Ascender profissionalmente não é fácil em qualquer área e no universo das artes, digamos, pode ser ainda mais desafiador. Mas, é a potencialidade de cada um que pode impulsionar a evolução e seu consequente crescimento profissional. Por isso, nosso Top 10 desta semana trouxe jovens artistas, apostas brasileiras, que merecem atenção tanto por suas criações quanto pelos caminhos trilhados até aqui.
Estudiosos ou autodidatas, cada um carrega uma energia única dentro de si que transcende estilo e técnicas no desenvolvimento singular de suas obras. Temáticas, tons, desenhos, formas, cheiros, sons, natureza, tecnologia. Tudo isso, e muito mais, molda o olhar individual desses jovens talentos e suas trajetórias. E é na peculiaridade de cada obra e história que se enxerga para além de um horizonte que desponta, talvez ainda silente, no limiar entre o presente e o futuro.
Aline Bispo
É multiartista visual, ilustradora, curadora independente – que atualmente atua na curadoria do Instituto Ibirapitanga e também é colunista do Nós Mulheres da Periferia. Em suas produções investiga temáticas que cruzam a miscigenação brasileira, gênero, sincretismos religiosos e étnicos. Faz parte do time de artistas com obras expostas e/ou presentes nos acervos de grandes instituições como MASP, IMS Paulista, Pinacoteca de São Paulo, Museu Afro Brasil, Itaú Cultural, entre outros. Aline também é a ilustradora da capa de livros como “Torto Arado” e toda a atual trilogia recém lançada de Itamar Vieira Junior, e ilustra semanalmente a coluna de Djamila Ribeiro para a Folha de S. Paulo. Multidisciplinar, adentrou também o espaço da moda, lançando sua primeira coleção Belezas Brasileiras Hering e em 2023 inaugurou sua coluna mensal na plataforma “Nós Mulheres da Periferia”.
Bianca Caloi di Grassi
Uma artista brasileira nascida em São Paulo e residente em Mônaco desde 2013, explora a profundidade emocional dentro de um mundo racional por meio de sua arte. Ela vai além das contrastantes dicotomias para revelar mensagens e nuances da vida. Suas obras capturam um equilíbrio delicado entre o mundo estruturado do código e a exploração das emoções, buscando infundir realismo e poesia na vida. A arte de Bianca, já exibida em paredes no Reino Unido, Brasil, Japão, Mônaco e França, transcende a lógica, evocando sentimentos que ultrapassam a razão. Ao abraçar imperfeições e flexibilidade dentro das obsessões, seu trabalho fala da esperança, que, para ela, é a capacidade de enxergar entre o zero e o um.
Representado em São Paulo pela Galeria Frente, Igor Rodrigues é um daqueles artistas que elabora o seu trabalho baseado nas suas vivências e nas reflexões que reúne durante o seu dia a dia. Como a maioria dos jovens que cresceram a partir do ano 2000, teve o computador para servir como instrumento de pesquisas e experimentos. E foi por meio desse instrumento que chegou às conclusões que hoje mostra por meio da pintura. Autodidata, o artista iniciou sua prática artística na pintura digital (2008), percorrendo pelos desenhos em grafite (2013), carvão e pintura acrílica (2021) e pintura óleo (2022), para desenvolver estudos sobre a pintura figurativa. Seus trabalhos apresentam de uma forma realista a beleza dos afrodescendentes, em sua força, autoestima, empoderamento, em posturas e cenas ligadas ao universo da moda e, sua prática, é fundamentada em uma perspectiva decolonial, dedicada à experiência do corpo negro na sociedade contemporânea onde mescla o realismo com o surrealismo, abordando problemáticas do racismo, resistência, e outros aspectos que perpassam a subjetividade humana, pautado nos seus estudos em Psicologia, negritude e na sua vivência enquanto homem negro.
Karola Braga
Karola Braga é artista e pesquisadora olfativa. Mestre em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Bacharel em Artes Plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), busca explorar em seus trabalhos a problemática da relação ausência x presença, memória x esquecimento, trazendo as dualidades como temática que permeiam grande parte de sua produção. A esfera olfativa é recorrente. Por serem carregados de construções simbólicas e culturais e pela sua potência em evocar memórias – individuais e coletivas – os cheiros são pontes escolhidas pela artista para desafiar percepção e espaço, criar sensações, acessar lembranças e, sobretudo, contar histórias. Desde 2015 participa de exposições e prêmios em importantes instituições no Brasil e em países como França, Alemanha, Estados Unidos, Suíça e Irã, e é uma das artistas que integra o próximo Desert X AIUla, uma exposição de arte a céu aberto temporária, responsiva ao local e inclusiva, que acontece a cada dois anos na região desértica da Arábia Saudita. A próxima edição acontece de 9 de fevereiro a 23 de março de 2024.
