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Voltei de Copenhagen agora e, na volta, me peguei pensando que, quando estamos viajando, geralmente topamos tudo. Andar por 50 minutos? Vamos. Acordar cedo para ir a um museu que fica a uma hora daqui? Sem dúvidas. Queremos aproveitar cada segundo, queremos viver de uma forma tão intensa que dê a sensação de eternidade. Quando estava na Islândia, na praia de areia preta, após tirar algumas fotos, eu e minha amiga olhamos uma para a outra e guardamos os celulares. Falei pra ela: quero guardar a imagem desse lugar pra sempre na minha cabeça. Não sei se algum dia vou voltar.

Você talvez esteja se perguntando o porquê do título deste texto. Ele, na verdade, tem um motivo específico. Meus pais, os quais sempre cito aqui na minha coluna, tinham um hábito fofo de dizer essa frase. Quando um deles estava em qualquer situação de dúvida, como: “O que devemos fazer hoje? Jantar em casa ou no shopping?” O outro quase sempre respondia “qualquer paixão me diverte”. Pra mim, era algo tão cotidiano que parecia extremamente comum. Mas, nos últimos tempos, eu percebi que em algumas situações em que alguém me fazia uma pergunta sobre o que deveríamos fazer, a resposta automática na minha cabeça era “qualquer paixão me diverte”. Comecei a perceber então o quanto essa frase era especial e marcante. O quanto ela mostra uma abertura para a vida e para as diferentes possibilidades. Sei que parece genérico, afinal, às vezes, precisamos ser mais decididos e ter uma escolha clara em mente.

Mas, minha análise é mais na comparação com o que comentei das viagens. Por que costumamos ser tão mais abertos em situações extraordinárias e não tanto nas ordinárias? A questão com as viagens é que sabemos que aquilo ali tem um prazo exato para acabar. Sabemos que possivelmente nunca voltaremos. Esse reconhecimento do tempo limitado nos torna mais dispostos a explorar, a dizer “sim” para experiências novas e a viver plenamente cada momento. Mas, e se aplicássemos essa mesma abertura para as nossas vidas cotidianas? Imagina se encarássemos cada dia com a mesma curiosidade e entusiasmo que temos quando viajamos. Se adotássemos a filosofia de “qualquer paixão me diverte” para as pequenas escolhas do dia a dia, talvez descobriríamos novas formas de alegria e satisfação em momentos comuns.

A verdade é que a vida é uma coleção de experiências, tanto as grandiosas quanto as mundanas. A magia está não só nas aventuras extraordinárias, mas também na capacidade de encontrar maravilhas na rotina do dia a dia. Se conseguirmos levar a abertura e a disposição das nossas viagens para o nosso cotidiano, talvez possamos transformar o ordinário em extraordinário. Então, da próxima vez que me perguntarem “o que devemos fazer hoje?”, espero me lembrar da sabedoria na resposta dos meus pais. Porque, no fim, apesar de ser só uma frase, “qualquer paixão me diverte” pode ser uma forma de encarar a vida, nos encorajando a abraçar cada momento com entusiasmo e abertura, independentemente de onde estivermos.

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