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Capa de “Elis Regina em Pleno Verão”, de 1970 || Crédito: Reprodução

 

Capa de "Elis Regina em Pleno Verão", de 1970 || Crédito: Reprodução
Capa de “Elis Regina em Pleno Verão”, de 1970 || Crédito: Reprodução

No dia em que Elis Regina completaria 70 anos, 17 de março, será lançada em São Paulo, na Livraria Cultura, a biografia “Elis Regina – Nada Será como Antes”, pela Master Books. Glamurama conversou com Julio Maria, jornalista que assina o livro, fruto de quatro anos de pesquisas. “No início, fui convidado a escrever uma homenagem a Elis. Mas, logo na terceira entrevista, percebi que se tratava realmente da maior cantora do Brasil e briguei para que fosse uma biografia. Isso não é um clichê, eu não era fã, mas descobri que Elis tinha uma técnica jazzística incrível, ela não estudou música, mas cantava com a cabeça de um instrumentista. Ela levava as brigas e alegrias para o palco, ria e chorava enquanto cantava; isso sem desafinar”, contou ele. “A Gal Costa foi uma de minhas entrevistadas e me disse: ‘ela chorava e continuava afinada, eu não consigo isso’”, completou o autor, que garante: “Me policiei para não me apaixonar pela personagem, isso não poderia acontecer, se não o texto sairia contaminado”. “O que fica da minha experiência, é a grandeza artística, não que o livro poupe as quedas, é impossível não expor os erros, pois eles também criam o mito”, concluiu.

Julio teve sorte em relação aos herdeiros: João Marcelo Bôscoli, Pedro Mariano e Maria Rita. “O João demorou para me responder quando mandei o livro, disse que foi difícil e me disse que ‘em algumas partes eu gostava menos da minha mãe’, mas não pediu para que eu tirasse nada. Pedro me agradeceu por ter conseguido finalmente conhecer a sua mãe e Maria Rita resolveu não ler o livro, disse que não queria ser a pessoa que iria me dizer o que fazer”.

Entre os entrevistados, Caetano Veloso e Gal (que falaram juntos com Julio), Ney Matogrosso, Ronnie Von, Jair Rodrigues, Dona Ercy (mãe de Elis), Toquinho, Rita Lee e Nelson Motta. Chamou a atenção do autor a paixão de Milton Nascimento por Elis. Julio também teve acesso a uma carta, escrita por Elis para o filho João Marcelo, com a condição de que ele só abrisse quando tivesse 18 anos. Esta carta foi guardada por Orphila Negrão, mulher do autor Walther Negrão e grande amiga de Elis. Orphila pediu a Julio que fizesse a carta chegar a João Marcelo, “mas ele nunca foi retirá-la, e só tomou conhecimento dela quando leu o livro [que tem a carta na íntegra]; ficou muito emocionado”.

E se Elis estivesse viva? Como estaria hoje com o atual cenário da MPB? “Em perspectiva, acho que ela estaria perdida no mundo difuso da internet. Ela apontou caminhos, lançou muita gente, como Ivan Lins, Milton Nascimento… Tinha um apego muito grande à harmonia. Imagino que ela estaria mais reservada, mas não silenciosa; ela era de briga. Ela tinha traço de diva e acredito que não teria abdicado desta postura. É difícil imaginá-la no atual cenário, Elis teve João Bosco e Chico Buarque compondo para ela. Quem iria compor para Elis hoje?”.

Por Verrô Campos

Julio Maria e a capa de “Elis Regina – Nada Será como Antes” || Créditos: Divulgação
Julio Maria e a capa de “Elis Regina – Nada Será como Antes” || Créditos: Divulgação

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