A mais aguardada sexta-feira do ano chegou e, como de costume, acompanhada do ‘bom e velho’ consumismo desenfreado. Caso você não saiba, trata-se da Black Friday, tradição norte-americana celebrada na última sexta-feira de novembro com ‘descontos’ de até 80% em produtos como celulares, televisões, computadores, eletrodomésticos, etc. Há alguns anos, o Brasil adotou a data e as lojas fazem um marketing maciço para lucrar ainda mais em cima de uma encantadora tabela de preços baixos.
O significado da Black Friday vai muito além da porcentagem de desconto oferecido pelas lojas. É a alma do espirito consumista, da grande necessidade de se adquirir algo por simplesmente estar “barato demais”. Há quem se programe o ano inteiro apenas para essa data ou quem encontre um panfleto na rua mostrando o desconto de algo que nem sequer cogitava em comprar, mas sente se imediatamente na obrigação de não perder a oportunidade.
Sem querer ditar regra para ninguém, mas podemos relacionar isso à constante busca pela felicidade. Aquela felicidade inalcançável pautada pela busca vazia de sempre consumir mais e mais, e, se pensarmos por esse lado, de nada adianta aproveitar (de forma imprudente e sem sentido) um desconto tão alto em algo que sequer precisamos.
Para entendermos melhor isso podemos citar um grande filósofo grego chamado Epicuro de Samos. Epicuro foi o fundador da escola Jardins, em Atenas, e da corrente filosófica Epicurismo, que investiga e fala sobre diversas coisas, desde a teoria atômica até a morte. Contudo iremos nos atentar à busca pela felicidade, que para Epicuro é consequência da Ataraxia. Mas o que é ataraxia? É um termo grego que podemos entender como “tranquilidade da alma” ou “ausência de preocupações na alma”, um estado de espírito que deveríamos buscar constantemente. E essa busca se dá através da minimização dos desprazeres da vida, ao contrário do que muitos pensam, que Epicuro se pautaria pela perseguição do prazer máximo. E o que pode ser mais prazeroso na vida do que o mínimo de incômodo possível?
Essa é a ataraxia para Epicuro: minimizar o que te aborrece, o que te estressa, o que atrasa seu lado, enfim, o prazer de não ser perturbado. E o que isso tem a ver com a Black Friday? Primeiro, a ausência do sentimento impulsivo de consumir coisas desnecessárias, desse frenesi que induz ao desejo de comprar, ou seja, o desespero gerado por “MEU DEUS EU PRECISO COMPRAR POR QUE TÁ MUITO BARATO E NÃO VOU TER OUTRA OPORTUNIDADE”, que perturba nossa paz interior.
Segundo ele, com esse “breque” na impulsividade evitamos a dor de cabeça do arrependimento (o desprazer), tanto pelo boleto pra pagar ou o carnê parcelado em 12x sem juros, quanto pelo “Eu comprei, mas e agora?”. Essa falsa ilusão de que a felicidade está adquirir algo.
Logo podemos concluir que, se levarmos a ataraxia em consideração nessa Black Friday, deixaremos de lado coisas que aparentemente nos auxiliam na busca pela felicidade, mas na verdade induzem à perturbação do espírito. Dá uma atenção ao vídeo abaixo onde me aprofundo um pouco mais sobre a Ataraxia na Black Friday! (*Audino Vilão, filósofo, cursa História na universidade e é youtuber – no insta @audinovilao e no Youtube)
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