A atração pela inteligência: será que você é Sapiossexual?

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Você já conheceu alguém que, à primeira vista, não pareceu muito atraente, mas depois de uma boa conversa se tornou interessante e sexy? Bom, se isso acontece com frequência talvez você seja um “sapiossexual”. O termo, relativamente novo, se refere às pessoas que têm desejo despertado pela inteligência do outro, independentemente de gênero.

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A psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo explica que a sapiossexualidade vai além de achar a inteligência sexy e está diretamente ligada à atração carnal. “Um sapiossexual se envolve pela inteligência do outro acima de qualquer atributo físico, estético etc… é atraído pela pessoa que tem uma inteligência evidente e diferenciada. Muitas vezes essa qualidade não é notada por todos, é percebida apenas pela pessoa que se sente atraída”, explica ela, deixando claro que as definições de inteligência são bastante variadas.

“Um sapiossexual se envolve pela inteligência do outro acima de qualquer atributo físico”

Carmita Abdo, psiquiatra e sexóloga

Em resumo, mesmo que levem em consideração fatores físicos e de personalidade, os sapiossexuais se ligam – literamente – por troca de ideias inovadoras e conversas profundas que as enriquecem emocional e intelectualmente.

Marilyn Monroe e Albert Einstein

Embora seja um termo cunhado há pouco tempo, Carmita afirma que esse conceito sempre existiu. Por volta de 380 a.C., Platão falou sobre a relação entre o amor e o intelecto em sua obra “O Banquete”. Marilyn Monroe talvez tenha sido a primeira celebridade a se demonstrar sapio – mesmo que na época ainda não houvesse uma palavra específica para isso -, quando afirmou que Albert Einstein era o homem mais sedutor que já havia sido apresentado a ela.

“A inteligência é onde eu me perco. Se fosse explicar a sensação poderia dizer que é o que me faz perder o ar, dá aquele brilho, sabe?”, explica Thales Alves, primeiro homem transsexual a participar do MasterChef Profissionais. Além de inspiração para outros profissionais da comunidade LGBTQIA+, Thales usa as redes sociais para falar sobre sexualidade sem tabus.

“A inteligência é onde eu me perco. Se fosse explicar a sensação poderia dizer que é o que me faz perder o ar”

Thales Alves, chef

“O que me atrai inicialmente não é estético etc… é atraído pela pessoa que tem uma inteligência evidente e diferenciada. Muitas vezes essa qualidade não é notada por todos, é percebida apenas pela pessoa que se sente atraída”, explica ela, deixando claro que as definições de inteligência são bastante variadas. Em resumo, mesmo que levem em consideração fatores físicos e de personalidade, os sapiossexuais se ligam – literalmente – por troca de ideias inovadoras e conversas profundas que as enriquecem emocional e intelectualmente.

Embora seja um termo cunhado há pouco tempo, Carmita afirma que esse conceito sempre existiu. Por volta de 380 a.C., Platão falou sobre a relação entre o amor e o intelecto em sua obra O Banquete. Marilyn Monroe talvez tenha sido a o aspecto físico ou o gênero com o qual a pessoa se identifica. Diferente do comum, minhas escolhas afetivas são baseadas na intelectualidade”, conta ele, dando vida ao exemplo de Carmita Abdo, de que a inteligência deve ser o maior gatilho em termos de excitação sexual – acima dos atributos físicos. É ter tesão, muito literalmente, pela inteligência alheia.

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Uma pesquisa da Universidade da Austrália Ocidental, publicada na revista Intelligence, indica que entre 1% e 9% da população de 18 a 35 anos podem ser considerados sapiossexuais. Foram entrevistados 383 adultos para se conhecer as características que mais valorizavam em seus parceiros e os resultados mostraram que a inteligência foi a segunda mais citada – depois de gentileza e compreensão –, desde que não fosse muito elevada. Assim, é possível notar que a relação entre o quociente intelectual (QI) e a atratividade é curvilínea. Ou seja, atinge o seu pico quando alcança um QI de 120, mas diminui se estiver na casa dos 135 – muito acima da média.

Relação com a intelectualidade

A sexóloga também aponta que os sapiossexuais podem relacionar de modo inconsciente a intelectualidade do outro a uma relação mais segura e estável. De alguma forma, associam a inteligência a uma boa tomada de decisões e a uma espécie de “segurança” para o relacionamento. Segundo Stélios Sdoukos, psicólogo e terapeuta de casais na The School of Life, isso acontece porque existem diferente tipos de inteligência: podem ser atraídas pelo conhecimento acadêmico, ou pela capacidade criativa, ou por indivíduos emocionalmente maduros, ou ainda por aqueles que têm facilidade no trato com os outros.

“Na prática, podemos estar nos referindo a atributos muito diferentes. Por exemplo, para certas pessoas, quando alguém tem habilidades sociais muito bem desenvolvidas e consegue se relacionar com facilidade ou então expressar muito bem as suas ideias, pode ser considerada ‘inteligente’. Nesse sentido, o fator de atração pode englobar inúmeras interpretações, que, em última análise, estará sujeita àquilo que desperta o interesse romântico do outro”, explica.

“Para certas pessoas, quando alguém tem habilidades sociais muito bem desenvolvidas e consegue expressar muito bem as suas ideias, pode ser considerada ‘inteligente’”

Stélios Sdoukos, psicólogo e terapeuta de casais

Por essas e outras, os sapiossexuais não costumam ser adeptos do amor à primeira
vista, já que perceber a inteligência do outro leva um tempo. Em muitos casos, seus
relacionamentos começam como uma amizade que cresce e, à medida em que o cérebro se despe, acaba se tornando paixão. Os dois especialistas concordam ao afirmar que esse tipo de relacionamento está diretamente ligado à inteligência emocional do outro e à segurança que isso proporciona ao relacionamento.

Mas Thales acrescenta que o lado bom de se sentir seduzido eroticamente pela inteligência é que esse tipo de atração não é afetado pela passagem do tempo, nem pelas rugas ou a flacidez. Pelo contrário, ganha ao longo dos anos. “Um relacionamento baseado na inteligência cultural e emocional se estende para além do corpo. Porque o corpo perece, padece junto ao tempo. Já a inteligência só cresce e assim deve ser o amor. Contínuo e crescente”, finaliza.

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