Um dos nomes mais respeitados da arquitetura e do design contemporâneo, Jayme Bernardo é formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná. Também estudou Engenharia para não encontrar obstáculos na hora de colocar sua arte em pé – know-how que se tornaria quase uma arma secreta em seu business. Na década de 1990 abriu o seu próprio escritório. Hoje, atua com sedes em Curitiba, Balneário Camboriú e São Paulo e uma equipe de mais de 45 profissionais. Converteu seu nome em sinônimo não apenas de arquitetura residencial e comercial de alto padrão, mas também se especializou no ramo da hotelaria.
Por meio do selo Dieedro, marca de mobiliário autoral que criou, exercita sua verve na escala do desenho autoral, de grandes móveis a pequenos acessórios, sempre com um acento lúdico e moderno. De seu escritório com vista para o jardim do terraço, se inspira nas lavandas, jabuticabeira e abelhas que cultiva. Desenhado pelo arquiteto, o pote de mel que distribui a clientes e amigos já virou uma de suas marcas registradas. Definitivamente, originalidade é questão de talento.
Cabeça à frente, desenvolve a arquitetura pensando no interior, com olhar estudado, pesquisado, vivido, viajado. Vive da e para a profissão, acredita que tendência existe – e cria algumas. Dentro da profissão que escolheu, faz de quase tudo: edifícios, condomínios, residências, hotéis, restaurantes; do projeto ao móvel, ao objeto e à festa.
GLMRM conversou com Jayme Bernardo sobre sua trajetória, inspirações e abordagens em arquitetura e design contemporâneo:
Como você define o trabalho como arquiteto?
O desenho sempre foi minha paixão, quando recém chegado a Curitiba caminhava pela Rua XV com lápis e caderno na mão reproduzindo os detalhes do casario clássico da época. Sempre me interessei por movelaria e interiores, inclusive fui proprietário de uma marcenaria logo após a graduação. Aos poucos o contato com a arquitetura de interiores foi se intensificando e naturalmente me mostrando o caminho para o início de minha carreira como empresário no ramo.
Aprendi com o clássico e acho que é a base para tudo. Respeitei o passado e utilizei este estilo para formar os pilares de sustentação para tudo que estava por vir, amadureci muito minha forma de pensar e hoje desenvolvo projetos que classifico como contemporâneos. Uma das características que aprendi logo cedo foi o apreço pela arte, por artistas e seus trabalhos, suas formas de expressão, suas necessidades e desejos. Sempre dediquei um espaço para arte em meus projetos. Acredito ser o grande diferencial.
O arquiteto precisa saber sobre tudo. Um detalhe de moda se torna inspiração, a troca de informação com os mais novos também é importante. São 40 anos de carreira ininterrupta com muito amor e paixão pelo que faço.
Como era o espaço (apartamento, casa etc.) que você recebeu do cliente e como ficou após sua intervenção? Em relação a esse projeto.
Foram muitas conversas com os proprietários – um jovem empresário, admirador da natureza e que adora receber. A decoração seguiu então o ritmo da arquitetura, perseguindo a atemporalidade das soluções, privilegiando a facilidade de circulação e a neutralidade nos acabamentos. Das texturas às tonalidades, tudo foi pensado de modo a se obter espaços leves e arejados, em total sintonia com a personalidade de seu morador.
Algumas casas parecem se estabelecer no limite entre o dentro e o fora. Por vezes, são os interiores que se projetam sobre o espaço externo, por meio de panos de vidro ou portas deslizantes. Em outras, é o meio exterior que adentra os domínios da casa na forma de jardins, canteiros e, nos dias de hoje, paredes verdes. O projeto funciona assim como um diafragma, pronto a determinar o ponto de simbiose ideal entre o ambiente doméstico e a natureza.
A planta desta casa térrea evidencia tal preocupação. Distribuída com formato de ‘C’, acompanhando a topografia de curvas suaves de seu terreno, com vistas para a Serra do Mar. Até por isso trata-se de uma residência de moldes contemporâneos, guarnecida por grandes painéis de vidro, na qual o volume da piscina e da própria casa parecem conversar com a paisagem do entorno de forma natural e delicada, sem maiores rupturas.
Onde encontra inspirações para se manter atual?
Sou um apaixonado por viagens e pelas experiências que elas proporcionam. Posso dizer que a oportunidade de conhecer diferentes lugares é a minha maior fonte de inspiração além de publicações correlatas ao tema e recentemente as mídias sociais, um fenômeno atual para o qual não podemos fechar os olhos, é necessário estar atento a todas as tendências e novidades.
Minha formação viveu à sombra dos grandes clássicos como Corbusier, Mies e Wright, foi a base para tudo e imagino que o legado destes nomes sempre sobreviverá. Recentemente respeito muito o trabalho da dupla suíça Herzog & de Meuron. Studio Nendo e seu desenho minimalista também me fascina. Entre muitos outros posso citar Paola Lenti para mobiliário, John Pawson para interiores, Zaha Hadid e sua arquitetura futurista e o Studio KO de Karl Fournier e Oliver Marty com o projeto para o Museu Yves Saint Laurent em Marrakech.
Veja fotos do antes x depois
Fotos: Tuca Reines
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