Em livro, Edward Enninful narra da infância como refugiado político até posição de todo-poderoso da moda

Lançado nessa terça-feira (06) no hemisfério norte – e best-seller desde quando entrou na pré-venda, semanas atrás – o livro de memórias “A Visible Man” (“Um Homem Notável”, em tradução livre), de Edward Enninful, em sua primeira investida literária, já pode ser considerado o “must read” dos fashionistas.

E isso não apenas por causa da alta posição que seu autor ocupa no mundo da moda, como editor-chefe da “Vogue” britânica e diretor editorial europeu da “Vogue” americana. Muito bem escrita por Enninful, a obra conseguiu transferir para o papel seu humor ácido e sarcasmo certeiro pelos quais é tão conhecido. A narrativa aborda desde a fuga dele com sua família de Gana no começo dos anos 1980, em razão do conflito político que resultou na guerra civil que tomou forma na década seguinte, chegando ao período em que descobriu sua paixão pela moda e logo teve seu talento percebido pelos bambambãs da indústria fashion. “A Visible Man” parece ter tido até mesmo suas vírgulas artesanalmente produzidas para passar uma mensagem.

“Esse é um livro que escrevi para que os mais jovens entendam a importância de se trabalhar duro”, Enninful disse em entrevista ao “Women’s Wear Daily”. E também é algo que o fashionista usou para conclamar por mais diversidade em seu meio. “Tá faltando gente batalhando pela diversificação nos bastidores, porque é aí que as coisas acontecem”, falou o jornalista que largou a faculdade na prestigiada universidade Goldsmiths College de Londres, aos 18 anos, para se dedicar integralmente ao emprego de diretor de moda da revista “i-D”.

Com 50 anos, e vez por outra soltando alguma frase cujas entrelinhas indicam um possível flerte com a aposentadoria, Enninful é considerado o “herdeiro natural” de Anna Wintour para assumir o comando da “Vogue” quando a editrix se aposentar. O agora também escritor terminou seu bate-papo com a “WWD” fazendo uma promessa que, certamente, será cumprida: a próxima edição da “Vogue” britânica, de acordo com seu comandante, será de cair o queixo e, quem sabe, terá em sua capa uma certa rainha que completou 70 anos de reinado nesse ano. Luxo!