GLORIA COELHO: DELICADEZA E MISTÉRIOS
Mais uma vez Gloria mostra toda a sua expertise em propor novas silhuetas e trabalhar movimentos diferentes com materiais. Jeísa Chminazzo abre o desfile com um vestido estruturado, de tela transparente, cortado por faixas verticais.
A imagem é futurista, mas também feminina. Segue uma série de vestidos de cetim de seda, tafetá e Jersey de seda que vão se transformando em formas e materiais até chegar no mais volumoso de todos. É estranho, orgânico e parece mais leve que o ar. Gloria não insiste muito no preto, preferindo um inverno mais leve com off White, ouro, cinza e um delicadíssimo rosa pálido. O segredo está mesmo na delicadeza. Por mais mistérios que suas formas possam criar, por mais estranheza que algumas peças possam causar, a proposta é executada com perfeição e delicadeza. Trabalho de mestre.
Vale à pena: escolha entre os vários vestidos apresentados, mas o meu preferido é o rosa da foto abaixo!
LUXO FAKE NA AMAPÔ
Um megamix de referências, idéias e loucuras permearam o animadíssimo desfile da Amapô. As estilistas Pitty Taliane e Carô Gold levantaram o astral do público com uma coleção divertida e colorida, que brinca com o cubismo, o falso luxo, como elas dizem, “luxurious versions of homeless lonely people”. Bom, ali ninguém parecia lonely, estavam todos adorando vestir os volumes exagerados da marca.O ponto que separa o sucesso do fracasso é o fato de as meninas não se levarem a sério e se jogarem em um exercício criativo e livre.
Megamangas, calças estilo clown, paletós com amarrações no lugar de botões, ombros enormes, pérolas de mentira, óculos de strass… Tudo isso fez parte da salada maluca da Amapô. O melhor são os vestidos justíssimos e as jaquetas, arrematados por zípers que, quando abertos, mudam totalmente o caimento da roupa. O resultado final é uma brincadeira criativa que ainda tem como saldo boas peças únicas, como calças e trench-coats. O público aplaudiu de pé.
Vale à pena: para as poderosas, o vestido jeans de zíper desfilado por Fernanda Lima
A LEVEZA DA HUIS CLOS
Após algumas estações sem muito brilho, Clo Orozco reconquistou seu lugar como uma das melhores estilistas do país. Ela equilibrou a dose certa de inteligência, elegância,sensualidade, feminilidade e conforto, com uma série de peças desejáveis para vestir no inverno. O clima é intimista e acolhedor, resultado de algumas memórias que permeiam a alma da mulher moderna: a camisola antiga guardada no fundo da gaveta, os casacos de nossas avós, a delicadeza das peças de outrora.
Rendas, zípers e franjas são importantes e pontuam grande parte da coleção, sem chamar mais atenção do que a própria roupa. São complementos discretos que enfeitam mangas, cintura e busto.
Colos à mostra, em decotes mais fundos ou transparências, rejuvenescem a mulher Huis Clos que, tenho certeza, não passarão o inverno sem um daqueles vestidos simples e de delicadeza invejável. É aí que mora o segredo da marca: as roupas têm aparente simplicidade, parecem descomplicadas, fáceis de usar e combinar. Por trás da imagem há uma pesquisa elaborada de formas, texturas e estruturas e um trabalho de modelagem impecável, que vira e mexe, atrai estilistas como Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch para a primeira fila do desfile.
Vale à pena: os vestidos lânguidos de crepe de seda com mangas volumosas
2ND FLOOR APOSTA NO PRETO
Inspirado em Sherlock Holmes, o desfile da 2nd Floor deixou a desejar. Foi muito parecido com o de sua marca mãe, a Ellus, ao mostrar apenas roupas pretas, iluminadas por uma ou outra cor, entre elas, um tom de azul muito parecido com o visto na Ellus. O feminino traz vestidinhos curtos com e sem aplicação de brilhos, mas com trabalho de texturas na parte de trás, sempre derivados do trench-coat. Os melhores modelos são os que têm alças mais grossas. Os meninos ganham bons trench-coats, daqueles bem clássicos, e jeans com tonalidade azul escura. A coleção é graciosa e bastante comercial, com peças para serem usadas já.
Vale à pena: as calças jeans, tanto para homens quanto mulheres
Por Camila Yahn