O dia hoje foi de JULIANA JABOUR, que mostrou amadurecimento e deu um pulo da coleção passada para esta. Daniel Ueda deveria entrar na passarela para os agradecimentos por conta de seu excelente styling. Quem não ficou com vontade de usar aquelas meias de vinil, por mais difíceis de vestir que elas sejam.
A coleção tem um perfume vintage, com inspiração nas mudanças históricas pós-queda do muro de Berlim. As militares de Juliana são fatais, supersexy sem a obviedade chata do que muitas vezes é traduzido por sexy. Muito legal o trabalho com alfaiataria e com o tricô, a cartela de cores (cinza, verde, azul e preto) e o exercício de volumes. No final, a coleção é bem sucedida porque é uma das roupas que causam desejo e que, de fato, poderíamos tirar da passarela e usar na rua. Roupas que vestem vários tipos de corpo, que compreendem uma gama maior de mulheres. E – ai, ai – o que são aquelas botas?!
Já a MARIA BONITA EXTRA não surpreendeu muito. As cantoras Mayana Moura e Marina Franco, lindas e carismáticas, chamaram mais atenção do que a própria coleção. Até Luana Piovani não tirava os olhos das meninas. As roupas trazem a abundância de estampas, que já é característica da marca, mas que aparecem, em sua maioria, mais sóbrias e sem muito apelo para seu jovem público. Por outro lado, os comprimentos curtinhos com shapes rodados também não satisfazem as mulheres acima dos 30. É uma coleção feminina, com transparências, tomara-que-caia, laços e babados. São bons os paletós de lã e os casaquetes com ombros estruturados.
Na ACQUAESTÚDIO, a referência trabalhada foi a obra do francês René Lalique. Os vestidos de festa, longos e curtos, tinham altos e baixos, pois aqui temos um exemplo incomum. Na contra-mão das tendências do inverno, a estilista exerceu um trabalho de criação próprio, trabalhando com formas inusitadas e um trabalho forte de estruturação das peças, com looks tridimensionais e shapes arredondados. O lado ruim: muito difícil de usar ou até mesmo de causar desejo. O lado bom: temos aqui uma estilista dedicada e esforçada a achar seu próprio caminho, com vontade de descobrir novos formatos de vestir a mulher.
A TNG encerrou o dia com um desfile bastante comercial, como é de se esperar, inspirada nas populações nativas do Canadá e do Alasca. Essas referências se desdobram em uma boa coleção para os meninos, com roupas superconfortáveis e gostosas para usar nos dias frios, e um trabalho de alfaiataria que pontua toda a linha masculina. Muito legais as peças oversized, especialmente os camisetões. No feminino, a marca não traz tantas novidades com seus vestidos curtinhos, com volume, algo que vemos sempre nos desfiles da marca. Agora, as lojas deveriam mudar a programação visual para se assemelhar minimamente ao espírito cool de sua coleção masculina.
por Camila Yahn