A chegada da quarentena adiou os projetos de João Côrtes, desde a dramaturgia até a música. Assim como todos nós, o ator precisou procurar alternativas mais produtivas para o isolamento social, ainda mais no meio artístico, que também passa por dificuldades: “Estou conseguindo desenvolver os projetos que eu não tive tempo para produzir antes”. Para o Glamurama, ele contou um pouquinho de seus planos autorais na música e nas telas, que incluem um videoclipe e até o roteiro de filme com direito a papel para Taís Araujo, sua parceira do programa “Pop Star”. É mole? Além disso, João explicou como estão sendo os dias no isolamento social: “O mais desafiador é lidar comigo…” Confira a entrevista sobre rotina, produções e política com João Côrtes. Tá bacana… (por Luzara Pinho)
Glamurama: Do que sente mais falta da rotina antes do coronavírus?
João Côrtes: Estou sentindo falta de sair para encontrar os amigos, ir ao cinema, teatro, coisas que fazia com bastante frequência. Sinto falta de poder passear pela cidade. O mais desafiador de ficar em casa é lidar comigo, sentir as inseguranças, os próprios medos, questões, ansiedades. Estou em uma linha tênue tentando ser produtivo, criando coisas e, ao mesmo tempo, me permitindo não ‘fazer nada’.
Glamurama: A classe artística tem sido atacada por hackers, fake news e desatenção do governo. Acredita que depois da pandemia isso vai mudar de alguma forma?
João Côrtes: Espero muito que mude. Claro que a classe artística está atravessando uma fase difícil, mas eu não perco a esperança. Acredito que depois da pandemia seremos capaz de nos reunir e nos fortificar. Temos uma cultura tão rica: dança, cinema, teatro, pessoas muito talentosas e muita arte para oferecer. Converso muito com a minha família, estamos atravessando uma turbulência, mas ela vai passar e chegar a calmaria. As coisas vão voltar a ficar bem e vamos nos reerguer. Tem muita gente escrevendo roteiro, criando ideias, colocando no papel, vai ter muita coisa boa vindo aí!
Glamurama: Regina Duarte acabou de sair da Secretária da Cultura. Você acha que a presença dela ajudou ou prejudicou a classe artística?
João Côrtes: Eu diria que infelizmente não me senti representado. Em algumas ocasiões não me manifestei diretamente sobre isso porque tenho muito a aprender e entender sobre atribuições de ministérios/secretarias, por exemplo, e o que cada um pode ou não fazer. Aliás, eu tenho tentado, cada vez mais, me informar sobre esses assuntos, já que conhecimento é poder e não entender como funcionam as coisas pode deixar o nosso futuro em outras mãos, ou que outros façam escolhas por nós.
Confesso que por outro lado, na entrevista pontual da “CNN”, não tive como não me entristecer ao ver uma artista, assim como eu, amenizar o que foi a ditadura, um período tão triste da nossa história. Ou mesmo o número de mortes que tem só crescido no nosso país por causa da Covid-19. A cultura é pilar de qualquer nação desenvolvida, incentivar a arte é abrir um leque de oportunidades para o nosso país, é ter identidade, é essencial. Por esses motivos e muitos outros, não me sinto representado nem por este governo e nem pela então secretária da cultura.
Glamurama: Quais projetos precisaram ser interrompidos nessa quarentena?
João Côrtes: Tinha uma série na HBO, provavelmente iria gravar no segundo semestre. Além disso, iria filmar outra em abril chamada “Anjo de Hamburgo”, uma parceria da Globo com a Sony. E ia lançar meu primeiro longa como diretor e roteirista, além do meu disco.
Glamurama: Nestes tempos, qual tem sido o seu foco profissional: música ou atuação? A quarentena teve alguma influência nisso?
João Côrtes: A música tem sido uma parte maior na minha vida. Cada vez mais esse lado tem tomado espaço. O lado ator sempre será minha carreira principal, sou apaixonado. Nesse momento está mais parado, mas aí tem o lado roteirista e diretor que tem sido beneficiado com a quarentena. Estou conseguindo desenvolver meus projetos, os que eu não tive tempo para produzir. Vou sair da quarentena com um pouco mais de produtividade.
Glamurama: Como tem sido a experiência de produzir um clipe neste momento de isolamento? O que tem de diferente nesta produção? Fale sobre a música também.
João Côrtes: Estamos aqui na minha casa de praia justamente pensando em uma maneira de filmar o clipe, fazer o roteiro, pensar nos recursos que a gente pode usar sem sair de casa. É uma balada mais melódica. É justamente uma música sobre se encontrar, a busca constante pelo amor, uma canção pessoal, escolhi ela pra filmar porque fala com o momento que estamos vivendo.
Glamurama: Você criou uma parceria boa com a Taís Araujo por conta do ‘Pop Star’ e vai até escrever um filme para ela…conta isso pra gente!
João Côrtes: Estou escrevendo junto com meu pai e pensei em colocar a Taís justamente por trabalhar com ela e ser fã da sua arte. Eu sinto que é algo muito diferente dos papéis que ela já fez. O longa é um suspense, um filme tenso. Ele vai tocar no tema de filhos, uma mulher que é empresária e que vive uma grande questão na vida e como conseguir equilibrar isso com a profissão.
Glamurama: A gente acompanha suas redes sociais e vê que você tem uma rotina com exercícios físicos. Qual a dica para as pessoas manterem a atividade física em casa?
João Côrtes: Faz alguns anos que tenho tentado manter a rotina de exercícios, umas três ou quatro vezes por semana, e na quarentena estou conseguindo seguir. É realmente mais difícil agora, até para quem não tem tanto espaço em casa, é natural que fique desmotivado. A gente só tem noção do que o exercício faz quando pratica. Uma vez que você começa, se sente revigorado. Tem aplicativos bacanas, com treinos prontos.
- Neste artigo:
- João Côrtes,
- quarentena,