Crescemos escutando que devíamos ser médicos, advogados ou engenheiros. Vez por outra nos perguntavam ‘o que queríamos ser quando crescer”. Eu mesma sempre tive duas respostas: ‘vou ser atriz ou publicitária-chefe’. Atriz porque fiz teatro a vida inteira e acreditava que era a única coisa que me faria feliz. Publicitária-chefe se deve ao fato de que meus pais são publicitários, mas não me pergunte o que exatamente eu considerava ser uma publicitária-chefe. Não sei o que a Julia de 8 anos imaginava.
A questão é que escutei muitas vezes, não só a respeito de ser atriz, mas também de ser publicitária, que seria quase impossível ter uma carreira de sucesso nessas profissões. Sim, escutei incontáveis vezes que “na área da comunicação você dificilmente alcança o sucesso, tem muita concorrência”.
Vamos lá, afinal o que é sucesso? O que diferencia uma profissão da outra?
Todos esses parâmetros estão enraizados na nossa cultura, que considera profissões tradicionais, como advocacia, engenharia e medicina, mais seguras que as outras. E isso não condiz, necessariamente, com a realidade. Na verdade, o grande problema é que somos cobrados a escolher “o que queremos ser” muito cedo. Aí já vem outra questão: é a faculdade que define o que seremos? Será que teremos apenas uma carreira ao longo da vida?
Levantados todos esses pontos, quero falar de duas coisas que aprendi no Vale do Silício e nunca mais esqueci.
A primeira delas é que atualmente, a meia-vida de uma competência é de cinco anos. Ou seja, por mais que eu me forme em Publicidade e Propaganda, pode ser que parte do que eu aprendi na faculdade torne-se sem sentido no período de cinco anos. Isso faz com que seja necessário entender de uma vez por todas que seremos eternos aprendizes. Sim, eternos. Mas não ache que você precisa continuar fazendo infinitas graduações. Aprendizado e estudo a gente encontra em todo lugar, especialmente nos dias de hoje. Seja em livros, em sites confiáveis, no Instagram e por aí vai. Só precisamos encontrar o que realmente nos interessa e nos dispor a aprender sobre isso cada vez mais.
O segundo aprendizado é que, como consequência dessa meia-vida das competências, 65% das crianças que estão atualmente no primário irão trabalhar em profissões que nem existem ainda. Ou seja… por que ainda acreditamos que existe profissão “certa” para apostar se algumas delas podem nem existir dentro de alguns anos? Precisamos entender que o mundo e a tecnologia estão em constante mudança. Eu vi isso de perto no Vale do Silício. A mudança é muito maior do que imaginamos, e fazemos parte dela.
Grande parte das funções que são repetitivas ou que cumprem algum tipo de ‘checklist’ certamente deixarão de existir. É apenas questão de tempo para as máquinas dominarem essas habilidades. Mas calma, o contato humano ainda será extremamente necessário. Lembre-se de que quem está por trás da máquina é sempre uma pessoa. Características como carinho, amor, sensibilidade e muitas outras são exercidas apenas pelos humanos. Inclusive a criatividade! Isso ninguém nos tira. Por isso, a importância de ser criativo e inovador, porque são aspectos que continuarão sendo necessários independente dos avanços tecnológicos.
Meio louco pensar em como as coisas estão mudando né? Mas é importante irmos preparando o nosso ‘mindset’ para tudo que nos aguarda nas próximas décadas. Me despeço com uma frase do Alvin Toffler, que ao meu ver, define tudo: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender.” (por Julia Xavier é representante da Geração Z. Estudante de Publicidade e Propaganda, passou a se interessar pelo universo das startups, da inovação e do empreendedorismo após viagem ao Vale do Silício).
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