela artista plástica Dominique Gonzalez-Foerster, os visitantes puderam mergulhar em um surpreendente refúgio tropical. Uma viagem sensorial, Promenade é uma instalação sonora que confronta o edifício renascentista recém-reformado com o ambiente de selva sob uma chuva tropical.
Seguindo para o Petit Palais, me deparei com os vídeos de Agnès Guillaume na fachada do edifício. My Nights, My Fears, My Thoughts, My Roots (Minhas Noites, Meus Medos, Meus Pensamentos, Minhas Raízes) abordam a fragilidade de nossa condição humana, em simbiose com a vida animal. Igualmente poética, Françoise Pétrovitch apresentou uma instalação luminosa em forma de totem. Suspensa sobre a piscina, a obra se ilumina como uma lanterna e se reflete na água com um som hipnótico. O artista consegue uma fusão de animais, humanos e natureza exuberante para criar uma coabitação reflexiva.
Logo em frente aos jardins do Petit Palais, a obra monumental Buquê de Tulipas, do artista Jeff Koons, construída em apoio aos parisienses após os ataques de 2015, chamou a atenção com sua nova iluminação noturna. Símbolo de liberdade, otimismo e recuperação, a obra possui 12 metros de altura e foi inaugurada em outubro passado.
Imagino que você que está lendo essa matéria ficou com vontade de estar em Paris, não é mesmo? Para te ajudar, o artista nova-iorquino Kaws, que já colaborou diversas vezes com a Dior, nos convida a descobrir seu universo pop e digital espalhado por toda a cidade. Então não precisa esperar as coisas melhorarem para poder matar a vontade, basta baixar o aplicativo Acute Art e deixar-se guiar pelas instalações virtuais do artista, que são apresentadas em realidade aumentada em seu smartphone. (por Mario Kaneski, direto de Paris)
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