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O Top 10 desta semana faz uma ode à ancestralidade brasileira com dez artistas indígenas e suas diferentes formas de expressão. Um grande emaranhado nas raízes da história do país cujas etnias se diferem em origens, mas se encontram no mesmo DNA, e formam um grande celeiro, criativo e singular. As referências dos povos originários estão por toda parte. São palavras, nomes de cidades, alimentos, entre tantos outros, facilmente encontrados no dia a dia de cada cidadão.

Uma riqueza inigualável, desejada e invejada mundo afora e que está aqui, em terra brasileira, em nosso país. São artistas que falam de suas origens, lutas, dores, angústias, ansiedades, alegrias e felicidade por meio de suas telas, performances, esculturas, mas que acima de tudo, presenteiam a todos com arte de qualidade, eternizando suas almas em traços coloridos, falas e desenhos únicos.

 

Arissana Pataxó

Foto: Jussimar Guedes

É natural de Porto Seguro e pertence a etnia Pataxó. A artista transita com sua produção artística na qual aborda discussões que fazem parte de suas vivências junto ao seu povo e outros povos indígenas no Brasil. Em 2007 realizou sua primeira exposição individual no Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA, intitulada “Sob o Olhar Pataxó” e desde então já realizou diversas exposições no Brasil, tendo também participado de exposições em Portugal, Noruega, Inglaterra e Estados Unidos. A artista, que também é professora, atua na educação escolar indígena desde 2002 e esse ano foi convidada a fazer parte da curadoria do pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza e integrar um trio de mulheres indígenas a ocupar em 2024 a titularidade da Cátedra Olavo Setúbal de Arte Cultura e Ciência-IEA-USP.

 

Bu’ú Kennedy

Foto Reprodução Instagram

Bu’ú Kennedy (1978, Alto Rio Negro, Brasil) pertence ao povo Ye’pamahsã, conhecido como Tukanos, do Clã Üremirin Sararó. Divide seu nome, atribuído tradicionalmente ao homem de vida curta e brava, com o “tucunaré”, peixe encantado dos rios amazônicos. Curandeiro onça, Bu’ú integra uma linhagem de praticantes de bahsese, formas de benzimento ancestral. Com uma grande produção visual, Bu’ú, tem como base de suas criações, principalmente, a marchetaria, técnica que aprendeu na Escola de Artes do Instituto Dirson Costa, a qual frequentou entre 2005 e 2007. A técnica baseia-se na justaposição e encaixe de lâminas de madeiras diferentes, para formar paisagens, motivos e símbolos. Suas composições apresentam grafismos, cores e representações provenientes de sua cultura, revelando o potencial da arte na configuração de conhecimentos sobre o mundo e sociedade.

 

Carmézia Emiliano

Foto: Alan Langdon

Foi uma visita à uma exposição de pinturas que despertou na artista nascida na Maloca do Japó em 1960, no Estado de Roraima, Carmézia Emiliano, a paixão pela arte. Naquela ocasião, a artista, que mora no estado de Roraima, reconheceu que a pintura era o canal ideal para perenizar o rico imaginário de sua etnia, o povo macuxi. Desde então, ela expõe, no mínimo, duas vezes por ano e suas mostras extrapolam o estado de Roraima. A pintora expôs em mostras coletivas no MASP, na Pinacoteca de São Paulo, no CCBB e no Centro Cultural São Paulo, dentre outros importantes espaços. Em 2023, expôs individualmente no MASP, participou da Bienal das Amazônias, da Bienal de São Paulo, com 10 obras, e da SP-Arte.  O reconhecimento dos méritos da artista é traduzido, também, pelas premiações em salões nacionais, pela integração de seus quadros a importantes acervos públicos e privados.

 

Daiara Tukano

Foto: @dimitrie

Graduada em Artes Visuais e Mestre em direitos humanos pela Universidade de Brasília – UnB, Daiara Hori Figueroa Sampaio, ou Daiara Tukano como é mais conhecida, pesquisa o direito à memória e à verdade dos povos indígenas. Artista, ativista, muralista, comunicadora e educadora, a sabedoria e a ancestralidade indígena são pautas em suas obras que trazem diferentes técnicas e formas, seja em murais, empenas de edifícios, pinturas ou desenhos em nanquim. Daiara é também militante dos movimentos indígena e feminista, e é uma das vozes mais potentes na liderança indígena no Brasil, nos quais entrelaça as artes visuais, a comunicação e os direitos humanos, inclusive na luta por seu povo.

 

Denilson Baniwa

foto de CABREL_Escritório de Imagem Fundação Bienal de São Paulo

Denilson Baniwa é amazônida de origem na nação Baniwa, tem como base de trabalho a pesquisa sobre aparecimentos e desaparecimentos de indígenas na História Oficial do Brasil, ao mesmo tempo em que busca nas cosmologias indígenas e suas representações artísticas um possível método de compartilhar conhecimentos ancestrais. Baniwa, que é também comunicador e ativista dos direitos indígenas, é considerado um dos mais importantes artistas contemporâneos da atualidade por romper paradigmas e, assim, proporcionar protagonismo aos indígenas brasileiros.

