O rei Charles III bem que tentou dissuadir seus conselheiros mais próximos de que uma de suas maiores paixões – a arquitetura clássica – poderia se destacar de alguma forma em seu reinado, mas acabou ouvindo da turma que agora é hora de deixar o “self” para trás e se dedicar integralmente à coroa.
Rei da Inglaterra há pouco mais de quatro meses, o sucessor de Elizabeth II é um notório entusiasta das linhas curvas e da preservação de propriedades históricas, e por vezes também crítico de edificações modernistas que no passado já chamou de “carbúnculos [uma doença infectocontagiosa] monstruosos”.
Não por acaso, uma das maiores realizações dele até hoje foi a idealização do vilarejo de Poundbury, que fica no ducado de Cornwall, no sudeste inglês. Com a construção iniciada em 1993 e o fim das obras previsto para 2025, a “minicidade” já é habitada por 3,5 mil pessoas e deve chegar aos 6 mil moradores em dois anos, dos quais 2 mil serão trabalhadores de seus projetados 180 mil negócios. Apesar de ainda nem ter sido inaugurada, no entanto, a localidade aparenta ser qualquer outra das inúmeras cidades medievais que existem por todos os cantos do Reino Unido.
No máximo, o monarca deverá apenas marcar presença na inauguração de Poundbury, que mesmo em fase pré-operacional já movimenta £ 330 milhões (R$ 2 bilhões) por ano. Charles se empenhou pessoalmente para tirar o projeto do papel no começo dos anos 1990, e ao longo dos anos, para defendê-lo, fez declarações polêmicas sobre as construções de design mais contemporâneo que, em um certo ponto, lhe tornaram alvo de um manifesto de protesto assinado por gênios dos traços como Zaha Hadid, Jacques Herzog e Frank Gehry. E, é justamente do risco de cometer esses deslizes que os assessores que o cercam querem protegê-lo.
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