Leandra Espírito Santo
A pesquisa visual da artista permeia múltiplas linguagens e seus atravessamentos. Gestos tornam-se esculturas, máquinas e objetos performam ações. A dinâmica (interna e externa), o deslocamento (semântico e físico), o movimento (corporal e da imagem) revelam a centralidade do processo para a prática da artista. Os efeitos dos processos industriais na formação da cultura são abordados tanto a partir da perspectiva dos materiais empregados pela artista como pelo emprego da repetição e da modularidade em seus arranjos formais. Espírito Santo tem se debruçado, principalmente, sobre o impacto das novas tecnologias no sujeito, utilizando seu próprio corpo, e de outros indivíduos, como modelo. Nas expressões cristalizadas nas máscaras, assim como nos gestos configurados nas mãos, a artista aborda a relação entre corpo e tecnologia, onde a compreensão de uma experiência fragmentada da corporeidade nos ambientes virtuais é apresentada não só como crítica, mas também em sua dimensão fabular.
Marina Yunes
As viagens pelo Brasil e mundo afora oferecem à fotógrafa um universo de possibilidades para sua arte. Vivenciando o dia a dia de cada experiência, a natureza é sua força motriz e lhe fornece matéria-prima viva para o registro de momentos únicos. Assim, a artista capta momentos pouco explorados, eternizando detalhes cuja potência, ferocidade e amor ficarão para a posteridade em seus trabalhos. Com a mistura da personalidade da fotografa e sua conexão, traz a mensagem forte e destemida, algo maior a ser notado. Marina Yunes é a aposta da galeria Kovac & Vieira em arte e fotografia para 2024.
Roberta Romanelli e Rodolpho Rivolta – R2
O R2 Studio Gallery é um projeto multifacetado e localizado em São Paulo que nasce em 2020 do encontro de dois artistas: Roberta Romanelli, formada em Design, que trabalhou por 13 anos com arquitetura e decoração e Rodolpho Rivolta, formado em Direito e, após uma sólida carreira na área, migrou para a publicidade. Desta mistura de referências, nasce o caráter heterogêneo do R2, que cria obras de arte a quatro mãos, utilizando materiais inusitados (de matéria-prima industrial ao upcycling), além de contar com diversas collabs com artistas do cenário nacional. As peças que resultam destes processos tão diversos têm como inspiração o universo pop e apresentam a marca registrada do estúdio: ironia, descontração, um humor inteligente e apelo estético.
Solferini
Arquiteto de formação e artista visual autodidata, Solferini demonstrou desde muito cedo interesse pela arte. Mas foi a faculdade de arquitetura que despertou o interesse pela linguagem contemporânea das artes, onde iniciou o processo de transformação do estilo de suas pinturas. Anos mais tarde, a abstração da paisagem já é marcante em sua obra, onde as camadas de cores e a sobreposição de matizes, por meio de suas pinceladas de inspiração impressionista, tornam-se sua marca registrada. A potência das cores e suas nuances são premissas para o desenvolvimento de seu trabalho, tanto em suas pinturas quanto em suas esculturas cinéticas, outra vertente do trabalho que tem em comum o desafio de comunicar por meio das cores. Atualmente, vem se destacando no cenário nacional e internacional, participando de importantes feiras de arte no Brasil como SP-Arte e ArtRio, além de outras exposições nos EUA, Brasil e Europa.
Tatiane Freitas
Artista visual e estudante de neurociência e comportamento, Tatiane Freitas trabalha conceitos de passado x presente, investiga temáticas que cruzam o sujeito pós-moderno, a modernidade líquida de Zygmunt Bauman, a memória e a finitude. A artista, que fez parte da primeira edição do programa de Residência Artística na Usina Luis Maluf, trabalha com diversos materiais como madeira e acrílico para dar vida aos seus trabalhos e desde 2013 expõe pelo mundo, tendo passado por países como Cuba e Estados Unidos em exposições coletivas. Também teve exposições individuais na capital paulista e participou de edições da SP-Arte.
Will Sampaio
Artista contemporâneo, nascido na cidade de São Paulo, Will Sampaio é conhecido por sua abordagem experimental nas artes visuais e já expôs seus trabalhos em importantes feiras de arte em São Paulo, Nova Iorque, Milão, Madrid, Leipzig na Alemanha. Recentemente desembarcou em Lisboa com a Exposição Individual intitulada TRAMA onde exibiu seu trabalho mais atual, utilizando-se da técnica de tingimento, corte, costura e sobreposição de tecidos geometricamente tramados sobre tela, com foco no resultado cromático único e efeito óptico em suas obras.
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