Você pode até não conhecer a marca de roupas SSJHENI, mas com certeza já viu suas peças nos corpos de Pabllo Vittar, Luísa Sonza, Jade Picon, Manu Gavassi, Deborah Secco e outras celebridades. Os modelos têm chamado a atenção por suas principais características: exibem detalhes como se estivessem rasgados – ou como é chamado no mundo da moda: destroyed.
Criada pela brasileira Jheniffer Santos Ferreira, de 28 anos, a SSJHENI virou grife queridinha das famosas após um vídeo viralizar no Instagram. Depois disso, mais e mais nomes conhecidos foram virando fã e os pedidos não pararam mais. O modelito usado por Pabllo Vittar na capa do álbum “Batidão Tropical”, por exemplo, é da SSJHENI.
“Coloquei um vídeo no reels e viralizou. Um veículo entrou em contato para ter umas produções minhas em um editorial de moda nacional e pediram outras peças,” conta Jheniffer ao GLMRM. “Depois disso, os produtores de algumas celebridades entraram em contato pelo direct do Instagram mesmo. Acho que a primeira pessoa que vestiu um vestido meu foi a Luísa Sonza”, completa.
Utilizando materiais recicláveis em algumas peças, Jheniffer conta que suas ideias surgem principalmente das ruas, pois acredita que a rua cura tudo. Inclusive, andar por alguns lugares, mesmo que sem rumo, acaba dando asas à sua imaginação.
“A rua, em geral, é a minha maior inspiração. Tanto para encontrar peças de descarte ou brechós porque a gente vai descobrindo lugares novos que podem ter materiais, e nessas andanças surgem novas ideias”.
E, tem mais. A fundadora da SSJHENI revela que seus principais fornecedores são os catadores e revendedores de deadstock (estoque morto) de marcas que estão fechando, e até aqueles que têm barraquinhas no Brás e na Santa Cecília, bairros do centro de São Paulo.
“Existe um grupo desses trabalhadores informais que pegam o lixo e revendem nas ruas, e eles são meus maiores fornecedores: os trabalhadores de rua”.
O sucesso de Jheniffer é tanto que em 18 de setembro fará uma apresentação solo pela primeira vez na London Fashion Week, em Londres. A estilista diz que ainda não acredita que isso está acontecendo em sua vida, mas que o convite é uma forma de enxergar a aceitação do seu trabalho.
“É importante para mim, porque passei por esse momento de aceitação das pessoas. Uns falavam ‘isso é trapo’, enquanto outros entendiam minha arte. Ter esse reconhecimento no meio da moda é difícil. Pensar que meu primeiro desfile solo vai ser fora do país também é louco, mas ao mesmo tempo tem sido tudo incrível”, celebra.
Relação com a costura
Apesar de viver de costura desde 2020, Jheniffer nem sempre teve uma boa relação com o trabalho manual. Na verdade, a jovem conta que tinha “muitas questões” com a costura devido a alguns momentos da sua infância.
Sua mãe era a provedora da casa e precisava costurar muito para conseguir manter as contas em dia: “Associei esse trabalho a uma coisa penosa e hoje eu experimento isso de forma criativa. Como se tivesse me curando”.
Ao finalizar, conta que ao mesmo tempo em que está se realizando profissionalmente, consegue fazer com que seja um processo de cura: “Uso essa função de uma forma diferente, criativa e tem sido muito bom experimentar isso”.
- Neste artigo:
- Deborah Secco,
- jade picon,
- London Fashion Week,
- Moda,
- Pabllo Vittar,
- vestidos,