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Reprodução/Unsplash

No mundo hiperconectado em que vivemos, as informações vêm de todos os lugares – WhatsApp, apps, televisão, e-mail, o diabo. Uma estimativa, feita pela Universidade da Califórnia-San Diego de 2019, apontava que as pessoas são bombardeadas diariamente com o equivalente a 35 GB de informações, uma quantidade suficiente para sobrecarregar um computador em uma semana. No entanto, segundo dados de outra universidade, a de Berna, na Suíça, as pessoas conseguem ler, no máximo, em torno de 350 páginas por dia – o equivalente a 590 KB.

“Vivemos uma fase desafiadora, com acesso a dados o tempo todo. Em um mesmo dia, você assiste a um vídeo, ouve um podcast e lê reportagens, material que poderia servir de inspiração para o desenvolvimento de um projeto, por exemplo, mas não é possível memorizar as partes de que precisa por conta do volume”, diz Valéria Oliveira, consultora da escola de negócios HSM, e especialista em temas comportamentais.

Valéria Oliveira, consultora da HSM / Divulgação

Ou seja, o que acontece é que você se esforça para lembrar a ideia por trás de um artigo que leu recentemente e perde tempo procurando onde salvou o vídeo que seria importante para uma apresentação. Como, então, absorver tanto conhecimento e conseguir usá-lo para produzir melhor, ter insights e não ficar à deriva?

‘‘Num mundo em que somos desafiados a inovar, saber que temos a informação registrada traz segurança e diminui a ansiedade”

Valéria Oliveira, consultora da HSM
O especialista em produtividade Tiago Forte / Divulgação

Tiago Forte, brasileiro radicado nos Estados Unidos especializado em produtividade, autor de “Building a Second Brain: A Proven Method to Organize Your Digital Life and Unlock Your Creative Potential” (Construindo um Segundo Cérebro: Um Método Comprovado para Organizar Sua Vida Digital e Desbloquear Seu Potencial Criativo, em tradução livre), crê ter uma solução. Ele sugere usar o aplicativo de notas do seu celular e, a partir daí, aperfeiçoar o sistema com o uso de outros recursos.

É isso mesmo que você leu: Tiago fala em “segundo cérebro”. A ideia é simples, de acordo com ele. Basta pensar em um caderno, daqueles simples, que você usava na escola, para anotar ideias, ansiedades e reflexões sobre a vida. Pegue esse caderno e expanda seu uso para desenhar projetos e metas. “Nossa memória é limitada, e o segundo cérebro vem justamente para nos ajudar por meio dessas anotações”, explica.

A etapa seguinte é digital. “Seu celular, tablet ou computador podem guardar links, citações, PDFs, livros. Com isso, você consegue criar o melhor segundo cérebro possível”, conta. Para ele, construir esse aparato é registrar 10% de uma ideia que parece aproveitável para usar no futuro. “Fazendo isso por mais de dez anos, guardando uma ou duas notas por dia, você vai ter criado mais de 600 pedaços de conhecimento útil”, afirma.

Ele sugere alguns apps, como Evernote, Craft Google Keep e Simplenote. E, para auxiliar nesse processo, desenvolveu o que chamou de metodologia Code, processo criativo de fazer anotações e usá-las para produzir novos trabalhos ou para subsidiar a tomada de decisões. Veja mais detalhes abaixo:

Mente organizada

As quatro etapas do método desenvolvido pelo especialista Tiago Forte

Capturar

A primeira etapa é simples: escrever tudo aquilo que achar interessante. Quando a informação está apenas em sua cabeça ou lá fora, vagando pelo mundo, o conteúdo ainda não é seu. Você tem de capturá-la e inseri-la em seu “laboratório” particular. Ou seja, não somente memorize aquilo que o interessou, registre.

Organizar

Agora é necessário estruturar um sistema para guardar as informações. Tiago Forte recomenda organizar suas notas em torno de projetos e metas. “Muitas pessoas gostam de criar categorias, como negócios, ideias, marketing, mas isso pode até servir para uma biblioteca, mas não para sua vida pessoal”, diz. Segundo ele, o ideal é criar uma pasta para cada projeto ou meta, e inserir as informações ali.

Destilar (ou refinar)

Hora de usar a tesoura. Ao captar informações de um livro, talvez só cinco ou dez frases sejam realmente importantes. Tiago sugere uma pergunta para ajudar nesse processo: “Quais ações e conclusões você quer tirar desse conteúdo para colocar na sua vida?”.

Expressar

O objetivo de fazer anotações não é apenas registrar informações de um certo modo é, na verdade, ter uma ferramenta de expressão – a expressão de sua voz, de sua história, de sua mensagem, de sua experiência. “O segundo cérebro existe para você se expressar melhor. Significa ter mais matéria-prima e fontes”, explica o especialista. Para Tiago Forte, essa etapa se assemelha a juntar peças de Lego para ter algo maior, novas ideias para se comunicar bem. “Tudo isso serve para mehorar nossa comunicação e nos tornar mais eficazes e criativos.”

*Com reportagem de Caroline Marino

A reportagem completa está na nova edição da revista PODER, já nas bancas.

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