Para alguns, a quarentena tem sido aproveitada para colocar a leitura em dia. E nossa dica não é apenas sobre um ou dois livros, mas da trilogia completa de “1Q84”, escrita pelo autor japonês Haruki Murakami, com o primeiro livro lançado em 2009. Considerado um épico literário, os três volumes não são pequenos, mas fáceis de se apegar às histórisa e, principalmente, aos personagens principais, o que torna a leitura ainda mais gratificante.
No primeiro livro, os capítulos são divididos entre os protagonistas: Aomame, professora de artes marciais e de alongamento que possui, além dessas atividades, uma profissão misteriosa e perigosa. E Tengo, professor de matemática e escritor que recebe uma proposta antiética, mas irrecusável de Komatsu, seu editor. De início, as duas histórias não parecem ter qualquer relação e o primeiro volume não faz questão de esclarecer como as duas tramas serão ligadas em algum momento, mas isso muda no segundo livro. Apesar de manter o mistério, Murakami consegue nos mostrar de maneira mais direta a parte lúdica e surpreendente da obra. A trama brinca, como o próprio título já mostra’, com o termo ‘1Q84’, que se refere ao ano de 1984, época em que a história acontece.
A trama central gira em torno de diversos elementos que são explorados calmamente ao longo dos capítulos, com destaque para um grupo religioso polêmico e Fukaeri, uma adolescente de 17 anos que lança o livro ‘Crisálida de Ar’ após vencer um concurso literário e com personalidade única.
Apesar de esse núcleo ser extremamente interessante, a história pessoal de Aomame e Tengo também é envolvente. Ambos carregam traumas familiares e, aos poucos, conseguimos entender de que forma isso os afeta no momento presente, aos 30 anos de idade. Enquanto Aomame fazia parte de uma família religiosa fanática, Tengo possui um flashback constante da mãe com um homem desconhecido e não sabe quem é seu verdadeiro pai. Por esse motivo, a leitura de ‘1Q84’ se torna mais cada vez mais envolvente, apesar da história, às vezes, parecer andar em marcha lenta, o que não desanima de forma alguma o leitor.
Como em todos os livros do Murakami, se prepare para cenas que fogem completamente do convencional e para um desfecho que não se faz previsível em nenhum momento. Recomendamos!
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