No mundo vibrante e multifacetado do mercado de arte há vozes que transcendem barreiras, desafiando expectativas e moldando o panorama cultural com visão e curadoria únicas. O Top 10 desta semana presta homenagem às talentosas galeristas que lideram as tendências no mercado de artes brasileiro. Elas atuam com excelência, contribuindo de maneira significativa para amplificar a relevância cultural.
Enquanto o universo da arte continua a evoluir no Brasil, tomando proporções internacionais cada vez maiores, essas talentosas galeristas se destacam em um universo de criatividade e liderança. Esta semana homenageamos as galvanizadoras da arte, que desbravam essas sendas complexas e são fundamentais para a diversificação do mundo da arte, desafiando as normas estabelecidas e oferecendo apoio entusiástico aos talentos em ascensão.
1 – Ana Lucia Serra e Renata Castro e Silva (Carbono Galeria)
Esta dupla possui vários pontos em comum. Ambas são publicitárias e ao longo de suas carreiras conquistaram diversos prêmios em suas respectivas áreas. Ana Lucia já passou por agências renomadas, como Ogilvy, EuroRSCG e DM9DDB, e em 1995 e 2001 recebeu o Prêmio Caboré de Melhor Profissional de Atendimento e Planejamento. Renata teve sua própria agência no Recife e venceu o Prêmio Colunista de Agência do Ano N/NE, além do TOP de Marketing Nacional. Em 2013 elas decidiram deixar o mercado publicitário e se uniram para fundar a Carbono Galeria, no Jardim Paulistano, em São Paulo, que se dedica exclusivamente à arte contemporânea. Ana Serra diz que arte a emociona e toca a alma, independentemente de ser colecionadora ou galerista, e acredita que “sensibilidade e experiência de vida são cruciais no mercado artístico, sem distinção de gênero”. Renata associa a arte à emoção e acredita que “apesar de ser um mercado, o valor está no sentimento que as obras evocam”.
2- Eliana Finkelstein (Galeria Vermelho)
Natural de São Paulo e formada em Relações Públicas, deu início à carreira na agência Futura e no estúdio de criação de Rafic Farah. Em 2000 desempenhou o papel de produtora na Bienal 50 Anos e atuou como curadora na 3ª Semana Fernando Furlanetto de Fotografia, em São João da Boa Vista (SP). Em 2002, ao lado de Eduardo Brandão, fundou a Galeria Vermelho, que se destacou no mercado por lançar novos talentos. Celebrando 21 anos em 2023, a paulistana Vermelho representa atualmente artistas latino-americanos de diferentes gerações, incluindo Claudia Andujar, Carmela Gross, Rosângela Rennó, Iván Argote, Ximena Garrido-Lecca e André Vargas.”As mulheres desempenham um papel tradicionalmente forte no mercado de arte brasileiro, liderando tanto jovens galerias quanto instituições mais estabelecidas. Embora não haja características específicas associadas ao gênero, muitas mulheres parecem trazer uma abordagem mais livre e flexível ao lidar com a arte, artistas e outros envolvidos no meio. Essa liberdade se traduz em uma maior capacidade de adaptação a diversas situações”.
3- Igi Ayedun (Galeria HOA)
Antes de se tornar a primeira galerista preta no Brasil, Igi Ayedun trafegou por várias áreas da comunicação. Aos 14 anos, depois de participar de um concurso de jovens aprendizes, começou a trabalhar na revista teen “Capricho”, da Editora Abril, onde ficou por nove anos. Já atuou em outros campos como construção de imagem, moda e jornalismo, e se lançou em carreira internacional ao trabalhar na França e Inglaterra. Nasceu no Brás e, imersa na cultura periférica das escolas de samba e da africanidade iorubá, Igi se tornou conhecida por ser a primeira editora de moda e stylist preta brasileira a assinar um desfile internacional. Em 2020 inaugurou a galeria HOA, na Barra Funda, que foi a primeira no país a ser construída a partir de uma equipe inteiramente negra. “As experiências e formas de perceber o mundo geradas pelas diversas manifestações da feminilidade têm influenciado o mercado de arte desde sua concepção. Quando consideramos a história sob a perspectiva daqueles que validam o sistema de arte, percebemos que o problema está na falta de reconhecimento e destaque para as mulheres, especialmente as negras e indígenas. Para mim, destacar-se significa promover uma ampla discussão e criar oportunidades para a democratização das instituições de arte de maneira inclusiva e descentralizada, permitindo que pessoas de diversos grupos sociais marginalizados, incluindo as comunidades negra, indígena e LGBTQIAPN+, possam participar ou criar novos sistemas nos quais se sintam representadas”.
