Mantendo uma certa distância do imaginário gótico-rock que tem pontuado as coleções no Fashion Rio, o terceiro dia de evento reverenciou a feminilidade, equilibrando momentos de pura delicadeza com outros mais urbanos.
Começamos no Copacabana Palace com o desfile de Patricia Viera, o melhor até agora. Ao som de “Revolution”, dos Beatles, Patricia mostrou uma coleção bela, correta e muito elegante e, mais uma vez, mostra que a expertise evolui a cada estação. Só mesmo vendo a roupa de perto é que a gente descobre que os segredos e a tecnologia que Patricia usa para criar texturas absurdas a partir do trabalho com couro. Uma peça de tule, por exemplo, recebe uma aplicação de couro por cima com um filme colante e ganha cara nova. Trançados, trecês e escamas metalizadas aplicadas em casacos, calças e vestidos causam um resultado sofisticado e diferente à peças.
No mais, Patrícia seguiu o perfume das tendências: ombros marcados e o uso do mohair, que também tem aparecido bastante.
A Cavendish mostrou uma coleção sem grandes momentos, mas muito suave. Estampas florais diversas, como as cerejeiras do Japão, pontuaram o desfile, que apostou em peças soltas, fluidas e cheias de elementos caros ao mais puro universo feminino: drapeados, babados, plissados, amarrações, laços, bordados… Love is in the air.
O romance também apareceu na Graça Ottoni, em uma coleção um pouco cansativa, devido ao uso repetitivo das mesmas fórmulas em cores diferentes. Graça contrapôs roupas leves e delicadas com casacos estruturados. Os melhores momentos ficam com a série de nudes, leve e bastante… feminina. Pelo jeito, a estilista está apostando em uma menina bem jovem, que pode usar seus microvestidos esvoaçantes.
E o dia termina com a Coven, que apostou em um outro tipo de feminilidade, mais urbana. Ela faz um paralelo entre o universo do circo, que só aparece em três looks no final, e a guerra, que é mostrada por meio de peças camufladas em verde e azul e canutilhos de metal. Usar camuflado é muito pouco para representar uma guerra, assim como também poucas peças inspiradas no vestuário de trapezista também deixa a desejar. Boas as jaquetas largas camufladas e o trabalho com lurex, tecido-rei da temporada, que dominou a coleção.
O mundo às mulheres pertence!
FASHION RIO DIA 3