O que seria do mundo da arte sem Fernando Botero? Um dos nomes mais emblemáticos da arte moderna, o pintor e escultor colombiano faleceu nesta sexta-feira (15) aos 91 anos. Segundo o jornal “El País”, que divulgou a notícia, ele estava tratando pneumonia em Mônaco, onde morava.
Nascido em 1932 em Medellín, na Colômbia, era um artista autodidata. Aos 15 anos vendia desenhos sobre temas tauromáquicos na praça de touros La Macarena. Ficou mundialmente conhecido e tornou-se um dos artistas latino-americanos mais influentes do século 20, devido às volumosas figuras humanas representadas em suas obras, sendo frequentemente chamado carinhosamente de “o pintor dos gordinhos”.
Um detalhe que fez toda a diferença em sua trajetória e que nos faz pensar o quanto Botero estava à frente de seu tempo ao quebrar padrões de estética do século 20.
O estilo de trabalho do pintor, também conhecido como boterismo, foi fortemente influenciado por Piero della Francesca, a partir dos estudos sobre as obras do italiano quando Botero tinha apenas 25 anos. “Não pintei uma única pessoa gorda em minha vida. Expressei o volume, busquei dar protagonismo ao volume, torná-lo mais plástico, mais monumental, quase como uma comida, por assim dizer, arte comestível. A arte deve ser sensual, digo isso nesse sentido”, já disse o artista.
Botero foi o artista que mais vendeu em vida. Em 2022, sua escultura “Hombre a Caballo” alcançou a impressionante marca de US$ 4,3 milhões em um leilão da Christie’s. Deixou ao mundo mais de 3.000 pinturas e 300 esculturas, demonstrando sua incrível capacidade criativa.
Um momento trágico marcou sua vida nos anos 1970: durante um acidente de trânsito perdeu o filho de 4 anos e parte de sua mão direita.
Em 2011, o colombiano teve uma exposição individual em São Paulo, intitulada “Dores da Colômbia”. Entre as obras trazidas ao Brasil, algumas que críticavam a violência em seu país, como o narcotráfico.
Em razão da sua morte, o prefeito de Medellín, Daniel Quintero, decretou sete dias de luto, afirmando: “Lamentamos profundamente a morte do mestre Botero, um grande mestre da arte e da cultura, mas também um grande homem por seu amor por Medellín, por seu amor pela Colômbia, por seu amor pela América Latina.”
Conheça outras obras que marcaram a trajetória do artista:
Monalisa, personagem da história universal retratada por Leonardo Da Vinci, teve sua versão assinada por Botero em 1978.
Uma das mais aclamadas obras é A Família Presidencial, de 1967. Segundo o Museu de Arte Moderna de Nova York, ela é uma crítica à sociedade civil e à autoridade estatal.
Botero também denunciou a violência por meio de suas obras. Em 1999 pintou A Morte de Pablo Escobar, em referência à crítica situação que seu país viveu nas mãos do narcotraficante.
- Neste artigo:
- colombia,
- Daniel Quintero,
- El Pais,
- Fernando Botero,
- Hombre a Caballo,
- La Macarena,
- medellín,