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Não é apenas na televisão que Leo Jaime esbanja simpatia. Em nossa entrevista, o ator e cantor provou que é mesmo animado e positivo, principalmente quando falava de música e, mais recentemente, de dança. Leo não é apenas um artista renomado e querido pelo público: ele é inspiração para quem procura se aceitar, e sabe bem dessa responsabilidade.

Ao postar seus vídeos nas aulas de balé clássico, ele quer justamente encorajar quem desiste – ou nem começa – por se achar fora dos padrões sociais de beleza. “A gordofobia existe e as pessoas são realmente preconceituosas com essa ideia de que precisam te humilhar achando que é para o seu bem”, alerta ele.

Aos 60 anos, Leo não desistiu da dança, que engrenou depois de ser o campeão do quadro ‘Dança dos Famosos’, no Domingão do Faustão. Nem mesmo em tempos de quarentena. Ou por causa de manifestações de preconceito e machismo em suas redes sociais. No Instagram, após postar um de seus vídeos no balé, o artista foi vítima de ataques, um deles do narrador esportivo Silvio Luiz, que comentou que Leo teria ‘saído do armário’. Em relação aos pré-julgamentos que enfrenta, o cantor é enfático: “Quem critica, paciência: não sabe da minha vida e não tenho nem que dar atenção para essas pessoas”. Sobre esses e outros assuntos, vamos ao papo com o Glamurama.

G: A música faz parte da sua vida há muito tempo, e agora a dança também. Você já dançava em seus shows?
LJ: Sempre dancei nos meus shows quando era mais novo. Sempre tinha coreografia, não pensávamos em cantar sem dançar, mas não era planejado, e sim espontâneo. Simplesmente dançávamos. Quando fui ficando mais velho e comecei a engordar por problemas de saúde, fui muito ‘gongado’, muitas portas se fecharam profissionalmente por conta disso. Quando simplesmente não me atendiam ou pediam que eu emagrecesse e voltasse depois, comecei a construir minha carreira na televisão, mesmo sendo o único personagem gordo em determinado momento na TV. O que existia era uma certa padronização nos elencos que não incluíam muitos estilos de pessoas, o que vai bem além de mim. Acredito que o mundo todo está de olho nisso, e será superado. A gordofobia existe e as pessoas são realmente preconceituosas com essa ideia de que precisam te humilhar achando que é para o seu bem.

G: Nas redes, você tem compartilhado vídeos de aulas de balé. A motivação para essas aulas começou na ‘Dança dos Famosos’?
LJ: Eu já estava fazendo hip-hop, mas logo que acabou a Dança dos Famosos decidi entrar para o balé clássico. Perdi a vergonha de ir em uma escola de balé e me matriculei. Gosto muito, é um exercício que amo e que já tinha feito quando adolescente. Além de tudo, o balé é uma expressão artística, e para mim é perfeito, completo. Sinto que estou fazendo um trabalho de condicionamento físico intenso e também lavando a alma por ser artístico. Mas é claro que é difícil também. O corpo, na minha idade, não responde tão rápido como quando eu era jovem, mas não tenho objetivo nenhum a não ser me divertir, aproveitar e conviver com a dança. Sinto que os vídeos têm servido para incentivar outras pessoas a se libertarem de suas vergonhas e pré-julgamentos de ‘estou muito velho’ ou ‘estou muito gordo’. Todo mundo tem que fazer o que estiver afim de fazer. Mas a motivação, com certeza, foi ter enfrentado o julgamento popular na ‘Dança dos Famosos’ e ter muito apoio para me livrar dos meus próprios desconfortos. E quem critica, paciência… não sabe da minha vida e não tenho nem que dar atenção para essas pessoas.

Glamurama: Como você lidou e está lidando com pandemia e quarentena?
Leo Jaime
: Lidei com todo o cuidado e zelo com a minha família, até porque estou dentro daquilo que chamam de ‘grupo de risco’, pessoas que tem uma facilidade maior em ter complicações após contrair o vírus. Nos primeiros três meses fiquei trancado dentro de casa, não saía nem no portão do prédio. Um dia, para ter uma noção de como estava o mundo, saí de carro e dei uma volta na Lagoa. Depois de um tempo, senti a necessidade de fazer algumas coisas, como ir ao dentista. e com isso eu comecei a estabelecer a possibilidade de sair para fazer uma compra, farmácia e tudo mais. Foi quando eu vi que podia circular um pouco, sempre com álcool em gel na mão, máscara e evitando contato direto com as pessoas.

