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Em pouco mais de 20 dias, a iniciativa intitulada Instituto Ilumina já atingiu a meta inicial estipulada e promete ir ainda mais além.

Desde o dia 16 de maio, a rotina de um trio de mulheres que vive em São Paulo ganhou mais uma responsabilidade, esta carregada de um engajamento intenso por parte de cada uma delas — e também de muito propósito. Na manhã desse mesmo dia, a arquiteta paulistana Bárbara Jalles plantou, de forma despretensiosa, a semente do que é hoje o Instituto Ilumina, construindo com outras duas amigas uma rede de solidariedade via WhatsApp, que envolve a venda e leilão de itens de luxo em prol de instituições determinadas a ajudar as milhares de pessoas atingidas pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

Tudo começou em um “grupo de desapegos”, também no WhatsApp, no qual Bárbara tomou uma atitude aparentemente simples, mas que desencadeou uma onda de boas ações: ao postar uma de suas peças para desapego, pediu à compradora que depositasse o valor do item em uma conta que não a sua, doando o montante diretamente para uma instituição de caridade no Rio Grande do Sul. Ao ver a iniciativa da amiga, a jornalista gaúcha Tanise Dutra, nome também à frente do blog Nave Mãe — que mais tarde se desdobraria em um livro homônimo com suas aventuras na maternidade —, viu seu lado instintivo de cuidar vir à tona e decidiu fazer parte da iniciativa, comprometendo-se a fazer o mesmo com itens do seu guarda-roupa. Dessa conversa surgiu uma ideia de projeto ainda maior, onde também criariam um grupo de desapegos na plataforma de conversas, mas no qual cada uma delas convidaria outras amigas para fazerem tanto doações como compras de itens, com renda 100% dedicada à causa do Rio Grande do Sul.

Em meio a esses convites, a dupla finalmente virou trio e ganhou sua terceira benfeitora, a podcaster Patricia Spinelli, que inclusive já estava pensando em uma ideia parecida, porém de forma presencial — algo que ainda está nos planos do grupo, porém sem data definida.

De lá para cá, a onda vem crescendo de forma praticamente exponencial, inclusive com a participação de marcas de vestuário, alimentação, educação, beleza e bem-estar, como o da designer de bolos Marina Junqueira, a joalheira Sílvia Furmanovich e o criador da rede Eletroprotein e Academia Futurística, Rafa Protein, que também se mostraram solidários à causa e doam seus produtos e serviços abaixo do preço de mercado para fazer parte desta corrente do bem.

No último levantamento feito pelo trio, algo em torno de mil itens — entre peças de segunda mão, serviços e objetos para leilão — já foram compartilhados pelos mais de 1000 participantes do grupo, se revertendo em doações para instituições como o Instituto Cultural Floresta, que angaria fundos para a aquisição e distribuição de cestas básicas, kits de higiene e apoio direto na reconstrução das áreas mais afetadas do estado; o De Volta para Casa RS, focado na doação de móveis para que as pessoas afetadas possam voltar de forma digna às suas casas; a AFUSC (Fundação dos Funcionários da Santa Casa de Porto Alegre), que dá suporte aos seus funcionários para que possam colaborar nesse momento crucial na área da saúde do município; e também o Instituto Colo de Mãe, projeto criado por duas mães de autistas destinado a dar abrigo às crianças PCDs e suas famílias, e que tem um significado especial para Patricia Spinelli, uma militante em prol da causa autista. Além dessas frentes, o grupo já tem uma lista de diversas outras instituições que precisam de ajuda e tem como próximo foco o segmento da educação, para viabilizar a reabertura das escolas na região.

A mecânica do grupo foi pensada para que todos possam colaborar de forma descomplicada, onde os participantes postam a foto do produto a ser vendido já com o valor sugerido, e a pessoa interessada transfere o valor direto para as instituições pré-determinadas por Bárbara, Tanise e Patricia, enviando o comprovante tanto para a vendedora como para uma das administradoras do grupo, encarregadas não só de contabilizar as doações, mas também de movimentar o grupo para extrair o máximo de cada doação em favor de quem precisa, principalmente nos leilões promovidos com peças de valores mais altos, e que obedecem à mesma dinâmica trazida para as compras das peças de segunda mão.

Por enquanto, a entrada dos participantes no bazar digital funciona somente por convites, que são aprovados pelas administradoras do grupo de forma a preservar a segurança dos participantes diante de possíveis pessoas mal-intencionadas. A iniciativa já está buscando formas de expandir essa corrente do bem de uma forma mais ampla, justamente para poderem auxiliar ainda mais pessoas.

A ideia vem dando tão certo que o grupo, concebido para ajudar as vítimas das enchentes do Rio Grande do Sul, pensa em expandir ainda mais as frentes de trabalho, desdobrando essa corrente do bem em um grupo de filantropia que ajude várias causas, também a serem definidas, tanto no Rio Grande do Sul como em outras localidades do Brasil.

“Tão importante quanto ajudar o Rio Grande do Sul foi a gente perceber como existem pessoas boas neste mundo. Não vamos parar”, finaliza Tanise

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