 

Edgar Kanaykõ Xakriabá

Autorretrato por Edgar Kanaykõ

Fotógrafo, Edgar Kanaykõ Xakriabá é da Terra Indígena Xakriabá, do município de São João das Missões, em Minas Gerais. O povo indígena Xakriabá pertence ao segundo maior tronco linguístico indígena do país o Macro-Jê da família Jê, subdivisão Akwẽ. Kanaykõ possui graduação na Formação Intercultural para Educadores Indígenas (Fiei/UFMG) e mestrado em Antropologia Social (Visual) na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Sua dissertação, Etnovisão: “o olhar indígena que atravessa a lente”, (2019), é uma discussão acerca da utilização da fotografia pelos povos indígenas como instrumento de luta e resistência e o conceito de imagem, é a primeira realizada por um pesquisador indígena em um programa de pós-graduação da UFMG. Sua composição se baseia em registros fotográficos de sua comunidade Xakriabá, de outros povos, assim como de manifestações do movimento indígena no país.

 

Jaider Esbell (in memorian)

 

Foto Reproduçao Instagram

Mesmo após seu falecimento, em novembro de 2021, o artista Jaider Esbell e suas obras, críticas e belas, seguem ainda hoje na memória de muitos e cada vez mais atuais. Jaider nasceu no ano de 1979 em uma aldeia do povo Macuxi, que fica na reserva Raposa do Sol em Roraima. Seu ingresso no mundo das artes acontece em 2009 quando ganha uma bolsa na Fundação Nacional de Artes – Funarte – e escreve seu primeiro livro: Terreiro de Makunaima – Mitos, Lendas e Estórias em Vivências. A partir de então, a imersão nas artes foi um caminho sem volta. Pinturas, desenhos e instalações cujo objetivo era divulgar a história e tradições indígenas traziam testemunhos de vivências coletivas com a arte indígena contemporânea realizadas em Roraima, que também eram frutos de articulações entre artistas, artesãos, lideranças, comunidades e a sociedade em geral em torno do tema que teve entre os principais resultados, o aquecimento da cena cultural local. Escritor, artista, arte-educador, geógrafo e curador brasileiro, Esbell foi um ativista dos direitos indígenas e teve grande destaque na 34ª Bienal de São Paulo, um dos artistas macuxis mais renomados de Roraima, que trabalhou e viveu a arte indígena.

 

Tamikuã Txihi

Foto de Tauana Sofia

Oriunda da tribo Pataxó, Tamikuã é idealizadora do projeto cultural de memória viva Toka da Onça cujo objetivo é recuperar os conhecimentos, as técnicas de construção e os materiais de seus ancestrais. A artista, ativista pela luta na defesa dos territórios brasileiros, busca fortalecer e reconquistar a memória dos povos originários, principalmente das mulheres indígenas. A onça é símbolo de suas criações artísticas, representativa de força, resistência, agilidade e sabedoria. Tamikuã é artista autodidata e aprendeu a praticar e produzir suas próprias visões no manejo das cores, formas e desenhos.

 

Uýra Sodoma – @uyrasodoma

Foto de Sanico Denaut

UÝRA, 33 anos, indígena em diáspora, dois espíritos (Travesti), habitante de Manaus, Amazonas. É Bióloga, mestra em Ecologia da Amazônia e atua como Artista Visual e Arte educadora de comunidades tradicionais. Mora em um território industrial no meio da Floresta, onde se transforma para viver uma “Árvore que Anda”, sempre criada com elementos orgânicos. Entre as artes de Uýra, seu corpo é o suporte para narrar histórias de diferentes naturezas via fotoperformance, performance e instalações. Se interessa pelos sistemas vivos e suas violações, e a partir da ótica da diversidade, dissidência, do funcionamento e adaptação, (re)conta histórias naturais, de encantarias e diásporas existentes na paisagem floresta-cidade. Já participou de mais de 50 exposições coletivas, nacionais e internacionais, e apresentou 5 individuais, incluindo sua estreia no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Brasil e Currier Museum of Art (EUA). Foi destaque da 34ª Bienal de São Paulo, da Bienal Manifesta! (Kosovo), da 13ª Bienal de Arquitetura de SP e da 1ª Bienal das Amazônias.

 

Yacunã Tuxá

 

Foto de Kuhamatí Tuxá

Sandy Eduarda de Santos Vieira, conhecida por Yacunã Tuxá é uma artista visual indígena e ativista brasileira, originária do Povo Tuxá de Rodelas, Bahia. Ilustradora, pintora, curadora e escritora, sua expressão artística destaca-se por meio de ilustrações digitais que capturam a diversidade, a pluralidade e a resistência das mulheres indígenas. É ativista das causas indígenas, na luta contra o racismo e pela demarcação de terras, além da causa LGBTQIAPN+. As interconexões entre raça, gênero e sexualidade são temas frequentemente explorados em sua obra.

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