4 – Luciana Caravello (Galeria Luciana Caravello)
Carioca com mais de 30 anos de experiência no mercado de arte, Luciana iniciou sua trajetória com a Galeria Arte em Dobro e, em seguida, fundou a Galeria Luciana Caravello, ambas no Rio de Janeiro. Em 2020, durante a pandemia, mudou-se para São Paulo e se interessou pelas plataformas e ambientes virtuais que envolvem o mercado de arte. A partir desse conceito criou um novo modelo de negócio: uma galeria mais compacta e ágil focada inteiramente no atendimento personalizado online. Agora, prestes a inaugurar seu novo espaço na Vila Madalena, em São Paulo, segue com sua proposta de dinamizar o mercado de arte, concentrando-se na expansão e aprimoramento de seu projeto. “Ao contrário da sub-representação de artistas mulheres em museus, em torno de 20%, as galerias de arte no Brasil têm uma forte presença feminina na liderança, com exemplos como Luisa Strina e Raquel Arnaud atuando por mais de 50 anos. Essas mulheres suavizam a divisão entre arte e comércio em suas galerias, adotando uma abordagem mais humanizada. Elas enfatizam a escuta ativa, a paciência, a atenção aos detalhes e investem tempo no desenvolvimento técnico e artístico, priorizando o processo sobre o resultado. Isso resulta em relacionamentos mais profundos com os artistas e fortalece o mercado de arte como um todo”.
5- Luisa Strina (Galeria Luisa Strina)
Trata-se de uma renomada galerista e colecionadora de arte. Em 1974 fundou em São Paulo a Galeria Luisa Strina, que desempenhou um papel fundamental na promoção de artistas conceituais brasileiros, como Antonio Dias, Cildo Meireles, Tunga e Waltercio Caldas, entre tantos outros. Em 1992, a Galeria Luisa Strina se tornou a primeira da América Latina a participar da feira Art Basel. Ao longo dos anos, a profissional expandiu seu foco para incluir artistas emergentes brasileiros, latino-americanos e mulheres artistas, como Laura Lima, Leonor Antunes e Renata Lucas. Na última década, consolidou ainda mais sua trajetória ao representar artistas como Alfredo Jaar e Anna Maria Maiolino. Ela também conquistou reconhecimento internacional, sendo incluída na lista anual da revista “ArtReview” como uma das pessoas mais influentes no campo da arte internacional. Em 2017 ocupou o 49º lugar no ranking, superando Takashi Murakami, John Baldessari, Yayoi Kusama e o empresário brasileiro Bernardo Paz, fundador do Instituto Inhotim. Luisa enfatiza: “As mulheres são mais práticas, simpáticas e sedutoras”.
9- Raquel Arnaud
Mulher influente na cena artística brasileira, desde os anos 1970 se dedica a exposições de arte, começando como curadora na galeria Arte Global, da Rede Globo, em São Paulo. Em 1974 fundou sua própria galeria, a Raquel Arnaud, que desde o início apoia artistas de cunho inovador. Em 1997 fundou o Instituto de Arte Contemporânea (IAC) no Pacaembu, em São Paulo, dedicado a preservar a memória de artistas importantes da arte brasileira, como Amilcar de Castro, Sergio Camargo e Willys de Castro, entre tantos outros geniais. Sua contribuição à arte contemporânea e à preservação do patrimônio artístico do Brasil é notável e inspira novas gerações. “Na minha opinião, sim, nosso olhar e sensibilidade permeiam decisões artísticas e profissionais que enriquecem o mercado das galerias de arte no Brasil. Aliás, hoje em dia, esse mercado é dominado por mulheres. É um fato!”
10-Regina Boni
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