Em dose dupla na TV em meio à quarentena, no horário nobre com a reprise de ‘Fina Estampa’ e na plataforma de streaming Globoplay com ‘Todas as Mulheres do Mundo’, Lilia Cabral completa 63 anos nesta segunda-feira e seu enorme talento têm sido ótimos companheiros nesse isolamento. Pereirão, primeira protagonista de Lilia na Globo, há 9 anos, era uma mulher à frente de seu tempo, em uma época em que o feminismo, empoderamento e outros movimentos ainda não apareciam tanto nas tramas televisivas. Em entrevista recente ao Canal Brasil, a atriz contou como tem sido ser espectadora de sua própria obra.
“Quando soube que ‘Fina Estampa’ ia voltar ao ar no lugar de ‘Amor de Mãe’ não vou dizer que não fiquei preocupada. Saía uma novela com índices de audiência altos, com as pessoas já falando dos personagens com muita intimidade… Como faz pra interromper e começar uma novela com uma história completamente diferente. Uma novela popular, leve, melodramática, no lugar de uma novela realista… É uma novela do Aguinaldo Silva, um autor de sucesso. ‘Fina Estampa’ fez muito sucesso na época. E acabou acontecendo que ela é um sucesso novamente. As pessoas estão em casa assistindo e gostando. E estou podendo assistir também, relaxada, me emocionando… como espectadora. As vezes me critico, mas é uma delícia. Fazer a Pereirão foi um grande desafio. Tinha feito uma mulher glamourosa na novela anterior e me caiu uma personagem com aquele macacão, com aquela estrutura tão distante. Era desafiador. Mas olhei como um upgrade. Não só por ser minha primeira protagonista mas também pelo que aquela mulher representava. Nos últimos tempos o movimento de empoderamento das mulheres cresceu muito. Tentei dar meu melhor, meu sangue nessa personagem, pras pessoas não desacreditarem nem um minuto que aquela mulher existia, daquela forma.”
Quarentena
“Tem dias que são incríveis, com muito a ser feito, como ler, fazer lives… Em outros, acordo e dá uma melancolia, uma tristeza. Pela situação geral. Ver o jornal é enlouquecedor. Não dá para ficar tranquila. Todos os dias tento meditar, me apego em frases filosóficas positivas, pra dar um aconchego no coração. Tenho tentado me exercitar, com ódio, mas faço. Como é chato! O que é isso, gente, não sou dessa geração! (risos) Já fui de Jane Fonda e tudo mais que você pode imaginar. Estou sempre procurando algo na internet. Aqui em casa também dá pra tomar sol, o que é bom. Tenho também arrumado a casa, lavado roupa. Faço com o maior prazer, gosto de cuidar da minha casa. É uma higiene mental. Agora… cozinhar eu não sei. Tem que pedir comida fora, que não é a mesma coisa da caseira. Meus amigos todos cozinham e mandam ‘olha o que eu fiz’ no Whats App… e tenho vontade de matar (risos). A primeira coisa que quero fazer quando acabar a quarentena é dar um jantar aqui em casa pros amigos, família, estou com saudades… queria todos eles perto de mim. Também quero um cachorro – o meu morreu durante o isolamento.”
Cultura
“Assisti as séries ‘Nada Ortodoxa’ e ‘Casa de las Flores’, ótimas, filmes do Oscar que não tinha visto ainda, vi ‘Odisseia dos Tontos’, com o Darín, que adorei. Fiquei impactada com ‘Milagre da Cela 7’. Chorei muito. Os personagens são de uma humanidade. Indico. A arte tem sido a principal saída nesses dias, e é uma ironia do destino, porque a cultura está sendo deixada de lado nesse governo. Mas a verdade é que a arte permanece e os governos passam. Claro que teremos muitas dificuldades pela frente, mas ninguém vai deixar de criar, de fazer… ninguém parou! E temos que acreditar que o povo está a nosso favor. Ele gosta do nosso trabalho, de ver gente cantar, de assistir um bom filme. E nós estamos aqui pra isso. Não é difícil entender como a cultura e a educação são importantes para o ser humano. Tudo vai passar e a cultura não vai morrer, não.”
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