Fernando Droghetti escolheu viver em uma única estação: o verão. Ele se divide entre os dias quentes de Trancoso, na Bahia, de outubro a maio, e a outra metade do ano em Comporta, Portugal. “Há anos eu queria passar mais tempo na
Comporta, pegando esse verão da Europa, que é uma delícia, e acabei montando um restaurante também com o pretexto de trabalhar e, claro, poder ficar mais”, conta ele, que comanda o Jacaré da Comporta por lá e, por aqui, os restaurantes Jacaré do Brasil e Floresta.
O principal traço que define Jacaré, como ele é conhecido, é o charme que imprime em tudo o que faz, em todos seus negócios, na vida pessoal, em suas casas. A morada no vilarejo português não deixa dúvida de seu gosto sofisticado, mas, ao mesmo tempo, descompromissado. “Era uma casinha antiga de pescador, que estava abandonada, e transformei, fiz dois quartos, uma suíte, e fui decorando com coisas da região. Ainda tenho esse olhar de garimpo, desde o tempo em que tinha loja. Visito todos os antiquários, as velharias, como chamam por aqui, e vou comprando aquilo que mais se identifica com a região em que estou, que é a alentejana.” É uma casa portuguesa, com certeza.
“Gosto de chegar num lugar que tem a cara do lugar, a identidade de onde está. Não gosto quando fazem uma decoração mexicana na Grécia e vice-versa, ou você está na Bahia e tem uma decoração de Hampton”.
Fernando Droghetti, popularmente conhecido como Jacaré
Além da óbvia beleza de suas praias, é a energia da Bahia que encanta esse morador de Trancoso. Já em Comporta, o clima de roça, de fazer parte de uma pequena vila, é o que mais o atrai. Jacaré conta que o vilarejo português era uma fazenda agrícola que pertencia a uma única família até 2014 e compara o destino com uma mistura de Trancoso e Punta del Este, no Uruguai. Feliz é esse caçador de verão que há anos trocou São Paulo e o mercado financeiro para viver em dois endereços muito charmosos à beira-mar.
E continua fazendo jus ao apelido que ganhou na infância: “Quando era criança, já tinha a boca grande e estava sempre sorrindo”.
Texto originalmente publicado na “Revista J.P” de outubro/novembro de 2021.
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