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Na madrugada de quarta para quinta-feira, me peguei assistindo aos infinitos stories e publicações de Dia dos Namorados. Eu sei que muita gente acha brega ou “apenas uma data comercial”, e, realmente, o amor verdadeiro de um relacionamento está longe de ser comprovado por um story no dia 12 de junho. Mas eu, como boa romântica que sou, acho o máximo qualquer oportunidade de darmos o protagonismo ao amor e a tudo de bom que ele cria.

Ao ver as declarações, me pego pensando: “Que bacana ver aquela pessoa que tinha medo de nunca encontrar alguém legal com uma pessoa que parece tão incrível”; “Que doido, aquela pessoa que namorou alguém por anos agora está com outra, talvez existam mesmo vários amores na vida”; “Que demais, esse casal está junto há tanto tempo e parece que o amor só aumenta”. De novo, na maioria dos casos são apenas suposições, mas eu torço muito para que todos sejam mesmo amores verdadeiros que fazem todos eles genuinamente felizes.

Enfim, o fato é que me vi emocionada e inspirada para encontrar uma forma de dar também o devido protagonismo ao amor esta semana. Decidi então me perguntar: “O que é o amor? Como posso fazer jus à grandeza dele tentando escrever a respeito na minha coluna?”. A melhor forma que encontrei foi perguntar a algumas das minhas melhores amigas o que é o amor para elas. Afinal, elas são grandes responsáveis por eu saber o que é o amor, seja pelo amor que me deram, seja pelo amor que vivem e eu posso presenciar.

Vivemos um momento em que o amor parece escasso, parece superficial. As relações parecem mais rasas, mais previsíveis, menos intensas e emocionantes. Nossa geração é, muitas vezes, vista como uma geração que não sabe o que quer. Diante de tantos estereótipos negativos, ver a resposta das minhas amigas foi um respiro e tanto. São amigas que namoram, amigas que estão solteiras, amigas que nunca namoraram. Algumas levaram a resposta diretamente para o amor romântico, outras abrangeram o amor de qualquer forma possível, mas todas me emocionaram.

Você já se perguntou o que é o amor para você? Porque todas elas me pediram um tempo para pensar, elas perceberam que nunca haviam pensado de fato sobre isso.

Uma parte da resposta era comum entre quase todas elas: amar é querer o bem e se doar sem esperar nada em troca. Todas bateram na tecla de não esperar nada em troca, e isso me lembrou o poema que mais amo na vida: “As Sem-Razões do Amor”, de Carlos Drummond de Andrade.

“Amor é estado de graça

E com amor não se paga

Amor é dado de graça (…)”

Assim como no trecho acima, o poema inteiro é sobre a dificuldade de se definir o amor, porque a gente simplesmente ama. A Lívia, uma das minhas amigas, está cursando Medicina e fazendo um estágio em Ginecologia, então ela presencia bebês nascendo todos os dias. Ela disse que, depois disso, ao ver o quanto os pais amam os filhos desde o segundo em que eles nascem, ela tem ainda mais certeza de que “o amor verdadeiro não impõe condições, quando ama de verdade, se doa espontaneamente, sem esperar nada em troca.” Muito parecido com o que a Amanda disse, que para mim também reflete muito a ideia do amor não necessariamente romântico: “é o desejo da presença mas ao mesmo tempo o altruísmo em querer o melhor para a pessoa.”

Duas amigas responderam à minha pergunta coincidentemente com a mesma passagem (incrível) do livro “Tudo é Rio”, que diz: “Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.”

Uma delas acrescentou: amor é descomplicado, é leve, ele existe sem grandes esforços. O que me lembrou a resposta de uma outra amiga: “Acho que para mim amor é querer o bem acima de tudo, é querer a companhia do outro e gostar de estar junto mesmo sem fazer nada.”

De fato, acho que é esse monte de gostar mesmo. Até gostar de fazer nada. E o gostar de fazer nada me faz pensar no quanto queremos estar com a pessoa o máximo de tempo que a gente pode. Uma resposta que apareceu também mais de uma vez e está totalmente alinhada com algo que acredito é que “amor é ter uma saudade constante”. A Iza, minha amiga, disse que “é sentir saudade depois de um minuto que a pessoa foi embora”, e essa sempre foi uma das minhas maiores referências. Se mesmo depois de passar tanto tempo com a pessoa eu ainda queria que ela estivesse aqui comigo, isso não pode ser outra coisa senão amor.

