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Foto: Freepik

Eu esperei tanto por 2023

Sempre foi o meu número da sorte. E, consequentemente, 13, 23, 33 e todos os outros também. Quando 2023 chegou, eu sabia que ele ia me surpreender, só não imaginava que seria tanto como foi.

Já houve épocas da minha vida em que eu achei que era feliz, ponto. Enquanto, em outras, eu achei que era triste, ponto. Mas a verdade é que a vida não é nem só feliz, nem só triste. A vida é esse monte de sentimento misturado.

Descobri nos últimos anos, da maneira mais abrupta possível, que nunca estaremos protegidos o suficiente da imprevisibilidade da vida. Por mais que a imprevisibilidade tenha tirado o meu chão em algumas situações, em outras ela me mostrou que às vezes o que a gente planeja é muito menos do que aquilo que de fato nos aguarda. E isso me faz pensar que, atualmente, um ano após terminar a faculdade e adentrar na “verdadeira” vida adulta, tenho me perguntado muitas vezes onde quero chegar. Chegar é vago, né? O que seria chegar em algum lugar? Tenho entendido que o chegar pra cada um é diferente. Para alguns é algo muito específico. Às vezes um cargo, às vezes uma empresa, às vezes uma cidade. Para outros, o chegar é um eterno tentar, procurar, descobrir e viver.

O engraçado pra mim é que desde pequena eu tinha alguma certeza de onde eu queria chegar, mas nos últimos anos essa certeza esteve cada vez mais distante. E se perceber sem certeza alguma é um pouco desesperador. Ainda mais quando a gente olha ao redor e parece ter tanta gente repleta de certezas. Depois de uma conversa sobre essas dúvidas existenciais e profissionais com uma amiga, ela me encaminhou um post no Instagram que fazia uma reflexão muito legal. A autora, Ana Luísa Soares, escreveu: “Nada do que eu sonhei em 2021 virou realidade em 2022. Isso pode até soar frustrante, mas eu acho que foi sorte. No final das contas, a vida me presenteou com oportunidades muito mais ‘a minha cara’ do que aquelas que eu havia planejado.” Ela ainda completou dizendo “sonhe alto, mas não se limite pelos seus sonhos”. Essa reflexão me lembrou de um vídeo antigo da Jout Jout em que ela diz que a gente encara a imprevisibilidade da vida como algo negativo, quando na verdade “o próximo melhor momento da sua vida está lá, no imprevisível.” E, de fato, acho que a gente tenta planejar tudo, traçar todos os objetivos pensando que chegaremos onde desejamos exatamente da forma como imaginamos. E ficamos tão preocupados, que esquecemos de curtir o processo e nos encantar pelas possibilidades múltiplas que podem nos encontrar no meio do caminho.

2023 me trouxe uma imprevisibilidade boa. Mas, como tudo na vida, ele não foi só bom. Teve erros, perdas, choros incessantes, medos, inseguranças e muito mais. Mas mesmo com tudo isso, ele foi um máximo.

Obrigada demais, 2023. Você me deu a oportunidade de me conhecer de novo. Você me deu a chance de encontrar a Julia muito mais madura e completa do que sou agora.

Fui pela primeira vez à Sapucaí, fui no SXSW, no Web Summit, fui curadora de um grupo na NRF, fui oradora da minha turma na faculdade, conheci lugares novos com a minha família e conheci de pertinho o cantor preferido do meu pai. Por último, e talvez mais importante: passei a morar sozinha em outro país e fiz amigos do mundo todo.

E isso tudo, acreditem se quiserem, com muitos dias em que eu tive que olhar para o céu e acreditar que tinha alguém cuidando de mim. Porque foram incontáveis vezes em que eu fiquei estagnada, devastada, perdida e muito triste. Muitos dias em que eu não sabia nem por onde começar.

Mas é aquela história: o que vai acontecer já está acontecendo. Mal sabia eu que quando estava dando tudo errado, já era o caminho para dar tudo certo. O caminho é mesmo muito mais importante do que a gente imagina.

Eu adoro acompanhar nas redes sociais gente que é apaixonada pela vida, e a empreendedora Maria Helena Pessoa é uma delas. Um dia, rolando o feed, me deparei com uma pensata dela que não poderia dizer mais sobre o que eu acredito: “Muitas são as formas de se relacionar com a vida. Encarar a jornada como o destino final é a forma como escolhi viver a minha.”

Lembro de ter prontamente salvado o post. A frase ressoou pra mim não só pelo significado que ela tem em si, mas também porque me remete a uma mensagem que meu pai escreveu para mim uma vez, que dizia quase a mesma coisa: “Aproveite a jornada, ela é tão ou até mais legal que a chegada.”

Acho que o segredo está mesmo em entender o que queremos fazer na jornada, e que nem sempre sairá exatamente como planejamos. A jornada é onde investiremos a maior parte do nosso tempo. A chegada é só uma consequência.

Então, se você está aí, no caminho, e, principalmente, se está completamente perdido, calma! O caminho sempre leva a algum lugar. E que bom que é se perder para depois poder se encontrar. Que bom que é ter muita dúvida para depois ter muita certeza.

 

Desejo que você se perca MUITO em 2024! E que se encontre mais ainda. Boa virada.

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