Há exatos 20 anos, morria Jorge Amado. Autor de clássicos como “Tenda dos Milagres”, “Capitães da Areia” e “Gabriela, Cravo e Canela”, no dia 6 de agosto de 2001, já com a saúde debilitada, o escritor baiano teve uma uma parada cardiorrespiratória e não resistiu. A entrada dJorge na vida literária aconteceu cedo, aos 14 anos, quando ele fundou junto com alguns amigos a “Academia dos Rebeldes”, grupo que teve um importantíssimo papel na renovação da literatura baiana. Após se mudar para o Rio, onde estudou Direito, Amado iniciou seus primeiros contatos com o movimento comunista, se tornando também jornalista. Em 1931 lançou seu primeiro romance, “O País do Carnaval”, um relato sobre a intelectualidade brasileira na década de 1920.
O resto é história, e Amado segue entre os autores brasileiros que venderam mais livros no Brasil e fora do país – foram mais de 50 milhões de cópias de seus 23 romances. Para celebrar a o criador de personagens como Tieta do Agreste e Dona Flor, Glamurama lista as cinco vezes em que Amado mostrou ao mundo sua arte.
Tocaia Grande para a língua inglesa
Com seu primeiro livro publicado nos Estados Unidos em 1945, Amado demorou quase 30 anos para se tornar um escritor conhecido pelos americanos. O grande momento ocorreu em 1987, quando a editora Bantam Books, que pertence ao conglomerado editorial Random House, pagou US$ 250 mil (R$ 782,2 mil), ou cerca de US$ 530 mil (R$ 1,66 milhão) em valores atualizados, pelos direitos de “Tocaia Grande” para a língua inglesa, antes mesmo da publicação do livro no Brasil, que ocorreu no ano seguinte. Traduzida com o título de “Showdown”, a obra é até hoje um dos maiores sucessos do escritor no mercado internacional.
Saravá, o Musical
Outro grande momento de Amado no cenário das artes internacional aconteceu em 1979 com a adaptação para a Broadway de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”. Nos palcos de Nova York, a obra recebeu o título de “Saravá”, musical que ficou nos teatros Mark Hellinger e Broadway. Coube à atriz e cantora americana Tovah Feldshuh, vista recentemente na série “The Walking Dead”, o papel de Dona Flor, trabalho que rendeu a ela um prêmio Tony de melhor atriz daquela ano em musical.
Kiss Me Goodbye
“Dona Flor…” também serviu de inspiração para o roteiro do filme “Kiss Me Goodbye”, de 1982. Com direção de Robert Mulligan, o longa não chegou a ser um sucesso comercial, mas foi bastante aclamado pela crítica. Nesse caso, o papel de Dona Flor ficou com a atriz Sally Field, uma das mais populares em Hollywood na época. Ela até recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de 1983 pelo papel, como melhor atriz em comédia ou musical.
Sonia Braga
É praticamente impossível falar de Jorge Amado sem mencionar em algum momento uma das musas do escritor, a atriz Sonia Braga. Ela foi protagonista da primeira adaptação para o cinema de “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, de 1976, sob a direção de Bruno Barreto. Um ano antes, ela também fez muito sucesso quando estrelou a novela “Gabriela, Cravo e Canela”, da Globo. Hoje uma das atrizes brasileiras de maior renome internacional, Sonia costuma dizer que o sucesso de sua carreira se deve em grande parte aos papeis de Amado que lhe foram confiados.
Ídolo na Rússia
Talvez por conta de seu histórico como membro do Partido Comunista Brasileiro, Amado é até hoje um dos autores latino-americanos mais amados pelos russos, ao lado de Pablo Neruda e Gabriel García Márquez. Não somente na Rússia, aliás, mas em vários países do Leste Europeu, onde os livros do escritor foram publicados com grande repercussão nos tempos do comunismo. Foi na Rússia, no entanto, que ele fez mais sucesso, e as novelas e minisséries baseadas em suas obras – em especial “Gabriela, Cravo e Canela” e “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, bateram recordes de audiência no país quando foram exibidas lá. Aliás, é importante lembrar que os russos são tão fanáticos por novelas quanto os brasileiros: nos anos 1980, o Parlamento da Federação Russa até terminou uma sessão mais cedo para que seus membros tivessem a chance de assistir sem atraso ao último capítulo de “Escrava Isaura”.
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