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Galeria degli Uffizi // Reprodução

Milhares de selfies na frente da Vênus de Botticelli e do David de Michelangelo. Hordas de turistas subindo até o topo do Duomo. Nos tempos felizes pré-pandemia, Florença lutava contra o turismo excessivo. E a Galeria degli Uffizi – um dos museus mais importantes do mundo – estava no centro de tudo isso.

Em sua fase mais movimentada, 12 mil visitantes admiravam todos os dias as obras de artistas renascentistas de seu poderoso acervo, como Botticelli, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Caravaggio, Ticiano.  Não por acaso, o spot ganhou lugar de destaque nas listsas de ‘lugares que você deveria ir uma vez na vida’.

Mas o coronavírus chegou e fez disso tudo coisa do passado. Pensando em uma forma de permitir que as pessoas tenham acesso a seu maravilhoso acervo sem grandes aglomerações, o diretor do museu criou o projeto Uffizi Diffusi. A ideia é que as obras de arte armazenadas na Galeria sejam exibidas em toda a Toscana, transformando a região mais famosa da Itália em um grande museu “disperso”.

Cidades e vilas ao redor já estão escolhendo prédios e construções que poderiam se tornar espaços de exposição. O diretor da Uffizi, Eike Schmidt, disse que a ideia lhe ocorreu durante o lockdown do ano passado. Ele passou a maior parte do tempo em que o museu esteve fechado trabalhando em locais potenciais e possíveis combinações de obras de arte. O objetivo é “criar um turismo diferente”, disse, mais de acordo com os novos tempos.  “A arte não pode sobreviver apenas com grandes galerias”, disse ele. “Precisamos de múltiplos espaços de exposição em toda a região – especialmente nos lugares onde a própria arte nasceu.”

Os detalhes do Uffizi Diffusi ainda são mantidos em segredo, mas Schmidt está planejando “pelo menos 60, talvez até 100 espaços de exposição” em toda a Toscana, e deu a entender que incluirão uma villa que pertenceu à família Medici, que fundou o museu em 1581, em Montelupo Fiorentino, meia hora a oeste de Florença; a cidade portuária de Livorno; a cidade termal da belle époque, Montecatini Terme; e Careggi, onde fica outra villa Medici.

Desde que o projeto foi anunciado, outras cidades se animaram a fazer parte dele e estão oferecendo propriedades, incluindo a cidade costeira art nouveau de Viareggio, Seravezza (onde há outra villa Medici) e Lucca, que está oferecendo seu Palazzo Ducale, sede do poder desde o século XIV. E não são apenas os espaços de exposição que ganham nova vida. O projeto também é “uma oportunidade para que algumas obras sejam restauradas”, disse Schmidt. “O Uffizi Diffusi quer enviar a arte de volta ao lugar de onde veio, conectando as pessoas diretamente à sua herança”. A primeira fase do projeto deve começar neste verão. Aguarde!

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