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Sim, caro amigo, já lhe disse e repito: tenho-lhe grande afeição. Você disse-me o mesmo, mas de sua parte trata-se de mero arrebatamento; satisfeito o primeiro ímpeto, não pensaria mais em mim. Começo a conhecer o mundo. Vou fazer-lhe uma proposta: preste atenção. Não desejo continuar como caixeira: quero ser um pouquinho mais senhora de mim, e por isso gostaria de encontrar alguém que me sustentasse. Se não lhe quisesse bem, trataria de lhe arrancar dinheiro.
Foto: Reprodução 

Em vez disso, digo-lhe: você devia começar alugando um quarto para mim e o mobiliando; mas, como não é rico, pode instalar-me em sua própria casa. Não lhe custará grandes gastos, nem à mesa nem ao resto. Para manter-me a mim e aos meus toucados, única despesa que lhe darei, é suficiente que disponha de cem libras por mês, e nisto estará tudo incluído. Assim poderemos viver felizes, e você nunca mais terá de queixar-se de minha recusa. Se gosta de mim, aceite a proposta; mas, se não gosta, tentemos a sorte, cada um por seu lado. Adeus, o beijo de todo o coração.

 

Rançon

 

6 de abril de 1761

 Foto: Reprodução 

Está pérola foi extraída do livro “Cartas do Coração – Uma antologia do amor”, organizado por Elizabeth Orsini e publicado pela Ed. Rocco. Agora, a pergunta que não quer se calar é: será que o admirador dessa senhora apreciou sua objetividade semi-patológica e topou o trato? E se topou, será que eles viveram felizes como o prometido?

Por Luciana Pessanha

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