Como a moeda que mais se valorizou no mundo até agora, o real em sua fase mais forte dos últimos dois anos permitiu o retorno de cinco brasileiros à lista dos maiores bilionários do mundo em dólares, e ainda fez outros três que a partir de agora também podem clamar pelo título – e em um caso específico, com grande destaque.
No caso dos ex-bilionários em dóláres que deixaram o clube dos 10 dígitos em anos recentes, seja por conta da forte alta da moeda americana frente à brasileira, ou pela queda do valor da ação de suas empresas e outros motivos relacionados, os que recuperaram a distinção são Luiza Helena Trajano, maior acionista da rede varejista Magazine Luiza, com fortuna atualmente estimada em exatos US$ 1 bilhão, com base em sua fatia na empresa; e ainda Guilherme Peirão Leal, um dos donos da Natura, também com um patrimônio pessoal agora na casa de US$ 1 bilhão. Além deles, Dulce Pugliese de Godoy Bueno, controladora da DASA e de vários hospitais, voltou a ser dona de cerca de US$ 1,1 bilhão, e Pedro Grendene Bartelle, cofundador com seu irmão gêmeo e também bilionário, Alexandre Grendene Bartlelle, mas dono de sua própria fabricante de calçados, a Vulcabras, cujas marcas mais famosas são a Olympikus e a Azaleia.
Pedro, no entanto, voltou a ser bilionário por conta daquele que é tido como seu negócio favorito: agropecuária Nelore Grendene, líder mundial na criação de gados da raça Nelore, que responde pela maior parte do total de US$ 1,1 bilhão que possui nesse momento. O restante está em sua participação na Azaleia, e em outra, minotirária, na Grendene, da qual Alexandre possui 42%.
Já os mais novos detentores do título de bilionários em dólares, e nesse caso pela primeira vez, são três acionistas da fabricante de motores industriais catarinense WEG, uma das empresas com o maior valor de mercado da bolsa brasileira, em torno de R$ 158 bilhões. Com apenas 33 anos, Eduardo Voigt Schwartz é dono de aproximadamente 3,85% do capital total da WEG, o que responde pela maior parte de seus US$ 1,4 bilhão em papeis da gigante. Neto de um dos cofundadores da WEG, Werner Ricardo Voigt, morto em 2016, Eduardo não atua na gestão da empresa e ganha a vida como DJ, inclusive com 27 EPs lançados. Frise-se que o escocês Calvin Harris, considerado o DJ mais rico do mundo há tempos, tem “só” US$ 300 milhões.
Primas dele, as irmãs Dora Voight de Assis, de 25 anos, e Lívia Voight, de 18, têm cada uma 3,07% da WEG, e fortunas individuais de US$ 1,1 bilhão. Dois meses mais jovem que o italiano Clemente Del Vecchio, herdeiro da fabricante de óculos EssilorLuxottica e eleito o bilionário mais jovem do mundo, com estimados US$ 3,5 bilhões. Lívia, portanto, passa a ser a nova detentora da distinção que a torna única no mundo.
A WEG foi fundada em 1961, na cidade catarinense de Jaraguá do Sul, pelos sócios Eggon João da Silva, Werner Ricardo Voigt e Geraldo Werninghaus, todos já falecidos. Uma das maiores multinacionais do Brasil, a companhia de capital aberto é controlada pelo family office WPA, que por sua vez pertence aos herdeiros do trio, que além de Eduardo, Dora e Lívia incluem ainda outros 30 bilionários, só que em reais. A WPA administra os dividendos pagos aos três clãs – cerca de R$ 2 bilhões só em 2022 – e possui fundos de investimentos com ações de empresas mundialmente famosas que vão da holding Alphabet, razão social do Google, ao LVMH, maior conglomerado de marcas de luxo do mundo. Apesar de tamanha riqueza, todos os membros das famílias Silva, Voigt e Werninghaus vivem de forma discreta, e são daqueles que preferem ficar bem longe dos holofotes.