Ainda sobre o poema do Drummond, ele diz que “Amor foge a dicionários e a regulamentos vários”. Isso ficou claro nas respostas que recolhi; no fim, a gente tenta explicar o que ele é, mas parece que não consegue. A Isinha disse que “o amor não é nada que a gente consiga entender, que a gente consiga ver e muito menos que a gente consiga saber de onde veio”. Ao falar sobre o namorado dela, ela reiterou que “é tanto amor, tanto, tanto, que eu não entendo de onde vem, eu só amo, sem entender mesmo”. Drummond, inclusive, começa o poema dizendo “Eu te amo porque te amo”, já mostrando que talvez nem precise de uma explicação.

E acho que é aí que se encontra a graça disso tudo. Tem um tanto de magia que ninguém consegue entender por completo, assim como a Sil pontuou: “Embora eu seja cética e realista para algumas coisas, acho que tem uma coisa meio mágica nisso tudo e nessa mágica eu acredito”.

Ela ainda complementou com um depoimento lindo e intenso sobre entrega e curiosidade: “Minha ideia de amor tem a ver com uma conversa que se estende para uma vida inteira. Tem a ver com uma curiosidade pelo outro combinada com uma vontade de compartilhar sobre si. Sem cair em um lugar de julgamento, de validação, de ser uma corrida para corresponder às expectativas idealizadas.”

Essa última parte, de não ser uma corrida ou uma busca por validação, diz muito. O amor definitivamente não está em se provar para alguém, não está em uma luta de egos, não está em se podar para responder uma mensagem em um minuto ou uma hora. O amor precisa ser leve, mesmo que exija esforço e dedicação.

Como a Isa também dividiu: “O amor vem daí também, da certeza. Não no sentido de que é algo garantido, acho que ele é também um exercício diário. Mas é uma certeza de que a pessoa que você ama não vai te fazer mal algum, que ela vai permanecer ali, que em meio a qualquer coisa ruim que aconteça, vai ter um respiro de coisa boa e acho que toda essa certeza te dá uma calma para você se jogar, para você amar profundamente, sem medo nenhum.”

E o ponto é, a gente sabe quando é uma certeza. Quando o amor chega, a gente sabe. Eu amo uma música do Nando Reis em que ele diz:

“Pra você guardei o amor que aprendi vendo os meus pais

O amor que tive e recebi

E hoje posso dar livre e feliz”

Ela me toca pessoalmente porque minha referência máxima de amor verdadeiro sempre foram os meus pais, e eu sempre soube que estaria pronta para passar esse amor para frente na hora certa. Muito conectado a isso, a Isinha me escreveu na resposta dela sobre o amor que vive hoje: “A primeira vez que escrevi sobre ele no meu diário, escrevi que parece que eu sabia que ele vinha, que eu estava guardando amor para dar para ele assim que ele chegasse, porque assim que ele chegou eu já senti, já sabia. A gente sempre fala que parece que alguém veio e deu um presente para a gente, do nada, um amor gigante, e tudo que a gente precisa fazer agora é cuidar desse presente. Igual uma planta, regar, colocar no sol e não deixar ela morrer nunca.”

Que demais que foi receber esses depoimentos. De amores reais, amores vivos, amores que preenchem. Nessa linha, a Helena me contou: “O amor que eu vivo já há alguns anos é parecido com o carnaval – tem calor, tem risada e alegria, tem tesão e diversão. Tudo aquilo que as pessoas esperam o ano inteiro para viver, eu vivo todos os dias e acordo com a vontade de aproveitar como se fosse a primeira vez.”

Ela ainda terminou a resposta dela dizendo o que para mim resume bem tudo que tentei abordar aqui nesse texto: “Às vezes parece que nem caiu a ficha que o amor pode ser tão bom, ainda bem que ele é”.

Com tudo isso, minha conclusão é a mesma de sempre: o amor é mágico, o amor emociona, o amor não dá para ser mais ou menos. Amar é muito bom. Sentir tudo vai ser sempre melhor do que não sentir nada. Meu muito obrigada a todos os amores que tive nesta vida. Dos amores românticos aos não românticos, tive a sorte de vivenciar e presenciar amores mágicos.

Às minhas amigas que participaram: Amanda, Gi, Helena, Isinha, Iza, Ju, Li, Luba, Luri e Sil, obrigada vezes mil! Vocês me ensinam o que é amor há anos. Cada uma com seu jeitinho único, foram elementos essenciais para que eu construísse meu conceito de amor. Vocês me mostram, acima de tudo, que amor é ficar. É regar, nem que seja um pouquinho por ano, mesmo sem esperar nada em troca, para que o nosso amor esteja sempre ali.

E a você, leitor, espero ter conseguido trazer um pouco de acalento e ainda mais crença no amor. Desejo que encontre, todos os dias, amor por toda parte.

 

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