G: E as aulas de balé nesse período?
LJ
: Comecei depois a voltar às aulas presenciais, até fui em uma aula de hip-hop também e, claro, às aulas de música. Eu e meu filho vamos juntos nas aulas do School of Rock, mas tudo com muito cuidado, higienizando tudo o que a gente toca antes e depois. As aulas de balé são com distanciamento, poucos alunos e a sala é bem grande. Outra questão que ajudou muito é que somos bastante caseiros. Temos a nossa própria programação cultural intensa: ouvir música, ver vídeos, séries, livros e depois debatemos.

G: No meio de todo esse caos, qual foi a parte boa para você?
LJ
: Tirando tudo o que é assustador, deprimente, além da questão de não trabalhar, acabei me adaptando bem a essa rotina de pandemia e convivendo bem. A primeira coisa que eu fiz quando tudo começou, foi um exame. Depois aproveitei esse tempo para fazer música. Gravei 40 músicas que chamei de ‘Uma por Dia’. Essa era uma forma de distrair as pessoas já que todos, assim como eu, também estavam em casa.

G: A pandemia afetou seus projetos? Fale deles pra gente.
LJ
: Fiz algumas participações em lives, gravei músicas de fim de ano para rádio, esse tipo de participação que a gente grava no celular mesmo. Também participei do Faustão e alguns programas, como o ‘É de Casa’, em uma entrevista muito boa com a Cissa Guimarães e muita coisa online. Também gravei algumas coisas que estou lançando agora no disco ‘Sessão da Tarde’, um álbum muito bem sucedido e com canções que as pessoas cantam até hoje e que nunca foram regravadas. É tudo acústico, para um projeto que eu chamo de ‘Desplugado’, que faço ao lado do Guilherme Schwab tocando apenas instrumentos acústicos. Então gravamos três canções e ensaiamos um show, apenas nós dois, e já fizemos até uma apresentação ao vivo, ao ar livre, com todos os cuidados: plateia de máscara e com distanciamento.

G: Nesse período, muitas pessoas recorreram às redes sociais para se distrair e também falar de assuntos importantes. Como foi sua relação com a internet nesse período?
LJ
: A internet permite que a gente se comunique muito. Falei com os meus amigos por Zoom, tenho aula online de culinária, tentei ter aula de dança online, mas não gostei, preferi esperar voltar presencial. Dei um curso sobre as relações entre as letras das músicas e o seu tempo, a forma de retratar os sentimentos. Também fiz lives, inclusive com brasileiros que moram fora do Brasil. Foi tudo muito diferente, mas acho que o trabalho online veio para ficar. Isso, de certa forma, veio para revermos alguns paradigmas.

G: Do que mais sente saudade?
LJ
: Sinto saudade de abraçar os amigos, os familiares e de não ter medo o tempo inteiro desse vírus que está pelo mundo todo matando pessoas. Não é uma brincadeira, não é uma gripezinha e nem um assunto sem importância. Pelo contrário, é a coisa mais importante.

G: E o que faz para manter a sanidade nesse ano tão complicado?
LJ
: Consegui ficar bem mentalmente nessa fase. Aproveitei para regular meu sono e dormir melhor. No começo da pandemia, não estava conseguindo direito, mas depois voltei com a minha rotina de exercícios físicos e isso melhorou. A saúde está muito boa, não tenho tido nem dor de cabeça. Também passei o tempo todo trabalhando, pensando em coisas novas para o futuro, e isso acabou mantendo a minha positividade.

G: Qual a primeira coisa que você quer fazer quando sair a vacina do coronavírus?
LJ
: Quero abraçar meus amigos, marcar um encontro com a família e poder manifestar meu afeto. Isso foi algo que sempre manifestei, mas agora só é possível fazer virtualmente.

G: Quais são seus novos projetos?
LJ
: Os projetos novos são os shows ‘Desplugado’, as músicas que estão sendo lançadas em versões acústicas do ‘Sessão da Tarde’ e, futuramente, voltar a fazer shows presenciais. Fiz uma série para o GNT, além de uns filmes que estão em vista, e acredito que esses trabalhos engarrafados por conta da pandemia voltam no ano que vem depois da vacina. Tem muita coisa que ficou parada.

G: O que você deseja para 2021
LJ
: Desejo que a gente consiga dar a volta por cima de tudo o que a gente teve que andar para trás esse ano. Que todo mundo consiga traduzir em bons sentimentos, em bons pensamentos, em novas formas de se relacionar e de se programar para a vida a partir dessa experiência dura. Sobretudo eu espero mais empatia, mais solidariedade, mais compreensão, solidariedade. Espero que as pessoas entendam que elas precisam umas das outras e que temos muito em comum para conquistar juntos, e isso tudo é muito maior do que quaisquer conflitos. Temos que nos unir.

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Play para ver Leo Jaime em suas aulas de balé clássico:

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