A trágica e repentina morte de João Paulo Diniz, aos 58 anos, chamou a atenção pelo fato de o empresário ser um atleta de alto rendimento. Muito ligado aos esportes, o filho de Abilio Diniz foi achado sem vida pós participar de uma prova de “Aquaman”, em que remou e nadou durante 3h48 por uma distância de 13 quilômetros, o que suscitou outra questão: qual é o limite entre a prática de esportes de alto rendimento saudável e aquela que pode trazer malefícios?
GLMRM conversou com a cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar para entender mais sobre morte súbita cardíaca. Este tipo de incidente, que responde por 50% das mortes cardiovasculares, sendo muitas vezes as primeiras expressões inesperadas de um distúrbio cardíaco, geralmente ocorre durante os anos produtivos da vítima.
À entrevista:
-
Doenças cardíacas geralmente são atribuídas a pessoas hipertensas, com rotina estressante, alimentação muito gordurosa, sedentarismo. Como explicar ataques fulminantes em indivíduos com histórico de atleta, praticantes de atividades de alto impacto?
-
As doenças cardiovasculares têm fatores de risco conhecidos. Os mais comuns são pressão alta, diabetes, doenças que aumentam o colesterol, as chamadas dislipidemia, o fumo, o tabagismo, o sedentarismo, a hereditariedade e a obesidade. É claro que o sedentarismo é um fator de risco, então o atleta, a pessoa que mantem atividade física regular, tem menor chance de ter um mal súbito ou um problema do coração. Mas isso significa ter um risco menor, porém, fazer atividade física não basta. Muitas vezes o atleta tem fator de risco hereditário, já tem algum componente genético que aumente a chance de um infarto agudo, de um mal súbito, e isso pode acontecer. Por outro lado, às vezes o paciente já tem uma obstrução na coronária importante e, com um impacto maior, atividade física intensa, pode deflagrar ou desencadear um infarto agudo.
-
No caso de atletas, existe algum sinal que o corpo manifesta em caso de estar ultrapassando o limite do esforço físico?
-
No caso de atletas, o cansaço, a limitação ao esforço, a dor no peito, a palpitação durante uma atividade física têm que ser reconhecidos como sintomas de alerta e fazer com que isso leve essa pessoa a procurar assistência médica de urgência.
-
Quais são os primeiros sinais de um ataque cardíaco? Como devemos estar atentos a esse risco?
-
Nós devemos lembrar que quase a metade das doenças cardiovasculares podem se manifestar pela primeira vez em um individuo simplesmente em exames de rotina ou em um próprio ataque cardíaco. As pessoas que têm sintomas poderão ter falta de ar, cansaço, arritmia ou palpitação, dor no peito, suor, mal estar, náusea, uma dor no peito como um aperto que irradia para o braço esquerdo. Esses são sinais e sintomas clássicos. Mas é lógico que boa parte das pessoas podem não ter sintoma nenhum. Esses sintomas servem de alerta para procurar assistência médica de urgência. E o fato de essa doença ser assintomática faz com que o check up seja necessário e deve ser realizado periodicamente, porque a detecção da doença cardiovascular se dá apenas nos exames. E é isso que precisamos alertar a população.
- Neste artigo:
- Joao Paulo Diniz,
- Ludhmila Hajjar,