Um bate-papo com o fundador da marca de acessórios de luxo e seu filho, atual diretor criativo
Hector Albertazzi iniciou sua trajetória profissional em 1983, desenvolvendo peças preciosas nos ateliês de joalheria pelo Brasil. Após criar coleções de acessórios de luxo para uma das maiores potências de moda do país, a Daslu, em 2009 se viu diante do momento ideal para fundar sua marca homônima, reconhecida como uma das principais etiquetas de acessórios de luxo do país. Com seu design impactante e autoral, logo conquistou uma vasta gama de clientes e, hoje, após quase 15 anos, firma sua história em companhia de Marcelo Albertazzi, seu filho, que está à frente da direção criativa da marca e do seu rebranding, realizado em 2023. Conectados pela paixão pelos acessórios, Hector e Marcelo discorrem sobre a relação que possuem, que ultrapassa o núcleo familiar e se fortalece nas criações.
Para celebrar o Dia dos Pais, vocês desenvolveram uma coleção especialmente para a data, a Solo Noir. Como foi o processo criativo dessas peças específicas? Fizeram tudo em conjunto?
Marcelo: A coleção Solo Noir veio para celebrar a união entre pais e filhos e o legado transmitido de uma geração à outra. O processo foi colaborativo entre meu pai e eu. A partir desse real legado, assinei o desenho e a direção criativa da coleção, contando com conselhos preciosos do meu pai nas etapas de desenvolvimento e produção. O resultado une um olhar fresco e contemporâneo com a conhecida tradição das técnicas da marca, trazidas por meu pai.
Hector: Essa coleção foi inteiramente criada pelo Marcelo, que já está desenhando suas próprias coleções para a marca, tanto para a linha de sua autoria, a Alb, como algumas para a Hector Albertazzi. Gosto desse olhar de novidade que ele traz para a marca. Ele me apresentou a ideia, nós discutimos e eu trouxe conselhos com os quais minha experiência podia colaborar. No final, também colaborei com o orgulho que tive ao ver essa coleção pronta!
Embora o Sr. Hector ainda esteja presente na marca, desde 2020 Marcelo coordena a direção criativa. Como vocês equilibram ambas as visões?
Marcelo: O equilíbrio nasceu naturalmente, das afinidades entre nós. A grande experiência técnica e o olhar apurado do meu pai servem como mentoria para o frescor que venho trazendo para a marca. É um trabalho em conjunto, com o objetivo comum de criar acessórios de luxo atemporais, com design impactante, acabamento perfeito e um olhar voltado para o presente, para conversar com pessoas que têm algo de especial para mostrar.
O que instigou Marcelo a adentrar na marca e seguir os passos do pai? Teve algum conselho do Sr. Hector?
Marcelo: Após me formar em arquitetura, trabalhei na área por algum tempo antes de passar a fazer parte da empresa. Foi acompanhando meu pai nos desfiles e eventos de moda dos quais a marca participava que percebi que a Hector Albertazzi tinha potencial para ir ainda mais além. Passei a me interessar pelo negócio e entendi que poderia contribuir para a marca, iniciando uma transição dos projetos de arquitetura para o universo dos acessórios. Após passar por todos os departamentos da empresa por alguns anos, do financeiro à produção, parei onde meu coração bateu mais forte e abracei a direção criativa da marca. O único conselho que meu pai sempre me deu com relação a caminhos de trabalho e carreira foi o de seguir o que me fizesse feliz.
Em 2023, Marcelo coordenou o rebranding da etiqueta, trazendo um olhar mais jovem e moderno por meio da nova loja na Oscar Freire e da nova identidade visual. Após um ano, quais foram as principais mudanças que o rebranding trouxe? Houve aumento do público jovem?
Marcelo: Com a implementação da nova estratégia de branding, que apostou no reforço da essência forte e ousada da Hector a partir de um olhar mais fresco e atual, aliada a uma estratégia de marketing mais potente e orientada a dados e ao digital, a marca já passou a colher frutos referentes a awareness, relevância e consideração — tanto de consumidores quanto do mercado. Houve uma identificação maior do público com a marca e um olhar mais importante e desejável para ela, refletido no crescimento da base de novas clientes, na fidelização da base existente e, consequentemente, em vendas e faturamento, com KPIs mais altos do que sempre tivemos.
A Hector Albertazzi já está presente em diversas regiões do país com suas lojas próprias e multimarcas. Possuem planos de internacionalização?
Marcelo: Embora já tenhamos clientes no exterior, há um projeto de internacionalização mais robusto em andamento, iniciando com a volta da participação da marca, agora em setembro, na Bijhorca, em Paris, uma das maiores feiras de acessórios do mundo, com o objetivo de retomar as conversas com parceiros, lojistas e redes internacionais.
Nesses quase 15 anos de história, vocês já desfilaram com estilistas e vestiram diversas personalidades. Houve algum momento em que vocês perceberam a “virada de chave”?
Hector: Apesar de realmente vestirmos celebridades desde o início da marca, que tem um produto de apelo muito forte para este universo que cria imagens, e de termos criado várias coleções para marcas e estilistas importantes, como o grande parceiro Alexandre Herchcovitch, entendemos que nossa virada de chave se deu ao mudarmos a estratégia focada em sell-in para investir também em sell-out, passando a ter uma conversa direta com o consumidor final e, para isso, necessitando dar mais exposição à marca. Um dos pontos que meu filho, Marcelo, passou a abraçar e me ajudar a mudar.
O que podemos esperar dos próximos 15 anos de Hector Albertazzi?
Hector e Marcelo: Os planos da empresa para os próximos anos são de investir cada vez mais em qualidade, design, inovação e experiência, com o objetivo de atender cada vez mais aos desejos e necessidades da nossa cliente, que é o centro dos nossos esforços. Queremos ser uma marca cada vez melhor para as pessoas, ampliando nosso share no Brasil e ajudando pessoas brilhantes a mostrarem a que vieram também no exterior.
Fotos: Thiago Theotônio
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